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Cenas impróprias

Denise e seus dois filhos, João, de oito anos, e Clara, de cinco, foram realizar compras no shopping em um domingo, logo após o almoço. Aqueles que são pais sabem que pode ser difícil sair para fazer compras com os filhos pequenos, especialmente quando eles não estão interessados nessa tarefa. Para mantê-los felizes por um tempo e conseguir fazer o que necessitava, a mãe decidiu comprar um suco de frutas para cada um. Algumas estratégias funcionam; outras, às vezes, podem piorar a situação. Foi o que aconteceu quando as crianças pediram, ao mesmo tempo, para ir ao banheiro. “Mãe, eu não posso usar o banheiro das mulheres, já tenho oito anos!”, disse João, constrangido. A mãe procurava usar os banheiros familiares; mas, naquele dia, o sanitário estava em manutenção. Enquanto Denise se dirigia ao banheiro das mulheres, o filho pediu novamente para não entrar no banheiro feminino. Para tornar a situação ainda mais dramática, naquela semana, a mãe havia conversado com uma amiga que mencionou um episódio de assédio infantil em um banheiro de estabelecimento público. Como ela poderia deixar o filho ir sozinho ao sanitário? O pai não estava com eles, e Denise não sabia o que fazer. Então, as duas crianças começaram a reclamar dizendo que realmente precisavam ir ao banheiro com urgência. Um segurança do shopping, ao ver a situação, informou Denise de que no primeiro andar havia um banheiro familiar. A chegada daquele colaborador prestativo foi a salvação para o momento! A quantidade significativa de casos de assédio ou abuso infantil que ocorrem atualmente deve nos levar a atitudes ainda mais contundentes para proteger nossas crianças. Por isso, é importante considerar as seguintes orientações: 1. Caso haja a possibilidade de utilizar um banheiro familiar, essa é a melhor opção. 2. Caso haja um pai e uma filha com idade suficiente para usar o banheiro sozinha, o pai deve ficar na porta do banheiro, falando em voz alta o nome dela e perguntando se está tudo bem. Isso deixará claro para quem estiver dentro do banheiro que a criança não está sozinha. O mesmo procedimento deve ser adotado por uma mãe com um filho. 3. Caso o pai ou a mãe com filhos do mesmo sexo precisem também usar o banheiro, devem solicitar que o filho ou a filha converse com eles ou coloque o pé por baixo da porta do boxe, para que se possa verificar que estão com eles. Lamentavelmente, precisamos tomar certas precauções para que nossos filhos não enfrentem situações que possam deixar marcas emocionais. Normalmente, quando uma pessoa mal-intencionada pretende cometer algo ilícito, ela tende a evitar fazê-lo se perceber que os pais estão atentos ao ambiente ao seu redor. A exposição a situações que deveriam pertencer apenas à intimidade pode criar marcas e despertar estímulos complexos que são difíceis de lidar em qualquer idade, especialmente na infância. Essa exposição também pode ocorrer devido ao acesso a conteúdos imorais em celulares, o que reforça a necessidade de monitorar o que nossos filhos estão procurando. Além disso, pode resultar da exposição a situações íntimas dentro de casa, quando os pais não mantêm a privacidade adequada no lar e os filhos acabam presenciando cenas impróprias. Precisamos ser cuidadosos quanto a tudo aquilo que alcança nossos sentidos. Quanto mais alimentarmos nossa mente com estímulos saudáveis, menor será o risco de adoecer ou de vivenciar experiências em fases da vida para as quais a maturidade ainda não está desenvolvida. O inimigo não perderá oportunidade de prejudicar nossa mente; portanto, sejamos cuidadosos! PABLO CANALIS é médico especialista em Psiquiatria, pós-graduado em Medicina da Família e Comunidade.

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