Medalha temporária ou coroa eterna?

Somente a liderança do Espírito Santo conduzirá a igreja ao seu destino glorioso

Stanley Arco

A ordem de Cristo aos discípulos por ocasião de sua ascensão foi: “Mas vocês receberão poder, ao descer sobre vocês o Espírito Santo, e serão Minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até os confins da terra” (At 1:8). De fato, dez dias depois da promessa, o Espírito foi derramado, capacitando a igreja a avançar em sua missão. Em Atos 9:31, Lucas apresenta uma descrição do cristianismo que deve nos fazer refletir. Analisemos as características da igreja retratadas nesse verso.

As igrejas tinham paz. Justificados pela fé, temos paz com Deus (Rm 5:1). A paz é o resultado da chuva do Espírito Santo que produz profunda convicção do pecado, leva a uma vida de comunhão e nos habilita a crescer na fidelidade e na missão.

As igrejas eram edificadas. Elas se desenvolviam espiritualmente, em sua organização e missão. “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo Ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular” (Ef 2:20). Ao se despedir dos anciãos de Éfeso, Paulo os entregou “aos cuidados de Deus e à palavra da Sua graça, que tem poder” para edificar e “dar herança entre todos os que são santificados” (At 20:32). Edifiquemos centralizados em Jesus e Sua Palavra.

As igrejas andavam no temor do Senhor. Ou seja, a conduta dos cristãos era marcada por respeito, amor e reverência. O que é andar com Deus? É agir em Sua presença, em harmonia com Sua vontade. Enoque era próximo de Deus, mas cumpria seus deveres em família e na comunidade. Ele andava com o Senhor reconhecendo sua necessidade, aprofundando a amizade e perseverando na esperança.

As igrejas cresciam fortalecidas pelo Espírito Santo. A vida da igreja estava completamente sob o controle divino e, como resultado, membros e congregações se multiplicavam. Sempre ocorre assim. A profunda vida espiritual dá frutos para a salvação.

Impactados pelo amor de Cristo, não podemos fazer nada além de amá-Lo, viver por Ele e servir a todos aqueles que precisam de nós

Desmond Doss (1919-2006) foi o primeiro objetor de consciência a receber a Medalha de Honra do Congresso dos Estados Unidos. Ele se recusou a matar ou portar armas devido à sua fé adventista. Por causa de sua posição, foi zombado por seus colegas e castigado por seus superiores. Em 1945, na Batalha de Okinawa, o soldado Doss conseguiu salvar, sob intenso ataque do inimigo, 75 fuzileiros navais feridos, arrastando ou carregando um por um. Sua vida foi cheia de desafios: ele contraiu tuberculose, perdeu um pulmão e cinco costelas e, além disso, ficou surdo, mas recuperou a audição depois de um implante.

O exemplo de Desmond Doss inspira por sua coragem e determinação. Na vida cristã, também “são necessários muitos soldados para formar as linhas e fileiras do exército, mas o êxito depende da fidelidade de cada soldado” (Ellen G. White, Conselho aos Pais, Professores e Estudantes, p. 518). Precisamos do mesmo amor abnegado e perseverante, que imita o exemplo supremo de Jesus Cristo. É Ele quem nos desafia a amar a Deus e ao próximo. Existem muitos feridos na jornada para o Céu. Por eles e por nós, precisamos ter interesse genuíno em ajudar os outros, porque o amor de Cristo nos motiva (2Co 5:14). Impactados por esse amor, não podemos fazer nada além de amá-Lo, viver por Ele e servir a todos aqueles que precisam de nós.

Assim, a igreja experimenta a paz verdadeira, é edificada, caminha na presença do Senhor e cresce em qualidade e quantidade guiada pelo Espírito Santo. Nem o ambiente hostil nem as limitações físicas impediram Desmond Doss de viver sua fé com valor e ­fidelidade. Pode não haver uma medalha de honra temporária para nós, mas, como Cristo nos promete, aquele que for fiel até a morte receberá a coroa da vida eterna (Ap 2:10).

STANLEY ARCO é presidente da Igreja Adventista para a América do Sul

(Texto publicado na seção Bússola da Revista Adventista de março/2023)

Última atualização em 9 de março de 2023 por Márcio Tonetti.