Entenda por que o papel do professor cristão vai além da transmissão de conteúdos acadêmicos
O mês de outubro é muito significativo para a educação, pois prestigia aquele que se faz aprendiz para ensinar e que, ensinando, aprende: o professor.
Em nosso país, o dia 15 de outubro começou a ganhar destaque depois que Dom Pedro I, imperador do Brasil, promulgou um decreto em 1827, criando o Ensino Elementar, que corresponde ao que hoje chamamos de educação básica.
O conteúdo do decreto era diferenciado e destacava pontos importantes para o avanço da educação no território brasileiro. Por outro lado, também contemplava aspectos que explicitavam o que poderíamos assinalar como “questões de gênero” da época, as quais demarcavam o “espaço” de meninos e meninas na escola. Em certo sentido, tratava-se de uma perspectiva seletiva quanto aos conteúdos/disciplinas, ancorada nos padrões sociais do período.
Cento e vinte anos depois desse decreto, Salomão Becker, um educador paulista, possibilitou a primeira comemoração de um dia inteiro em homenagem ao professor. A data se fortaleceu a partir de 1963, quando foi oficializada.
De lá para cá, muita coisa mudou. Porém, as discussões em torno da vocação, formação, valorização e condições de trabalho, entre outras questões relacionadas à docência, persistem e suscitam reflexões.
Diante dos grandes desafios que a obra de educar implica na atualidade, certamente a Bíblia tem muito a nos ensinar. De forma amplamente didática, o Criador deixou registrado nas páginas do livro sagrado verdadeiras aulas relacionadas à vida.
Sendo um Professor que não se limita a ensinar conteúdos acadêmicos, Ele influencia cada área da nossa vida, não se dando por vencido quando os aprendizes não obtêm a “média”.
Por tudo o que Deus é e pelo Seu exemplo não seria redundante expor o que a Bíblia expressa em Provérbios 22:6: “Ensina à criança o caminho que ela deve seguir; mesmo quando envelhecer, dele não se há de afastar.”
Esse versículo propicia outras análises, visto que “aquele que ensina” também “discipula”. O verbo ensinar traduz nuances que, de acordo com o dicionário Michaelis, denotam o ato de: (1) transmitir a alguém conhecimentos sobre alguma coisa ou sobre como fazer algo; doutrinar, lecionar; (2) dar lições a; educar, instruir; (3) fazer conhecer; fazer saber; e (4) dar indicações ou sinais precisos; indicar.
Infere ainda responsabilidade do que ensina e discipula. Essa tarefa envolve tempo, relacionamento e convivência com quem é ensinado. O próprio Cristo nos deixou o Seu exemplo, que é tão bem elucidado por Burril, em seu livro Como Reavivar a Igreja no Século 21 (2009, p. 54). Conforme pontua o autor, Seus ensinamentos nos auxiliam na compreensão a respeito da missão de ensinar e discipular. Isso não se restringe à igreja, mas valida o ministério do educador que se dedica à sala de aula. “Por três anos e meio Jesus ministrou no planeta Terra. Às vezes, Ele falava para grandes multidões, mas a maior parte de Seu trabalho foi com um pequeno grupo de doze, a quem chamava de discípulos. Jesus passou esses anos compartilhando Sua vida com essas poucas pessoas – os doze, os setenta e as mulheres que O seguiam. Contudo, Jesus mudou o mundo para sempre”.
Como podemos aprender com o grande Professor! Se Deus, o Mantenedor, não se cansa de ensinar, de se relacionar, de conviver, não tenho dúvidas de que não podemos nos cansar de aprender, com o objetivo de discipular aqueles que estão sob nossa responsabilidade. Evidentemente, responsabilidade compartilhada com a família, a igreja e a sociedade.
Professor é aquele que aprende a aprender. É aquele que ama, que se dedica para o outro. É aquele que ensina, que discípula e que inspira.
Parabéns, professor, por entender que ensinando se aprende e que discipulando, se autodiscipula!
NÁDIA TEIXEIRA trabalha na CPB como coordenadora pedagógica da Universidade Corporativa da educação adventista
Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.