As dietas milagrosas não são a solução para a obesidade e o sobrepeso, mas sim o equilíbrio entre o consumo e a queima de calorias
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, os índices de obesidade e sobrepeso no mundo já alcançaram proporções epidêmicas e estão contribuindo de maneira contundente para o aumento da prevalência das enfermidades metabólicas e neuropsiquiátricas.
Esse quadro tem sido mais dramático nos chamados países desenvolvidos. Nos Estados Unidos, por exemplo, dois terços da população, aproximadamente 200 milhões de pessoas, estão acima do peso ou são obesas. A Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard projeta que, se nada for feito hoje para combater o problema, em 2030 os custos anuais diretos e indiretos com essa doença serão de 250 bilhões de dólares. O mais assustador é que o retrato norte-americano é um forte indicador de uma tendência global.
Neste cenário, frequentemente aparecem indivíduos e empresas oportunistas, que oferecem produtos ou métodos de emagrecimento cujo apelo irresistível é a promessa de emagrecer sem abandonar maus hábitos. Essas dietas milagrosas, quando surtem algum efeito, é por pouco tempo, e não raramente acabam criando outros problemas sérios de saúde. Isso acontece porque não corrigem a causa mais comum dos quilos em excesso: o superávit calórico aliado ao sedentarismo.
“Evitar fontes calóricas líquidas tem um efeito mais rápido na perda de peso do que se abster dos alimentos sólidos mais calóricos”
Veja a seguir quatro passos importantes para equilibrar a relação entre ingestão e gasto calórico, com o objetivo de prevenir e reverter a maioria dos problemas de sobrepeso e obesidade:
1. Evite alimentos com alto teor calórico. Os alimentos refinados, gorduras, sucos industrializados e refrigerantes correspondem à maior parte do aporte calórico da população. Com relação aos líquidos, um estudo publicado pelo American Journal of Clinical Nutrition revelou que evitar fontes calóricas líquidas tem um efeito mais rápido na perda de peso do que se abster dos alimentos sólidos mais calóricos. Substituir os alimentos refinados por integrais e os sucos artificiais e refrigerantes por água tem um efeito incomparável no controle do peso.
2. Coma devagar e mastigue bem os alimentos. Do início da mastigação ao reflexo de saciedade produzido no hipotálamo são necessários de 25 a 30 minutos. Assim, alguém pode comer dois pratos em 15 minutos, sentir-se cheio, mas não satisfeito, o que consequentemente o levará a comer mais. Portanto, a saciedade está mais relacionada ao tempo de mastigação do à quantidade de comida ingerida.
3. Mantenha-se ativo fisicamente. Isso não significa que tenha que fazer atividades muito intensas, o que, segundo pesquisas recentes, afetam de maneira negativa tanto a qualidade como a expectativa de vida. Aproveite as oportunidades de estar ativo fisicamente na sua própria rotina, procurando caminhar o máximo que puder e fazendo um pouco de musculação para os membros superiores ao fim do dia. Alongamentos diários também ajudam no controle da ansiedade e do estresse e têm um efeito indireto, mas importante, no controle do peso.
4. Durma antes das 22h. Quando se estende o período de vígilia, a fome vem e com ela a tentação de comer mais, num horário que afeta a qualidade do sono. Isso pode estressar o organismo, manter elevados os níveis de adrenalina a médio e longo prazo, o que resulta num efeito adverso no metabolismo das gorduras. De maneira paradoxal, tanto a atividade física moderada como o repouso de qualidade podem ajudar no controle do peso.
Em resumo, o combate ao sobrepeso e à obesidade é o resultado do equilíbrio entre a ingestão e o gasto de calorias. Por exemplo, a troca dos alimentos refinados por integrais e dos sucos artificiais e refrigerantes por água possibilita até que o indivíduo coma em maior quantidade os itens com menos densidade e disponibilidade calórica. Tudo isso, aliado ao descanso adequado e à atividade física moderada, promove, sem dúvida alguma, resultados positivos e permanentes para a saúde.
SILMAR CRISTO é médico, consultor e autor de vários livros sobre saúde e qualidade de vida
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Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.