O êxito de uma instituição depende não só de seus líderes, mas também de seus liderados
Procuram-se liderados! Este anúncio poderia ser fixado em alguns estabelecimentos e igrejas. Os genuínos liderados estão em falta no mercado hoje em dia. Há servos e empregados por toda parte, mas há vagas sobrando para liderados. Historicamente, a figura do líder tem sido alvo de estudos, pois se considera que o sucesso ou a derrota de uma instituição depende em grande parte do modo como ele atua. Mas o que dizer da figura do liderado? Em que medida o êxito de uma instituição depende dele? Entender qual é o seu papel e como deve ser a sua relação com o líder também é uma questão imprescindível ao tratarmos sobre princípios de liderança.
Pode-se dizer que existem três tipos de relacionamento entre líder e servidor, tanto nas empresas como nas igrejas:
Trabalho centrado no líder – Nesse modelo, os liderados são chamados para obedecer ao líder que, num estilo autocrático, detém e usa o poder como estratégia para influenciar seus subordinados. O foco, portanto, está na capacidade do líder, e o valor dos servidores reside na capacidade de saber usar seus olhos e ouvidos para ajudá-lo a atingir suas expectativas. Esse estilo promove o culto à personalidade do líder. E os que desejam subir na hierarquia devem saber bajular o “chefe”.
A máxima popular “manda quem pode e obedece quem tem juízo” define bem esse modelo. De certa forma, a frase enfatiza o exercício do poder e a força do autoritarismo. Essa liderança está baseada na subserviência ou submissão. É como se fosse uma advertência. Sob essa estrutura não há espaço para somas, mas para cópias; não há espaço para liderados, mas para servos.
Trabalho centrado no serviço – Já nessa relação os servidores são contratados para cumprir tarefas. Eles valem o quanto produzem. O bem mais precioso do trabalhador são suas mãos. A valorização (promoção, premiação, etc.) é feita com base exclusiva nos resultados. Ou eles batem cartão ou recebem por produção. Tal estilo administrativo propicia relatórios forjados, superfaturados ou mecânicos. Por vezes, os fins chegam a justificar os meios. Esse é o modelo gerencial dos gráficos de produção, das análises frias, das reuniões administrativas exclusivamente informativas. Em síntese, não há lugar para cabeças pensantes de liderados, mas apenas para as mãos dos empregados.
Trabalho centrado no liderado (pessoas) – Dessa perspectiva, o líder não está mais preocupado com os olhos e ouvidos do trabalhador e tampouco com suas mãos, mas com seu coração. Por estranho que possa parecer, esse líder está interessado no que o liderado pensa e sente. Não é mais o liderado quem olha para o líder, mas o líder é quem olha para o liderado.
O quadro agora apresenta servidores que, além de compreender bem a essência do seu negócio, são estimulados a falar, sugerir e até decidir. Eles são convidados a sonhar e a ter o direito de surpreender o líder. É como se o negócio também fosse seu. Longe de o respeito ser eliminado, agora ele passa a ser compartilhado.
O líder deixa de mostrar uma proposta única, de monologar, de andar solitariamente à frente. Seu interesse não é pela última palavra, mas pela melhor conclusão. Ele compreende que uma boa solução passa pela mente de um liderado feliz e realizado; e o liderado entende que também é responsável pelo projeto.
Assim, a igreja também procura liderados que se comportem não apenas como “batedores de ponto”. Há vagas para corações comprometidos e apaixonados, bem como para novas ideias e opiniões. A sabedoria está na soma de líderes e liderados (Provérbios 15:2), pois ambos foram chamados para a mesma missão.
Marlinton Lopes é presidente da Igreja Adventista para a região Sul do Brasil
Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.