Déficit de atenção

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Saiba como lidar com o transtorno que afeta crianças e adultos

TDAH - creditos Novo Tempo

TDAH. Essas quatro letras podem desestabilizar pais, familiares, grupos sociais e educadores. O chamado Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um problema comum no Brasil. Por ano, mais de dois milhões de casos são diagnosticados no país. Estudo recente feito por pesquisadores da USP e das universidades federais do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul também mostrou que existem no Brasil aproximadamente 250 mil adolescentes e crianças que não sabem que sofrem os efeitos do TDAH.

Apesar do elevado número de casos, ainda existe muita especulação sobre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Geralmente, ele é confundido com outros problemas ligados ao comportamento de crianças, adolescentes e até mesmo de adultos. Portanto, é preciso saber o que é o TDAH, a fim de buscar auxílio profissional adequado em caso de suspeita.

No passado, acreditava-se que o transtorno pudesse ser superado naturalmente até o fim da adolescência. Contudo, a partir da década de 1980 pesquisadores perceberam que cerca de 65% das crianças diagnosticadas levavam os sintomas para a vida adulta. Além disso, estudos indicaram que o TDAH se manifestava de maneira diferente em cada pessoa.

Quando falamos dos sintomas do TDAH, os principais são falta de atenção, impulsividade e hiperatividade ou excesso de energia. Entretanto, na infância eles podem ser confundidos, por exemplo, com excessos comportamentais decorrentes da negligência dos pais em estabelecer limites, com problemas alimentares, a exemplo de uma dieta rica em açúcar, ou ainda com o horário de dormir.

É importante compreender que existem aspectos positivos e negativos que permeiam a pessoa com déficit de atenção. Na verdade, o TDAH não se constitui necessariamente pelo déficit de atenção e sim por uma inconstância na atenção. A pessoa com TDAH costuma se concentrar em atividades nas quais há motivação e/ou desafio.

Em geral, o portador de TDAH se distrai com facilidade e se mantém absorto aos vários estímulos, o que gera uma desordem dos pensamentos e impede que ele estabeleça prioridades. Além disso, pode fazer drama por pequenas coisas. Com uma mente hiper-reativa, a pessoa até é capaz de aparentar ser calma, porém internamente há um turbilhão de ideias e sentimentos que a dominam.

Essa condição faz parte de quem convive com o TDAH. Apesar do desgaste provocado pela confusão de pensamentos, isso não impede a criatividade. Desse caos podem surgir ideias inovadoras.

Há também outras características que podem acompanhar as pessoas com TDAH:

  1. Seu humor geralmente é imprevisível, instável, com altos e baixos repentinos;
  2. Ainda que inteligente, criativo e intuitivo, por ser incapaz de “viver adequadamente” pode sofrer crises de depressão, o que reforça a importância do diagnóstico e tratamento;
  3. Apresenta dificuldade de atingir suas metas, tendo geralmente um rendimento abaixo do seu potencial. Demora-se para iniciar as tarefas, perde-se nos devaneios e interrompe com facilidade o que está realizando;
  4. Pode sofrer prejuízo com sua desorganização, como por exemplo, perder anotações importantes na “bagunça” de sua mesa e gavetas.

Mas não é preciso se desesperar frente ao diagnóstico, pois há inúmeras pessoas que prosseguem suas vidas e algumas até se destacam na sociedade. Foi o caso de famosos como Albert Einstein, Mozart e John Kennedy.

Por outro lado, é importante ficar atento a algumas ações que podem colaborar para que melhor se lide com o TDAH. Entre elas, fazer exercícios físicos, usar o relógio biológico em favor de si mesmo, aceitar as limitações e estabelecer prioridades. No caso das crianças, é fundamental o acompanhamento amoroso e educativo dos responsáveis.

Mas, afinal, quando é necessário procurar ajuda? Como saber se tenho ou não TDAH? Primeiramente, é importante saber que para identificá-lo é necessário o diagnóstico profissional. Dependendo do quadro geral da pessoa se definirá a equipe multidisciplinar para acompanhamento, que pode incluir médicos, psicopedagogos, psicólogos e fonoaudiólogos.

Embora existam muitos testes online que podem auxiliar na elaboração de hipóteses (veja alguns aqui: teste para crianças; teste para adultos 1; e o teste para adultos 2), é somente com o diagnóstico de um profissional qualificado que se pode verdadeiramente ter uma confirmação ou não.

Apesar de não haver cura para o TDAH, há uma boa notícia: o tratamento auxilia muito para se ter uma boa qualidade de vida. [Créditos da imagem: Novo Tempo]

NÁDIA TEIXEIRA é mestre em educação, psicopedagoga e pedagoga. Trabalha na CPB como coordenadora pedagógica da Universidade Corporativa da Educação Adventista

Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.