Centro de influência adventista é inaugurado no coração da maior metrópole brasileira

4 minutos de leitura

Região movimentada de São Paulo recebe a Base Gênesis, um espaço multiétnico que unirá projetos sociais com a pregação do evangelho

base-genesis-10A Praça da Sé, localizada no coração da maior metrópole brasileira, se torna palco de um dos mais importantes projetos de missão urbana na cidade de São Paulo. Nesta semana, começa a funcionar na região um centro de influência adventista que unirá iniciativas de desenvolvimento humano com a pregação do evangelho. A chamada Base Gênesis foi inaugurada no último sábado, 9 de maio, com a presença do líder mundial da Igreja Adventista, pastor Ted Wilson, e de lideranças da organização na América do Sul e no Estado de São Paulo.

Em meio à diversidade cultural da capital paulista, o projeto começa atendendo 16 grupos étnicos e tribos urbanas, conforme explica Wallyson Santos, coordenador do centro de influência.

Isso se tornará possível a partir da ajuda de voluntários como Gonçalves Timanga Txissuale. O angolano, que mora no Brasil há 25 anos, viu no projeto a oportunidade que esperava para evangelizar comunidades africanas. “Há sete anos tenho esse sonho, pois tenho encontrado muitos africanos no Brasil, não apenas angolanos, mas também nigerianos, senegaleses, camaroneses e sul-africanos”, afirma.

A Base Gênesis também buscará influenciar imigrantes asiáticos e hispânicos, especialmente os bolivianos, que formam a segunda maior colônia de estrangeiros na cidade de São Paulo, com uma população estimada em meio milhão de pessoas.

Outro foco das atenções é a comunidade árabe no Brasil. A proximidade da Praça da Sé com a Rua 25 de Março, que concentra o maior centro comercial da América Latina e se trata de um dos principais pontos turísticos da capital, torna a Base Gênesis um ponto estratégico para o contato com essa cultura. A rua, que surgiu no século 19, quando imigrantes árabes abriram as primeiras lojas no local, continua sendo um reduto principalmente de comerciantes sírios e libaneses.

base-genesis-6

No espaço multiétnico, as sextas-feiras serão dedicadas para atender esses comerciantes e também refugiados árabes que desejam um novo começo no Brasil. “Nas sextas-feiras à tarde, a base vai se tornar um centro de cultura árabe. Eles vão se confraternizar e nos conhecer melhor também”, conta Wallyson, que já trabalhou com refugiados no Iraque. Segundo ele, os primeiros contatos já começam a ser feitos. “Em janeiro de 2015, conheci um rapaz no Iraque e ele me falou de um amigo que tinha vindo para o Brasil. Ao retornar para cá, fiz contato com essa pessoa que hoje é comerciante na Rua 25 de Março. Perguntei como ele enxergava o Brasil e ele me disse que via como um novo começo. Então desejei saber como poderíamos ajudá-lo nessa nova vida no Brasil e ele me disse que a sua esposa ainda não fala português. Então o convidei para a Base Gênesis, dizendo que aqui ela vai ter a oportunidade de aprender o idioma”, relata Wallyson.

Abordagens

As formas de abordagem serão diversificadas. Desde cursos de capacitação profissional até aulas de idiomas. “Para os imigrantes, nós teremos cursos de português. Além disso, pensando nas pessoas que trabalham nos entornos da Praça da Sé, teremos curso de aprimoramento de carreira profissional e liderança”, exemplifica Wallyson Santos.

Para facilitar o contato com esse mosaico cultural que forma a maior cidade do Brasil, os voluntários do projeto aprenderão novos idiomas, o que também poderá contribuir para a formação de novos missionários para atuar além das fronteiras brasileiras. “Vamos oferecer cursos de diversas línguas, como inglês, árabe e mandarim”, informa o coordenador do projeto.

Para falar a mesma língua não apenas dos estrangeiros que vivem na cidade, mas também das diversas “tribos urbanas” que ocupam os mais variados espaços, a Base Gênesis desenvolverá ainda aulas de culinária, além de organizar atividades que gerem identificação com segmentos como os skatistas e integrantes de motoclubes.

“Estamos abertos para desenvolver, a partir da força do voluntariado dos membros da igreja, todas as atividades que proporcionarem o desenvolvimento humano tanto no aspecto físico quanto no âmbito emocional e espiritual”, explica Wallyson Santos.

“Nada melhor do que um grande centro como São Paulo, com 20 milhões de habitantes, polo de atração de pessoas do mundo inteiro, para realizar projetos de missão como este”, reforça Emílio Abdala, responsável pelos departamentos de Evangelismo e Missão Global no Estado.

Estratégia global

A multiplicação de centros de influência nas grandes cidades apresenta contornos proféticos. Há mais de 100 anos, a escritora norte-americana Ellen G. White afirmou: “Devemos fazer mais do que temos feito para alcançar as pessoas de nossas cidades. Não devemos construir grandes edifícios nas cidades, mas, repetidas vezes, foi-me esclarecido que devemos estabelecer em todas as nossas cidades pequenas instalações que se tornem centros de influência.” (Testemunhos Para a Igreja, vol. 7, p. 115).

Este é um dos grandes desafios para a igreja no mundo contemporâneo, conforme enfatiza o presidente mundial da organização. “Nós temos tentado desafiar a igreja em todo o mundo para que entre nos planos que são descritos no Espírito de Profecia, a fim de alcançar pessoas nas grandes cidades”, afirma Ted Wilson.

LEIA TAMBÉM

Lanchonete da Pizza Hut é transformada em centro de influência adventista

Erton Köhler, que preside a organização na América do Sul – onde é crescente o número de pessoas que se identificam como “sem religião” (leia “A Religiosidade Latino-Americana”) -, observa que “aumenta cada vez mais o preconceito de muita gente contra templos e igrejas organizadas”. “Por isso, muitos que não entrariam numa igreja, vão entrar aqui. Queremos primeiro ganhar o coração delas, atender suas necessidades para depois levá-las a Jesus, conforme o método de Cristo”, frisa o presidente sul-americano.

De acordo com ele, no entanto, é preciso que haja uma preocupação não apenas em servir, mas em salvar. “Precisamos seguir o método de Cristo de maneira completa”, reforça o pr. Köhler.

Por isso, conforme explica Emílio Abdala, a Base Gênesis trabalhará de maneira integrada com as igrejas locais e outros projetos da igreja. “Os contatos feitos aqui serão direcionados para as igrejas e comunidades étnicas adventistas”, informa Abdala. A localização estratégica na Praça da Sé também colocará as pessoas que passarem pelo centro de influência em contato com a literatura adventista. Isso porque, no mesmo prédio, que fica na Rua Direita, nº 28, funciona uma livraria da Casa Publicadora Brasileira, uma das apoiadoras da iniciativa. Apenas no ano passado, mais de 25 mil pessoas passaram pela loja. Gente que, a partir de agora, também terá a oportunidade de ser influenciada pelo novo projeto.

Ao falar sobre a relevância de iniciativas como a Base Gênesis para a pregação do evangelho a toda nação, tribo, língua e povo, Ted Wilson considerou que estes centros de influência representam apenas o início de um movimento missionário sem precedentes. “Quando estivermos trabalhando nas cidades conforme o plano de Deus, os resultados vão acontecer. Vai haver um movimento tão grande como nós nunca testemunhamos. Isso que estamos vendo é apenas o começo”, concluiu. [Reportagem e fotos: Márcio Tonetti, equipe RA]

VEJA MAIS FOTOS DO EVENTO

ASSISTA TAMBÉM

Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.