Vegetarianos tem 22% menos chances de desenvolver câncer colorretal

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Conclusão faz parte do Adventist Health Study-2, coordenado pela Universidade de Loma Linda
Segunda fase do Estudo da Saúde Adventista investiga a relação entre a dieta e o desenvolvimento de alguns tipos de câncer. Imagem: Fotolia
Segunda fase do Estudo da Saúde Adventista investiga a relação entre a dieta e o desenvolvimento de alguns tipos de câncer. Imagem: Fotolia
Praticantes de uma dieta vegetariana têm 22% menos probabilidade de desenvolver câncer colorretal (terceiro tipo de câncer mais comum entre os homens e o segundo entre as mulheres no mundo) do que não-vegetarianos. Essa é uma das conclusões do Adventist Health Study-2 (Estudo da Saúde Adventista-2), coordenado por pesquisadores da Universidade de Loma Linda. Os primeiros resultados da pesquisa de longo prazo foram divulgados neste mês na versão online do Journal of the American Medical Association (JAMA).

“O balanço de evidências científicas aponta a carne vermelha e a carne processada como sendo ligadas a um maior risco de câncer colorretal, enquanto que uma dieta rica em fibras – não suplementos de fibra – está ligada a um menor risco”, explica o pesquisador Michael Orlich.

O estudo acompanhou os questionários alimentares e registros médicos de 77.659 adventistas do sétimo dia ao longo de sete anos. Constatou-se que os adventistas veganos apresentaram 16% menos chances de desenvolver câncer. No caso dos lacto-vegetarianos, o risco foi 18% menor. Já os pesco-vegetarianos (que incluem peixe na dieta) chegaram a apresentar 43% menos probabilidade de contrair a doença.

O médico Gary Fraser, um dos principais investigadores do estudo sobre a saúde dos adventistas, adverte, no entanto, contra a interpretação dos resultados como uma mensagem para comer mais peixe. Afinal, conforme acrescenta Orlich, é prematuro concluir que os dados impressionantes obtidos junto ao grupo dos pesco-vegetarianos se devem ao consumo de peixe. “Suas dietas também diferem em outros aspectos, não apenas no consumo de peixe. Por isso, faremos o acompanhamento para examinar as associações específicas de carne e peixe com câncer colorretal”, explicou o professor assistente de medicina preventiva da Universidade de Loma Linda em entrevista à Adventist Review.

“A mensagem mais importante é evitar todas as carnes, já que o principal resultado foi que todos os vegetarianos, como grupo, se saíram melhor do que os não-vegetarianos”, observou Gary Fraser.

No grupo dos não-vegetarianos (pessoas que consumiam carne, porém numa quantidade menor que a média americana), foram identificados 380 casos de câncer de cólon e 110 casos de câncer do reto.

Embora o estudo ressalte que procedimentos médicos como a colonoscopia tenham salvado muitas vidas, os resultados das pesquisas mostram que ainda é melhor prevenir o câncer colorretal por meio da alimentação.

ENTENDA

O Adventist Health Study é um dos maiores estudos realizados no mundo sobre saúde e longevidade. Na primeira fase da pesquisa, iniciada em 1958, os estudiosos concluíram que havia relação entre a dieta adventista e a menor incidência de obesidade, diabetes e pressão arterial elevada.

A segunda etapa da investigação começou em 2002 e é financiada pelo Instituto Nacional do Câncer. Em 2011, o Instituto doou 5,5 milhões de dólares para o projeto.

VERSÃO BRASILEIRA

No contexto nacional, uma pesquisa científica que vem analisando o estilo de vida de membros da denominação também promete trazer importantes contribuições para a saúde pública no Brasil. O Estudo ADVENTO (Análise de Dieta e Hábitos de Vida na Prevenção de Eventos Cardiovasculares em Adventistas do Sétimo Dia), é financiado pela USP, pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e pelo Incor (Instituto do Coração), e apoiada institucionalmente pela organização adventista. Embora os resultados ainda sejam preliminares, o estudo já mostrou menores níveis de colesterol, glicose, creatinina e marcadores inflamatórios nos indivíduos que têm um maior número de hábitos saudáveis, como dieta vegetariana ou mais próxima do que recomenda a Igreja Adventista. [Equipe RA, da redação / Com informações de Andrew McChesney/Adventist Review]

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Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.