Evento discute estratégias para impulsionar número de assinantes da lição da Escola Sabatina e fortalecer o contato diário dos fiéis com o guia de estudos da Bíblia
Com mais de 160 anos de existência, a Escola Sabatina é uma das estruturas mais antigas da Igreja Adventista. Ao que se sabe, as primeiras iniciativas organizadas surgiram em Rochester, Nova York (EUA), em 1853, dez anos antes de a denominação ser oficializada. De lá para cá, esse importante departamento da igreja se fortaleceu, tornando-se uma escola bíblica mundial que reúne membros da igreja, bem como alunos não adventistas.
Como explica o diretor mundial do departamento, pastor Ramon Canals, a Escola Sabatina continua exercendo um papel essencial. Além de promover o companheirismo entre os membros e motivá-los à missão, é responsável pela educação religiosa de pessoas de todas as faixas etárias.
Trimestralmente, os mais de 19 milhões de fiéis espalhados pelo mundo são motivados a estudar um tema bíblico por meio da lição da Escola Sabatina. Na opinião de Canals, essa prática tem sido fundamental para manter a unidade teológica da igreja. “Sem a Escola Sabatina, a Igreja Adventista estaria fragmentada. Creio que seria um caos se cada região produzisse seu próprio guia de estudos. Mas hoje você pode ir à China, África, Índia, Rússia ou a qualquer outro lugar do mundo: todos estão estudando a mesma lição”, destaca Canals, que foi um dos palestrantes de um encontro que reuniu líderes da Escola Sabatina e administradores da igreja no Brasil nos dias 29 e 30 de junho na Casa Publicadora Brasileira (CPB).
Organizado pela Divisão Sul-Americana (DSA), em parceria com a editora adventista, o encontro deu ênfase especialmente ao Projeto Maná, programa que nasceu há quatro anos com o intuito de incentivar os membros a fazer a assinatura do guia de estudos e a ter contato com ele diariamente (clique aqui para ter acesso aos materiais de divulgação do programa). Hoje, somente no Brasil, circulam 700 mil exemplares da lição da Escola Sabatina. E a meta para o ano que vem é chegar a 800 mil assinaturas.
Porém, conforme ressalta o pastor Edison Choque, líder sul-americano do departamento, paralelamente ao desafio de aumentar o número de pessoas com acesso ao material está a dificuldade de melhorar o índice de estudo diário. “Atualmente, a média nos oito países que compõem a Divisão Sul-Americana é de 30%. Índice que ainda considero muito baixo”, observa o idealizador do Projeto Maná.
Diante desse cenário, ao longo da programação foram apresentadas diversas iniciativas que têm contribuído para melhorar esses indicadores. O trabalho feito por Verônica Cunha foi um dos que ganharam destaque.
Depois de assistir a um treinamento sobre o Projeto Maná, ela se prontificou a divulgar o programa de maneira mais estratégica em sua congregação. Buscando facilitar o processo para os membros, ela cuida de toda a parte burocrática. Anota pedidos, efetua a compra na editora e recebe todas as encomendas em sua casa. Verônica usa o próprio cartão de crédito para adquirir os materiais e oferece aos assinantes a possibilidade de parcelar o valor da compra em três vezes.
Este é o terceiro ano que a advogada oferece esse tipo de apoio. E, segundo ela, a cada ano o número de assinantes aumenta. “No primeiro foram feitas 84 assinaturas, no segundo, 179. Em 2016, graças a Deus 100% dos membros da igreja possuem o guia de estudos”, comemora.
Verônica também relata que na ocasião em que a ideia foi colocada em prática somente 10% dos cerca de 280 fiéis de sua comunidade estudavam a lição diariamente. Somado a isso, havia o problema do baixo índice de presença nas classes. Mas, de acordo com ela, essa realidade tem mudado. “Hoje a frequência dos alunos à Escola Sabatina aumentou e o índice de estudo diário chegou a 42%. O ideal é atingirmos 100% já que todos têm a lição. Mas entendemos que esse é um processo gradual”, afirma Verônica, que trabalha na defensoria pública.
SAIBA MAIS SOBRE A INICIATIVA DE VERÔNICA CUNHA
Alcançando comunidades remotas
No caso das igrejas de Eirunepé, no Estado do Amazonas, o maior desafio para que os membros tivessem acesso ao guia de estudos era a distância. No município localizado a mais de mil quilômetros de Manaus, os Correios não chegam. A solução encontrada pela sede administrativa adventista que atende esse imenso território foi investir num sistema logístico alternativo. “Hoje as lições chegam à Associação Central Amazonas e, posteriormente, são enviadas para o município por meio de transporte aéreo. O custo é alto, mas vale a pena, tendo em vista que hoje os irmãos têm acesso à lição da Escola Sabatina”, afirma o pastor José da Silva Júnior, responsável pelos departamentos de Escola Sabatina e Ministério pessoal.
