A resposta bíblica para as indagações que vieram à tona com o Brexit
“Esperança em tempos de dúvida”. Essa frase é o título de um capítulo de um dos meus livros prediletos: Muito mais que palavras, de Philip Yancey e James Calvin. Essa obra se tornou para mim um manual literário, uma espécie de portal de acesso para a obra de autores cristãos e clássicos que têm exercido grande influência sobre minha formação enquanto cristão, leitor e escritor.
Ao ler algumas páginas de notícias na web há poucos dias, retornei a essa obra, especialmente o capítulo mencionado acima, e gastei algum tempo refletindo sobre a primeira sentença: “Quando disseram que o mundo estava chegando ao fim, Mark Twain teria respondido: Ótimo! Podemos viver sem ele”.
Esse pensamento me veio à mente no fim de semana dos dias 24 a 26 de junho, quando não se falava em outro assunto além da decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia. Entre algumas coisas que li sobre esse evento histórico, chamou minha atenção a reação da população mais jovem com o plebiscito e seu resultado, o qual desperta muitas dúvidas com respeito ao futuro.
Repercutiu na imprensa internacional “o desabafo de um britânico que viralizou ao descrever ‘tragédias’ do Brexit”. Os comentários de Nicholas (nome com o qual se identifica na postagem) ressaltaram a perspectiva de queda de vagas de emprego, baixa nos investimentos, perda de oportunidade de viver e trabalhar nos 27 outros países que compõem o bloco econômico. Por sua vez, o site do jornal hondurenho “La Prensa” foi mais incisivo ao comentar o fato, a julgar pelo título da matéria veiculada no dia 24 de junho: “Jóvenes británicos contra el Brexit: ‘Nos robaron el futuro’”.
Paira no ar uma incerteza quanto ao que virá pela frente. Pelo menos é isso que se pode inferir de outro artigo publicado pelo G1, com o título: “Reino Unido decide deixar a UE: e agora?” (itálicos acrescentados). O artigo pode ser resumido em doze perguntas para as quais não há uma resposta imediata: “É irreversível? Quais são os próximos passos? Como será a batalha no parlamento britânico? Como serão as negociações com os outros países europeus? Qual será o impacto para os imigrantes que moram no Reino Unido? Imigrantes serão expulsos do Reino Unido? Qual é o impacto nos países do Reino Unido? Quais são os impactos para a economia britânica? Qual é o impacto para o comércio exterior britânico e europeu? Qual será o impacto nas importações e exportações de outros países, incluindo o Brasil? Quais são os impactos econômicos para o bloco? Quais impactos para outros países, como o Brasil, se a EU perder a força?”. O que nos aguarda o futuro? Parece ser esta a inquietação por trás de todas essas indagações!
No livro que mencionei no início deste artigo, James Calvin comenta que “o agora é onde temos de viver, e o agora é, portanto, um tempo pesado. Toda a tonelagem da vida empurra para baixo no tempo presente”. Em contrapartida, “o futuro é um lugar de esperança”. Porém, de onde vem essa esperança? Seguramente não vem das últimas notícias que lemos nos jornais.
Há muito tempo a Bíblia vem nos advertindo sobre uma crise sem precedentes que cairá sobre este mundo antes de sua derrocada final. Porém, isso não é mais do que o prenúncio de um evento que mudará o rumo da história para sempre. Ela aponta claramente para as condições morais do mundo antes da volta de Jesus (Mt 24:12, 37-39; 2Tm 3:5), as quais naturalmente repercutem sobre a atividade econômica. Mais do que isso, ela toca no âmago da questão que estamos acompanhando nos últimos dias: a falta de unidade e desintegração do velho continente.
O capítulo dois de Daniel descreve o fato tão milimetricamente, que, a meu ver, sua descrição supera o trabalho de qualquer equipe editorial dos melhores jornais da atualidade. A história do mundo é retratada ali. Quatro grandes impérios mundiais se levantariam e cairiam até o estabelecimento do reino eterno e universal de Deus. Os reinos da Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia e Roma dominaram o mundo, um após outro. Porém, a profecia apontava que as nações que se desenvolveriam a partir da desintegração do império romano seriam como o ferro e o barro: jamais se uniriam para formar um novo império (Dn 2:43).
A maneira como Deus conduz o destino deste mundo está registrado na história. Em sonho, Deus mostrou a Nabucodonosor a ascensão e queda de impérios mundiais, bem como a destruição dos reinos deste mundo a partir de uma pedra que rolaria sem o auxílio de mãos humanas, e reduziria os impérios humanos ao pó.
Ao interpretar o sonho de Nabucodonosor, Daniel menciona: “Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre” (Dn 2:44). Este é o reino de Deus, erigido sobre a Rocha dos Séculos, o Senhor Jesus Cristo. Eu e você somos convidados a fazer parte desse reino. Como disse James Calvin, “o mundo visível é menos importante do que supomos”. De fato, este mundo está chegando ao fim, e podemos viver sem ele. Simplesmente porque existe algo infinitamente melhor. O livro de Apocalipse fala de um novo céu e uma nova terra (21:1-5). Para usar as palavras de Calvin, “essa visão é a esperança que nos garante o futuro”.
NILTON AGUIAR, mestre em Ciências da Religião, é professor de grego e Novo Testamento na Faculdade Adventista da Bahia e está cursando o doutorado em Novo Testamento na Universidade Andrews (EUA)
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https://www.youtube.com/watch?v=BmKnKlUNK2U
Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.