O mundo precisa de exemplos reais da graça transformadora
Stanley Arco
Quando morei no Chile, aprendi uma expressão curiosa usada pelos jovens: “pasarlo bien” (passar bem). Parecia ser algo atrativo, prazeroso. Muitos desejariam viver dessa maneira. Então, compreendi o significado da expressão: aproveitar, viver o momento sem me preocupar se daqui a alguns minutos vou sentir culpa, ou se as consequências dos meus atos vão me afetar.
A Bíblia, no entanto, apresenta alguns exemplos de jovens que seguiram na contramão dessa mentalidade. José foi um deles. Ele fazia parte de uma grande família e foi criado quase sem a presença de sua mãe, sendo o filho preferido de seu pai e odiado por seus irmãos. José foi vendido como escravo para os ismaelitas, que o levaram para o Egito. Apesar do mau exemplo de seus irmãos e da educação marcada pelo favoritismo, ele se entregou completamente ao Senhor. Potifar, oficial de faraó que o havia comprado como servo, reconheceu que “o Senhor estava com José” e o colocou como administrador de sua casa (Gn 39:3, 4).
Seu firme propósito de fazer a vontade de Deus e não sucumbir às tentações foram evidenciados em sua resposta ao assédio da esposa de Potifar: “Como, pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?” (v. 9).
Ellen White escreveu: “Todos terão de passar pela prova decisiva: Obedecerei a Deus ou aos homens? […] Será que nossos pés estão firmados na rocha da imutável Palavra do Senhor? Estamos preparados para permanecer firmes em defesa dos mandamentos de Deus e da fé em Jesus?” (Maranata [CPB, 2021], 27 de março).
Somos chamados a viver nossa fé com integridade em todos os lugares e circunstâncias
José poderia raciocinar assim: “Vou viver o hoje, curtir e aproveitar. Sou estrangeiro, ninguém
me conhece. Sou jovem e estou no auge do meu vigor”. Contudo, ele não se deixou levar pelos impulsos da juventude, mas pelo relacionamento que tinha com Deus. Ele compreendia o princípio destacado pelo apóstolo Paulo quase dois milênios depois: “o corpo não é para a imoralidade, mas para o Senhor, e o Senhor, para o corpo” (1Co 6:13). Nesse verso, o termo “imoralidade” se refere a todo comportamento sexual contrário à vontade de Deus, como adultério, masturbação, fornicação, incesto e homossexualidade (veja mais, clicando aqui).
Portanto, não são nossas opiniões nem emoções que sustentam nossa fé. Ela é fortalecida no conhecimento do Senhor e de Sua Palavra. O estudo e a prática das doutrinas bíblicas consolidam a fé, desenvolvem o caráter na família, edificam a igreja, preservam as verdades e transmitem o evangelho.
Dessa maneira, as 28 crenças fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia servem para aprimorar nossa vida espiritual, nos ajudando a estudar a Bíblia com oração, vivê-la com devoção e compartilhá-la com paixão.
Quando amamos ao Senhor e fazemos Sua vontade, Ele nos abençoa, assim como abençoa aqueles que nos rodeiam. Na prisão, José foi abençoado e testemunhou do seu Deus. Então, foi nomeado primeiro-ministro do Egito.
Ao longo do tempo, Deus teve filhos fiéis dispostos a pagar o preço de viver em conformidade com
os valores e princípios de Sua Palavra. Esses exemplos deveriam nos inspirar, pois “eles preferiram obedecer a Deus em vez de obedecer aos homens e permanecem até hoje para inspirar e encorajar aqueles que escolhem permanecer firmes, na hora da provação, pelas verdades da Palavra de Deus. Por meio de sua firmeza e fé inabalável, são testemunhas vivas do poder transformador da graça redentora” (Ellen G. White, El Conflito de los Siglos [Ellen G. White Estate, 2012], p. 237).
Assim como José, somos chamados a viver nossa fé com integridade em todos os lugares e circunstâncias. Deus deseja que nos tornemos testemunhas vivas de Seu poder transformador.
STANLEY ARCO é presidente da Igreja Adventista para a América do Sul
(Artigo publicado na seção Bússola da Revista Adventista de agosto/2024)
Última atualização em 5 de agosto de 2024 por Márcio Tonetti.