Conclusão faz parte do Adventist Health Study-2, coordenado pela Universidade de Loma Linda

“O balanço de evidências científicas aponta a carne vermelha e a carne processada como sendo ligadas a um maior risco de câncer colorretal, enquanto que uma dieta rica em fibras – não suplementos de fibra – está ligada a um menor risco”, explica o pesquisador Michael Orlich.
O estudo acompanhou os questionários alimentares e registros médicos de 77.659 adventistas do sétimo dia ao longo de sete anos. Constatou-se que os adventistas veganos apresentaram 16% menos chances de desenvolver câncer. No caso dos lacto-vegetarianos, o risco foi 18% menor. Já os pesco-vegetarianos (que incluem peixe na dieta) chegaram a apresentar 43% menos probabilidade de contrair a doença.
O médico Gary Fraser, um dos principais investigadores do estudo sobre a saúde dos adventistas, adverte, no entanto, contra a interpretação dos resultados como uma mensagem para comer mais peixe. Afinal, conforme acrescenta Orlich, é prematuro concluir que os dados impressionantes obtidos junto ao grupo dos pesco-vegetarianos se devem ao consumo de peixe. “Suas dietas também diferem em outros aspectos, não apenas no consumo de peixe. Por isso, faremos o acompanhamento para examinar as associações específicas de carne e peixe com câncer colorretal”, explicou o professor assistente de medicina preventiva da Universidade de Loma Linda em entrevista à Adventist Review.
“A mensagem mais importante é evitar todas as carnes, já que o principal resultado foi que todos os vegetarianos, como grupo, se saíram melhor do que os não-vegetarianos”, observou Gary Fraser.
No grupo dos não-vegetarianos (pessoas que consumiam carne, porém numa quantidade menor que a média americana), foram identificados 380 casos de câncer de cólon e 110 casos de câncer do reto.
Embora o estudo ressalte que procedimentos médicos como a colonoscopia tenham salvado muitas vidas, os resultados das pesquisas mostram que ainda é melhor prevenir o câncer colorretal por meio da alimentação.
ENTENDA
O Adventist Health Study é um dos maiores estudos realizados no mundo sobre saúde e longevidade. Na primeira fase da pesquisa, iniciada em 1958, os estudiosos concluíram que havia relação entre a dieta adventista e a menor incidência de obesidade, diabetes e pressão arterial elevada.
A segunda etapa da investigação começou em 2002 e é financiada pelo Instituto Nacional do Câncer. Em 2011, o Instituto doou 5,5 milhões de dólares para o projeto.
VERSÃO BRASILEIRA
No contexto nacional, uma pesquisa científica que vem analisando o estilo de vida de membros da denominação também promete trazer importantes contribuições para a saúde pública no Brasil. O Estudo ADVENTO (Análise de Dieta e Hábitos de Vida na Prevenção de Eventos Cardiovasculares em Adventistas do Sétimo Dia), é financiado pela USP, pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e pelo Incor (Instituto do Coração), e apoiada institucionalmente pela organização adventista. Embora os resultados ainda sejam preliminares, o estudo já mostrou menores níveis de colesterol, glicose, creatinina e marcadores inflamatórios nos indivíduos que têm um maior número de hábitos saudáveis, como dieta vegetariana ou mais próxima do que recomenda a Igreja Adventista. [Equipe RA, da redação / Com informações de Andrew McChesney/Adventist Review]
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Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.