Pilares da missão adventista

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Ellen White e as quatro ênfases do crescimento da igreja

Theodore Levterov

Foto: Ellen G. White Estate

Se há uma palavra que pode descrever o adventismo, essa palavra é missão. Todo o movimento adventista foi impulsionado pelo compromisso de proclamar que Jesus voltaria em breve. Esse espírito missionário levou muitos dos primeiros mileritas a vender suas posses para divulgar as boas-novas do retorno iminente de Jesus. Eles acreditavam que, se Ele voltaria em apenas alguns anos, o mundo precisava ouvir essa notícia.

Após o Grande Desapontamento, em 22 de outubro de 1844, embora muitos mileritas tivessem abandonado sua fé, um pequeno grupo de adventistas sabatistas manteve o entusiasmo milerita pelo breve retorno de Jesus. Gradualmente, os guardadores do sábado entenderam que essa mensagem deveria ser compartilhada com o mundo todo. As três mensagens angélicas de Apocalipse 14, que representam o apelo final de Deus a Seus filhos na Terra, tornaram-se a força motriz por trás de todas as suas ações.

ALCANCE MUNDIAL

É surpreendente, mas logo após o Grande Desapontamento, os pioneiros que guardavam o sábado não priorizaram o trabalho missionário. Eles seguiram a doutrina da “porta fechada” dos mileritas, que afirmava que ninguém poderia ser salvo depois de 22 de outubro de 1844. Essa crença baseava-se na parábola das dez virgens (Mt 25), em que a porta foi fechada quando o noivo apareceu, deixando alguns do lado de fora. Como Guilherme Miller explicava, a porta fechada significava o fechamento do reino mediador. Essa compreensão persistiu por vários anos.

No início da década de 1850, os adventistas que guardavam o sábado mudaram sua compreensão missionária da porta fechada para a da porta aberta. Tiago White escreveu na Review and Herald de fevereiro de 1852: “Nós ensinamos a porta aberta e convidamos aqueles que têm ouvidos para ouvir a se aproximarem dela para encontrar a salvação por meio de Jesus Cristo. […] Se for dito que somos da teoria da porta aberta e do sábado do sétimo dia, não faremos objeção, pois essa é a nossa fé.”

Essa nova perspectiva foi impulsionada pela orientação profética de Ellen White, que apresentou quatro questões fundamentais para o desenvolvimento da missão adventista.

QUATRO PILARES

A primeira ênfase que conduziu os adventistas para a expansão missionária foi o início do trabalho de publicações. Em novembro de 1848, Ellen White teve uma visão em Dorchester, Massachusetts. Após a visão, pediu a seu marido que começasse a imprimir um pequeno jornal para enviar ao povo, prevendo que seria como torrentes de luz que circundariam o mundo (Vida e Ensinos [CPB, 2024], p. 95).

Em julho de 1849, Tiago White publicou o primeiro volume de Present Truth (A Verdade Presente). Mais tarde denominado The Second Advent Review and Sabbath Herald (Revista do Segundo Advento e Arauto do Sábado), esse foi o embrião da Adventist Review, a revista adventista que permanece em circulação nos Estados Unidos.

Naquela época, as publicações impressas eram a forma mais avançada de comunicação. Consequentemente, a editora Review and Herald se tornou uma ferramenta evangelística fundamental, divulgando o evangelho.

A segunda ênfase missionária focou na necessidade de uma organização oficial. Com o aumento do número de adeptos, tornou-se evidente a urgência de uma estrutura organizacional. Na década de 1860, essa organização era essencial para manter propriedades, organizar questões teológicas, apoiar os pregadores itinerantes e conduzir a missão de maneira mais eficaz. Ellen White enfatizou a necessidade de ordem na obra de Deus para levar adiante “a grande mensagem de misericórdia ao mundo” (Testemunhos Para a Igreja [CPB, 2021], v. 1, p. 173). Em 21 de maio de 1863, aconteceu a organização formal da Igreja Adventista do Sétimo Dia, colocando a missão no centro de suas atividades.

A terceira ênfase foi o desenvolvimento do ministério de saúde como uma ferramenta prática para apoiar a missão. No início da década de 1860, Ellen White recebeu duas visões que enfatizavam a saúde e o estilo de vida. A visão de 1863 revelou a necessidade de uma reforma de saúde, enquanto a de 1865 aconselhou a integração entre saúde e missão. “Foi-me mostrado que a reforma de saúde faz parte da mensagem do terceiro anjo e está tão intimamente ligada a ela como o braço e a mão estão ligados ao corpo. Vi que, como um povo, devemos realizar um movimento de vanguarda nesta grande obra” (Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 426).

Ela também defendeu a construção de instituições de saúde para curar integralmente as pessoas: física, emocional e espiritualmente. Hoje, o ministério de saúde adventista é uma parte importante da identidade e da missão da igreja, sendo o maior sistema de saúde protestante do mundo.

A quarta ênfase que Ellen White promoveu foi a educação adventista. A discussão sobre o ensino começou com a necessidade de capacitar missionários. Em 1869, quando um grupo recém-formado de adventistas na Europa solicitou um pastor, a igreja percebeu a falta de pessoal qualificado. Isso levou à criação da Sociedade Missionária, com o objetivo de divulgar a mensagem do terceiro anjo por meio de missionários e materiais impressos.

Ellen White incentivou os jovens a aprender outros idiomas e a atuar como missionários. Em 1872, ela publicou Proper Education (Educação Adequada), um escrito que defendia o estabelecimento de escolas adventistas para capacitar e enviar missionários. Em 1874, foi inaugurada a Faculdade de Battle Creek para preparar missionários, e George Butler destacou na edição da Review and Herald, de 21 de julho, que os esforços da instituição visavam ao ensino para transmitir a mensagem da melhor maneira possível em todos os lugares.

IMPACTOS MISSIONÁRIOS

Tanto os ministérios de publicações, saúde e educação, quanto a organização da denominação foram essenciais para a formação e o avanço da Igreja Adventista ao redor do mundo.

O empenho missionário dos pioneiros serve como um exemplo inspirador para que cada adventista se envolva ativamente na pregação do evangelho. Ellen White destacou que participar da missão não apenas beneficia os outros, mas também fortalece espiritualmente aqueles que se dedicam a essa causa. “Vá trabalhar, quer esteja com vontade ou não. Empenhe-se em seu esforço pessoal para levar pessoas a Jesus e ao conhecimento da verdade. Nesse trabalho, você encontrará tanto um estimulante quanto um tônico; ele o despertará e fortalecerá. Por meio do exercício, seus poderes espirituais se tornarão mais vigorosos, de modo que você possa, com mais sucesso, trabalhar por sua própria salvação” (Review and Herald, 10 de julho de 1883). 

Theodore Levterov é diretor-associado do Patrimônio Literário de Ellen G. White

Última atualização em 26 de dezembro de 2024 por Márcio Tonetti.