Mundo de possibilidades

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A missão abrangente da Igreja Adventista

Stanley Arco

Imagem: Adobe Stock

Jesus desafiou os costumes de sua época e tratou a todos com respeito, inclusive aqueles que eram marginalizados pela sociedade. Os habitantes de Nazaré eram frequentemente discriminados, a ponto de Natanael, ao se referir a Cristo, questionar Felipe: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?” (Jo 1:46).

Os fariseus duvidavam da messianidade de Jesus porque Ele Se associava com os pecadores, independentemente de idade, origem étnica, status social ou nível de instrução. Cristo não fazia distinção entre cegos, leprosos e outros doentes considerados excluídos. Ele os curava e restaurava com um amor que não fazia acepção de pessoas. Assim, não só lhes restituía a saúde física, mas também a dignidade, reintegrando-os à sociedade da qual haviam sido abandonados.

Atualmente, muitas pessoas são rejeitadas, marginalizadas ou discriminadas como se fossem objetos. As diferenças entre nós não deveriam ser obstáculos para a realização plena em todas as áreas da vida.

Na América do Sul, cerca de 70 milhões de pessoas enfrentam algum tipo de limitação. O Ministério Adventista das Possibilidades (MAP) afirma que todas são valiosas e possuem talentos únicos. Defendendo a dignidade e o respeito de todas, o MAP se empenha em desenvolver potencialidades ainda não aperfeiçoadas.

Precisamos garantir que todas as pessoas, independentemente de suas características individuais, sejam recebidas em nossas igrejas com acolhimento, apoio, assistência e amor. Atualmente, o MAP oferece suporte a uma variedade de grupos, incluindo surdos, cegos e pessoas com baixa visão, indivíduos com deficiências físicas, autismo, síndrome de Down, paralisia cerebral, hiperatividade e déficit de atenção, além de enlutados, órfãos e crianças em situação de vulnerabilidade.

Para que a igreja consiga atender satisfatoriamente a esses grupos é necessário:

1. Estabelecer ou fortalecer o MAP em cada congregação, promovendo a conscientização sobre a integração e participação de todos os membros.

2. Capacitar líderes voluntários para coordenar as atividades em níveis local, regional e dentro das estruturas da denominação, como a Associação/Missão/União.

3. Desenvolver materiais em formatos acessíveis para todos os públicos.

4. Criar condições que permitam que cada pessoa seja alcançada pela missão restauradora da igreja e envolvida na missão de restauração.

Na Igreja Central de Brasília, uma classe bíblica liderada por Alex Silva, um missionário surdo, resultou no
batismo de 16 pessoas, das quais 14 são surdas. No estado de Sergipe, Verônica Dias, ao perceber que a Igreja Adventista acolheria sua filha com autismo, decidiu ser batizada e, rapidamente, envolver-se na Missão Calebe.

O Senhor não exclui ninguém da salvação. É essencial tratarmos todos com dignidade, sem fazer distinção. Todos fomos criados à semelhança de Deus e, apesar dos efeitos do pecado, podemos ser restaurados à Sua imagem.

Em uma época na qual a cirurgia não era tão avançada, Anne Coleman, com financiamento da Cruz Vermelha Americana, liderou uma equipe que restaurou o rosto desfigurado de aproximadamente 200 soldados feridos em combate durante a Primeira Guerra Mundial.

Esse trabalho possibilitou que os soldados recuperassem não apenas sua aparência física, mas também sua autoestima, auxiliando-os no processo de reintegração à sociedade.

É emocionante pensar que alguém foi capaz de restaurar não apenas o rosto, mas também a dignidade de outras pessoas. No entanto, é ainda mais gratificante saber que em breve o Senhor concederá vida eterna, “quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade e o que é mortal se revestir de imortalidade” (1Co 15:54). Enquanto aguardamos essa gloriosa restauração, sejamos uma igreja viva que acolhe a todos. 

STANLEY ARCO é presidente da Igreja Adventista para a América do Sul

(Texto publicado na seção Bússola da Revista Adventista de maio/2024)

Última atualização em 17 de maio de 2024 por Márcio Tonetti.