Segundo ele, o resultado do fortalecimento da Escola Sabatina foi perceptível na região de Eirunepé, onde vivem aproximadamente 600 adventistas. “Se, há alguns anos, o distrito era bastante inexpressivo no contexto adventista, atualmente é um dos que mais cresce. Além de ter uma boa média de estudo diário da lição, registra um número expressivo de batismos”, o pastor acrescenta.
Mais comunhão e profundidade teológica
Na opinião do pastor Erton Köhler, que proferiu várias palestras durante o encontro, ter uma igreja mais comprometida com o estudo diário da lição da Escola Sabatina é o primeiro passo para revitalizar o “coração da igreja”. “Nossa expectativa é fortalecer a comunhão em casa, a solidez bíblica e doutrinária e, a partir daí, começar um movimento para tornar mais atraente o programa da igreja local. Mas isso será consequência das duas primeiras ênfases”, o pastor Köhler realça.
O líder sul-americano também acredita que esse seja o caminho para que os membros adquiram uma base doutrinária mais consistente. Pelo fato de os guias de estudo serem produzidos pelos principais teólogos adventistas e passar por um processo bastante criterioso, que começa na sede da denominação, nos Estados Unidos, a igreja tem à disposição um alimento espiritual sólido e confiável. “Infelizmente, nos púlpitos das igrejas ainda se percebe a dificuldade de pregar sobre temas mais profundos da Bíblia. O estudo da lição da Escola Sabatina é um fator chave para sair da superficialidade”, o pastor Erton destaca.
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Incentivo a mais
Homenageado pelo apoio ao Projeto Maná, o pastor José Carlos de Lima, diretor geral da CPB, ressaltou o compromisso da editora em fortalecer a cultura do estudo da Bíblia por meio da lição da Escola Sabatina. “Temos usado diferentes meios de comunicação para chamar a atenção das pessoas para a importância desse manual de estudos da Bíblia, além de apoiar iniciativas como o programa de televisão Lições da Bíblia”, afirma.
Ao longo de todo o encontro, a CPB também apresentou diversas novidades que devem contribuir com esse objetivo. Uma delas é uma versão do guia de estudos com letra gigante. Segundo o diretor do departamento de Vendas da editora, pastor João Vicente Pereyra, inicialmente o material será comercializado de forma avulsa nas livrarias da editora. Ele também aproveitou para lembrar que nos últimos anos a CPB investiu na lição em áudio, visando a atender deficientes visuais.
Na ocasião, também foi lançada a versão atualizada do aplicativo da lição da Escola Sabatina. De acordo com o gerente de marketing, alguns recursos foram aprimorados. “Por exemplo, na versão anterior, quando havia uma letra capitular, não era possível selecionar todo o texto. Sempre faltava uma letra. Agora isso foi corrigido. Também procuramos melhorar a integração do app com as redes sociais”, Pereyra informa.
Outra novidade anunciada durante o evento foi o projeto de digitalização de todos os exemplares da lição da Escola Sabatina desde 1908. O acervo, que em breve deve começar a ser estruturado, será uma importante fonte de pesquisa para a igreja.
Encontro histórico
Foi a segunda vez em quase 20 anos que líderes da Escola Sabatina de todo o Brasil participaram de um encontro como esse na editora. Embora o evento tenha tido um caráter mais promocional, também houve espaço para reforçar alguns dos conceitos tratados no 1º Simpósio de Escola Sabatina realizado nos dias 18 e 19 de maio.
Uma das principais ênfases foi na questão do discipulado. Conforme destacou o pastor Everon Donato, líder sul-americano do Ministério Pessoal, a igreja na América do Sul pretende integrar mais a estrutura da Escola Sabatina e de Pequenos Grupos, buscando tornar mais efetivo o processo de fazer discípulos. “Uma vez que o discipulado acontece no contexto pessoal, comunitário e congregacional, entendemos que a Escola Sabatina e os Pequenos Grupos devem caminhar juntos com esse propósito”, Everon Donato sintetiza.
“Queremos inserir a Escola Sabatina e os Pequenos Grupos na moldura do discipulado, pois esses dois canais nos ajudarão a ser mais eficientes”, o pastor Erton Köhler acrescenta.
Conforme expressa um documento votado no mês de maio pela Divisão Sul-Americana e lido durante o encontro na CPB, a igreja pretende investir especialmente nos professores das classes como agentes discipuladores. “Cremos que a pessoa mais influente na igreja seja o professor da Escola Sabatina. Por isso, as próximas ações mostrarão claramente nossa intenção de investir mais nesses líderes”, o pastor Edison Choque reforça. [Márcio Tonetti, equipe RA / Com fotos de Daniel de Oliveira]
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Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.