Diante do desafio missionário que temos, podemos adotar o sistema congregacionalista?
Stanley Arco
Como adventistas, somos chamados a cumprir a missão de levar as três mensagens angélicas de Apocalipse 14 a todas as nações, línguas e povos. No entanto, alguns acreditam que, como igreja, possuímos excesso de organização e desejam, como uma alternativa melhor, adotar o sistema congregacional.
No congregacionalismo, a igreja local é autônoma e independente de qualquer estrutura organizacional maior. É interessante observar que alguns de nossos pioneiros vieram de comunidades congregacionais. Tiago White e José Bates, por exemplo, eram membros da Conexão Cristã. Esse movimento mantinha sua coesão por meio de uma associação informal de igrejas que compartilhavam revistas e realizavam reuniões regulares. O adventismo sabatista manteve uma forma semelhante de organização até o início da década de 1850.
Contudo, ao longo do tempo, a liderança do movimento percebeu que o congregacionalismo era incapaz de proporcionar uma estrutura financeira e ministerial favorável para que o adventismo cumprisse sua missão mundial. Assim, a partir de uma série de estudos teológicos, os adventistas sabatistas passaram a considerar outra maneira de se manterem organizados.
Como resultado desses esforços, a Igreja Adventista do Sétimo Dia adotou o sistema representativo, no qual as congregações locais estão interligadas por meio de Associações, Uniões e da Associação Geral. Essa forma de organização proporciona a unidade doutrinária, administrativa e missionária necessária para que a mensagem adventista alcance o mundo.
Gradualmente, entretanto, uma forma de congregacionalismo sutil e de difícil detecção está se infiltrando em nossas igrejas. Podemos denominá-lo de “mentalidade congregacional”, na qual as pessoas gerenciam os recursos com foco apenas nas atividades locais, deixando de lado o chamado divino para pregar o evangelho em todos os continentes.
Ellen White afirmou: “Alguns têm apresentado a ideia de que, ao nos aproximarmos do fim dos tempos, cada filho de Deus agirá independentemente de qualquer organização religiosa. Mas fui instruída pelo Senhor de que nesta obra não há isso de cada qual ser independente” (Testemunhos Para a Igreja [CPB, 2021], v. 9, p. 202).
Além disso, deixou claro que ninguém deveria nutrir “o pensamento de que podemos dispensar a organização. A construção dessa estrutura nos custou muito estudo e orações em que rogávamos sabedoria, e as quais sabemos que Deus ouviu. Ela foi edificada por Sua direção, por meio de muito sacrifício e lutas. Nenhum de nossos irmãos esteja tão iludido que tente destruí-la, pois acarretaria assim um estado de coisas que nem é possível imaginar. Em nome do Senhor declaro a vocês que ela há de ser firmemente estabelecida, robustecida e consolidada” (A Igreja Remanescente [CPB, 2000], p. 23, 24).
Precisamos compreender e aplicar os princípios bíblicos de organização da igreja. É essencial seguir o conselho de Paulo: “Não façam nada por interesse pessoal ou vaidade, mas por humildade, cada um considerando os outros superiores a si mesmo, não tendo em vista somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros. Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar de Cristo Jesus” (Fp 2:3-5).
STANLEY ARCO é presidente da Igreja Adventista para a América do Sul
(Artigo publicado na seção Bússola da Revista Adventista de setembro/2023)
Última atualização em 31 de agosto de 2023 por Márcio Tonetti.