O futuro da Universidade Andrews

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Primeira mulher nomeada para a presidência da universidade adventista norte-americana fala sobre velhos e novos desafios da educação e sua visão para a mais importante instituição de ensino superior adventista 
Andrea Luxton falar com a administração da Universidade Andrews de curadores logo depois que a elegeu como o próximo presidente da universidade no dia 29 de fevereiro (Lisa Beardsley-Hardy)
Andrea Luxton discursa na Universidade Andrews logo após ser escolhida, no último dia 29 de fevereiro, para exercer o cargo de presidente da mais importante instituição de ensino superior adventista. Créditos da imagem: Lisa Beardsley-Hardy

Ao longo de sua longa carreira na área educacional, Andrea Luxton enfrentou muitos desafios. Ela já atuou como presidente do Canadian University College (atualmente Universidade Burman), em Alberta, no Canadá, e do Newbold College, na Inglaterra. No entanto, nenhum deles parecer ser maior do que o que ela terá pela frente. No mês de junho, a gestora educacional irá assumir definitivamente a presidência da mais tradicional instituição de ensino superior adventista: a Universidade Andrews.

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Porém, como ressalta Benjamin Schoun, presidente do comitê responsável pela nomeação e do conselho de curadores da universidade, “Andrea tem uma boa compreensão das necessidades atuais da Universidade Andrews, além de ser uma pessoa que tem a confiança dos líderes da igreja”.

Segundo ele, o histórico de liderança de Andrea Luxton reforça sua capacidade de tomar decisões difíceis sem perder a diplomacia e comprometer os valores da Igreja Adventista.

Portanto, ao entrar em uma nova fase, sob liderança, pela primeira vez, de uma mulher, a mais importante universidade adventista estará em boas mãos. Andrea Luxton, que tem dupla nacionalidade (inglesa e canadense), é considerada uma líder visionária, ciente da necessidade de adequação frente aos novos paradigmas educacionais e, ao mesmo tempo, de manter um currículo fundamentado nos princípios bíblicos. Para ela, os valores da educação adventista devem ser expostos claramente, pois este é o principal diferencial da rede. Nesta entrevista, concedida à Adventist Review, ela fala sobre seus desafios na nova função, o futuro da Andrews e sugere caminhos para que a educação adventista como um todo seja mais relevante.

Qual é sua visão para a Universidade Andrews daqui para frente?

Eu pretendo apresentar minha visão para a Andrews dentro de alguns meses. Entendo que esta universidade sempre teve uma missão e alcance nacional e internacional. Diante do fenômeno da globalização, é de vital importância que (re)consideremos seu papel como universidade verdadeiramente global. É preciso levar em conta também que, mesmo com todas as novas modalidades de ensino que se abrem, ela precisa manter sua identidade e propósito com instituição adventista. Necessitamos encontrar maneiras de dizer que o que nós oferecemos é uma experiência real de transformação de vida e que isso vale qualquer sacrifício. Acredito que a Andrews tem muito a oferecer nesse sentido. Precisamos apenas transmitir de maneira clara essa mensagem às pessoas.

Pensar nos desafios da Universidade Andrews e da educação adventista como um todo lhe tira o sono?

Os desafios da educação adventista diferem em várias partes do mundo. Eu diria que manter assumidamente a postura cristã adventista (ou um ethos adventista) é o que nos afeta de diferentes maneiras. Para alguns, o desafio vem com o grande número de estudantes, funcionários e professores não adventistas. Para outros, consiste em viver num ambiente secular no qual, de alguma forma, a educação adventista é percebida como de segundo nível ou é prejudicada por causa de sua confessionalidade.

Além disso, cabe mencionar que algumas famílias adventistas com menos recursos financeiros fazem grandes sacrifícios para enviar estudantes para as escolas adventistas. Por outro lado, alguns membros que abraçaram há pouco tempo a fé adventista não compreendem plenamente a natureza vital da educação adventista, enquanto outros se perguntam se realmente a educação adventista agrega valor por acharem que talvez a igreja local já faça um bom trabalho no desenvolvimento da fé.

No que diz respeito ao contexto da Universidade Andrews, somos abençoados por ter alguns alunos incrivelmente talentosos e comprometidos, tantos dos Estados Unidos quanto de outros países. No entanto, existem muitos outros que estão indo para universidades públicas porque sentem que não podem pagar a educação adventista ou porque não acreditam que estamos entregando o que eles precisam. Isso é triste porque acho que eles estão perdendo uma tremenda oportunidade.

Como esses desafios podem ser superados?

As soluções nem sempre são fáceis nem aparentes. Mas creio que o que o sistema educacional adventista tem a fazer é: Se certificar que realmente está entregando a educação de qualidade que os alunos merecem; não ter receio de uma abordagem adventista porque é isso que nos torna distintos; estar na vanguarda das possibilidades no ensino, principalmente com aquilo que nos permita fortalecer uns aos outros por meio de colaboração e parceria; trabalhar em conjunto com a igreja, estimulando o debate sobre as bases da educação adventista e o que ela pode fazer.

Qual o principal desafio que você enfrentou em sua trajetória na educação adventista e como lidou com ele?

Tenho enfrentado muitos desafios. Mas um deles continua se repetindo sob diferentes formas e não posso dizer que encontrei uma solução definitiva para ele. Como mencionei anteriormente, creio que um dos maiores desafios para a educação adventista é que as pessoas simplesmente não acreditam que ela possa fazer a diferença. Infelizmente, os rumores de tudo o que está errado tendem a ser compartilhados mais rapidamente do que os fatos verdadeiros. E isso pode ser um enorme problema. Se os rumores recebem crédito, podem desencorajar outras pessoas de acessar o que poderia muito bem ser uma experiência educativa maravilhosa. O que fazer? Eu acho que nós temos que continuar a espalhar a boa notícia – e de maneira mais rápida que as falsas informações.

[Tradução e edição: Márcio Tonetti, equipe RA]

Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.