A vacina para o patógeno mais perigoso da história da humanidade
MARCOS DE BENEDICTO
Contágio. Infecção. Pandemia. Isolamento. Quarentena. Aglomeração. Diagnóstico. Sintomas. Prevenção. Álcool em gel. Máscara. Achatamento da curva. Estado de calamidade pública. Fronteiras fechadas. Toque de recolher. Aulas canceladas. Cultos on-line. Trabalho a distância. Grupos de risco. Crise. Queda das bolsas. Colapso dos mercados. Testes. Vacinas. Vírus. Vítimas. Histeria. Medo. Pânico. Mortes. Muitas mortes.
Esse é o vocabulário que dominou a imprensa e as conversas desde que um misterioso vírus com nome nobre e comportamento vil surgiu no horizonte de 2020 como herança maldita de 2019 e paralisou o mundo: o novo coronavírus, causador da Coronavirus Disease 2019 (Covid-19), doença respiratória aguda. No momento em que escrevo este editorial, o vírus já infectou mais de 500 mil pessoas em 198 países, com mais de 25 mil mortes. Para a chanceler alemã Angela Merkel, trata-se do “maior desafio desde a Segunda Guerra Mundial”. Os números, sempre crescentes, não são apenas estatísticas; eles representam pessoas com nomes, histórias, relações, sentimentos e sonhos.
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Talvez o índice global de letalidade da Covid-19 fique em torno de 1%, o que ainda seria dez vezes mais mortal do que o vírus da gripe/influenza (0,1%). Entre os idosos, a taxa sobe para cerca de 15%. A Covid-19 seria menos letal do que a SARS (10%) e a MERS (34%), todas doenças virais causadas por diferentes coronavírus e cujas origens estão relacionadas a animais. A diferença é que o vírus atual se espalha muito rapidamente. Por isso, tornou-se uma pandemia com alcance global.
Não sabemos qual será o saldo do vírus, mas o fato é que ele mudou a rotina do planeta. Porém, ao longo da história já tivemos pandemias piores. Em 1918, a gripe espanhola contaminou mais de 500 milhões de pessoas e matou 50 milhões. A peste negra, cujo pico na Europa ocorreu entre 1347 e 1351, deixou entre 75 e 200 milhões de mortos. Matou de 30 a 60% da população da Europa da época. Somente na Inglaterra, cerca de mil vilas foram dizimadas. E houve recorrências. Essa doença, que também surgiu na Ásia, foi causada por uma bactéria (Yersinia pestis), mas evidências científicas indicam que ela pode ter tido uma origem viral.
Nesse cenário de desolação, o que dizer e como agir?
Primeiro, em meio à distopia global, devemos continuar observando e ensinando a mensagem de saúde. Como regra, as grandes pestilências da história estiveram ligadas a animais, especialmente os impuros pelas leis bíblicas. No caso do atual coronavírus, as suspeitas recaem sobre cobra, morcego e pangolim. Se os seres humanos destroem os habitats deles e os comem, correm riscos.
Segundo, em meio ao pânico, devemos oferecer racionalidade, serviço e solidariedade. Precisamos ser âncoras de estabilidade e faróis de esperança. A ajuda oferecida às pessoas vulneráveis, os aplausos aos profissionais de saúde e as músicas cantadas em janelas para animar os doentes estão entre os momentos mais emocionantes da pandemia.
Por fim, em face da mortalidade do vírus, devemos lembrar quem trouxe a cura para o pior vírus da história. Há milhares de anos, o “vírus” do pecado infectou a humanidade inteira e causou uma doença cósmica com letalidade de 100% (Rm 3:23; 6:23). Felizmente, existe vacina. Se os anjos “têm sido enviados para erradicar epidemias”, conforme disse Ellen White (Review and Herald, 22 de novembro de 1898), foi Jesus quem enfrentou nosso “supercoronavírus” com a missão de descontaminar o Universo. O sangue Dele é a única vacina para essa doença mortal.
MARCOS DE BENEDICTO é editor da Revista Adventista
(Editorial da edição de abril de 2020)
Última atualização em 1 de abril de 2020 por Márcio Tonetti.