Líderes adventistas fazem balanço dos últimos anos e definem ênfases para o novo quinquênio
Periodicamente, a liderança da Igreja Adventista em cada Divisão se reúne para celebrar resultados, fazer balanços, ajustar o foco, traçar novos planos e metas e retomar o fôlego para continuar sua missão. Um encontro desse tipo está ocorrendo nesta semana em Brasília (DF), na sede sul-americana da denominação.
O chamado Concílio Quinquenal foi aberto nesta terça-feira, dia 3 de novembro, e se estende até o dia 7. Antes do início da primeira sessão administrativa, um momento de reflexão dirigido pelo pastor Gary Krause, líder mundial da área de Missão Global, relembrou a experiência vivida pela igreja apostólica, um período de grande crescimento do cristianismo, extraindo algumas lições que devem nortear a igreja hoje. “A igreja se multiplicará quando ela começar a plantar novos grupos de crentes”, disse ele.
Esse é um desafio que precisa ser encarado por todos os membros. Por isso, ao longo dos próximos cinco anos os líderes adventistas sul-americanos pretendem encontrar formas de incentivá-los a participar de maneira mais significativa da pregação do evangelho. Tendo como base os três pilares que sustentaram o programa da igreja nos últimos anos (a comunhão, o relacionamento e a missão), ênfase que também vem sendo dada pelo novo plano estratégico da sede mundial, lançado recentemente com o nome “Rich the World” (Alcançar o Mundo), a Divisão Sul-Americana pretende desenvolver ações específicas em quatro áreas estratégicas: (1) comunicação; (2) novas gerações; (3) dons espirituais; e (4) ensino de teologia.
A proposta é que, ao longo do evento, cada um desses pontos seja apresentado de maneira detalhada. No primeiro dia do Concílio Quinquenal, a pauta foi a comunicação. O plano estruturado pela Divisão Sul-Americana sugere investimentos mais significativos em ações de comunicação interna e externa, em programas de formação continuada de líderes de comunicação, bem como na análise das tendências tecnológicas.
OUÇA TAMBÉM A ENTREVISTA SOBRE O NOVO PLANO DE COMUNICAÇÃO
Entre as ações que devem ser implementadas nos próximos anos estão programas de capacitação para diretores de comunicação das igrejas locais, visando principalmente a preparar essas comunidades para receber as pessoas que têm buscado os templos adventistas por influência dos meios de comunicação. Com isso, a igreja também espera que cada congregação ajude a consolidar a marca adventista.
Investir no diálogo com adventistas e outros formadores de opinião também está na lista de prioridades, uma vez que essas pessoas podem dar maior visibilidade aos programas e projetos adventistas.
O plano estratégico chama ainda a atenção para a necessidade de a igreja fortalecer sua presença na internet. “Precisamos entender as ferramentas tecnológicas e, a partir daí, pinçar aquelas que tenham maior poder de alcance para a pregação do evangelho”, argumenta o pastor Marlon Lopes, diretor financeiro da Divisão Sul-Americana.
Para o pastor Erton Köhler, líder dos adventistas nessa região, “de todos os meios de comunicação, a internet é o que está causando a maior revolução social e também espiritual”. Por isso, observa ele, “tão corajosos e pioneiros quanto fomos no passado, usando a mídia impressa, o rádio e a televisão, devemos ser agora na era da internet”.
Um dos desafios propostos por Köhler é que os pastores encarem a missão de ser ministros do evangelho nas plataformas digitais, uma vez que “nosso compromisso é ministrar onde as pessoas estão”.
Lembrando também o papel de cada igreja em compartilhar as verdades bíblicas no mundo virtual, o líder dos 2,2 milhões de adventistas informou que, segundo um levantamento recente, foram identificadas 1,8 mil igrejas que possuem sites ou blogs, das quais 1,3 mil transmitem cultos pela internet. No entanto, segundo o presidente, esse é um trabalho que requer coordenação para obter melhores resultados.
Além das novas diretrizes para a comunicação adventista, a agenda do primeiro dia do Concílio Quinquenal também contemplou a apresentação de uma radiografia da igreja. Em seu relatório, o pastor Edward Heidinger, secretário da DSA, mostrou diversos comparativos que atestam o crescimento do adventismo nos últimos anos.
Se hoje a Divisão Sul-Americana reúne mais de 12 mil igrejas, há 100 anos o número de congregações organizadas era de apenas 88. Um dos reflexos desse aumento foi a necessidade de abertura de novas sedes administrativas. De apenas três Uniões, existentes em 1915, passamos para 16, em 2014.
Os dados também mostram que, nos últimos anos, o aumento do número de fiéis chegou a ser até dez vezes maior do que o índice de crescimento populacional. Com isso, se há oito anos existia um adventista para cada grupo de 851 habitantes da América do Sul, hoje a proporção é de um para 142.
O relatório também traz informações atualizadas sobre o perfil dos adventistas sul-americanos. Mais da metade dos fiéis (54%) tem até 35 anos de idade. No entanto, são justamente as pessoas dessa faixa etária que mais têm deixado a igreja (68% do total), o que está levando a igreja a pensar maneiras de tornar-se mais relevante para as novas gerações.
Com o aprimoramento estatístico da igreja na América do Sul, algumas surpresas vieram à tona. Segundo o relatório, embora 42% dos batismos aconteçam em templos com menos de 100 membros, por outro lado, essas pequenas congregações concentram o maior índice de apostasia.
Levando em conta que 71% dos templos adventistas no Equador, Bolívia, Peru, Chile, Paraguai, Argentina, Uruguai e Brasil possuem menos de 100 membros, é preciso, na opinião do pastor Erton Köhler, uma atenção especial para esse segmento. “Significa que temos que colocar nossos olhos nas igrejas pequenas. Precisamos, por exemplo, fazer treinamentos específicos com base na realidade deles”, frisa.
Outro dado que pede maior atenção é o que mostra que 64% dos adventistas têm até nove anos de batismo (clique aqui para saber mais sobre o perfil dos adventistas sul-americanos). “São plantas que estão nascendo. Por isso, nós precisamos olhar para esses membros como discípulos que precisam ser alimentados”, afirma Erton Köhler.
A igreja reconhece que tem grandes desafios a enfrentar e que é preciso ajustar o seu foco para os próximos anos. Porém, ela quer continuar crescendo. “Não podemos perder essa visão de crescimento, pois é a nossa razão de ser”, ressalta Köhler. Porém, como ele ponderou, é preciso avançar de maneira sustentável e responsável. [Márcio Tonetti, equipe RA]
Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.