Os começos são decisivos porque definem a visão, indicam o processo e influencial o fim
Marcos De Benedicto
Nossa vida é cheia de começos e fins, ambos essenciais para o que ocorre no intervalo. Se o começo não fosse importante, a gente começaria pelo meio. Por isso, o primeiro livro da Bíblia, o Gênesis, termo grego que traduz a complexa e rica palavra hebraica bereshit (“no princípio”), começa com Deus, a síntese da perfeição e a garantia de um ótimo fim. A raiz de bereshit é rosh(“cabeça”, “superior”, “principal”), termo usado também na expressão Rosh Hashanah (literalmente, “a cabeça do ano”), que marca o início do ano judaico. Assim, o nome bereshit não indica apenas o “primeiro” numa sequência cronológica, mas também refere-se a um fundamento para tudo que vem depois.
Muitas pessoas notáveis reconhecem a importância de um bom começo em sua trajetória. Em uma matéria publicada em dezembro, o site da BBC perguntou: “O que algumas das pessoas mais bem-sucedidas do mundo têm em comum?” Entre elas estão Jeff Bezos, fundador da Amazon e o homem mais rico do planeta; Sergey Brin e Larry Page, criadores do Google; Jimmy Wales, o nome por trás da Wikipédia; Will Wright, criador do jogo SimCity; Beyoncé, uma das artistas mais bem pagas da indústria musical; e Gabriel García Márquez, prêmio Nobel de Literatura, falecido em 2014.
A resposta é que todos eles estudaram sob o método Montessori, “um sistema de aprendizagem que estimula a criatividade num ambiente colaborativo, sem notas ou provas”. O método é centrado no estudante e não no professor. Aqui vale lembrar que não há consenso sobre a real vantagem do sistema Montessori, criado pela médica e educadora italiana Maria Montessori (1870-1952) e hoje adotado por cerca de 25 mil escolas em todo o mundo. Mas esses personagens atribuem ao método uma influência decisiva no estágio inicial de sua vida.
A ideia de que um ambiente criativo na infância ajuda no desenvolvimento da criança tem amplo apoio da ciência. Nos cinco primeiros anos de vida, o cérebro cresce a um ritmo acelerado, e os valores aprendidos nessa fase têm enorme impacto no futuro. As influências definidoras continuam nos anos seguintes. Por isso, a Bíblia determina: “Ajude seu filho a formar bons hábitos enquanto ainda é pequeno. Assim, ele nunca abandonará o bom caminho, mesmo depois de adulto” (Pv 22:6, Bíblia Viva). E Ellen G. White assinala: “A educação começa com o bebê, nos braços da mãe.” A educação na infância é essencial porque, nessa fase, “a mente é mais susceptível de receber impressões, e as lições dadas são lembradas” (Orientação da Criança, p. 26).
Reconhecendo esse fator, a Igreja Adventista criou um recurso espetacular para a formação dos pequenos: o Clube de Desbravadores (além dos aventureiros), tema de capa desta edição. Desde a década de 1950, com ênfase nos aspectos físicos, culturais, sociais e espirituais, o clube vem ajudando a moldar o caráter de milhões de crianças e adolescentes. Do estágio de “Amigo” até o de “Líder”, os desbravadores aprendem muitas habilidades que os preparam para a vida e a eternidade. Ao ler a matéria, você certamente entenderá melhor por que essa é uma das iniciativas mais bem-sucedidas da igreja para a fase inicial da vida.
Assim, valorize os começos, ainda que humildes e caóticos. E, se o ano que passou não foi bom para você, experimente um recomeço. A oportunidade de iniciar de novo é uma bênção que Deus nos oferece todos os dias e todos os anos. Feliz 2019 e ótimo novo ciclo!
MARCOS DE BENEDICTO é editor da Revista Adventista
(Editorial da edição de janeiro)
Última atualização em 4 de fevereiro de 2019 por Márcio Tonetti.