Legado de pioneiro

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Um olhar para o passado, um compromisso com o futuro

Wellington Barbosa

Imagem: Adobe Stock

Há menos de um ano, o Instituto Gallup, nos Estados Unidos, divulgou uma pesquisa sobre as crenças das pessoas a respeito de nossas origens. Para 37% dos entrevistados, Deus criou os seres humanos cerca de 10 mil anos atrás. Por outro lado, 24% dos participantes declararam aceitar a teoria da evolução, excluindo a participação de qualquer ser superior. Finalmente, 34% afirmaram acreditar que a evolução ocorreu sob orientação divina. A pesquisa também apontou que, ao longo de 40 anos, houve um aumento significativo no número de evolucionistas, um crescimento discreto entre os adeptos do evolucionismo teísta e uma diminuição entre os defensores do criacionismo bíblico (saiba mais, clicando aqui).

De fato, mesmo entre os adventistas do sétimo dia, observa-se um aumento gradual no número de pessoas que buscam harmonizar a evolução com a criação. Trata-se de um fenômeno curioso, uma vez que a crença na criação constitui um elemento fundamental na compreensão teológica da igreja. Se Gênesis 1 a 11 não for interpretado de maneira literal, compromete-se a visão denominacional acerca de diversos temas importantes, como: casamento e família; observância do sábado; origem do pecado e da morte; salvação em Cristo, o segundo Adão; e autoridade das Escrituras.

Algumas pessoas não conseguem perceber a conexão essencial entre esses temas e o criacionismo e, por isso, tentam conciliar o inconciliável. Outras, por sua vez, aprofundaram-se no assunto e apresentaram argumentos bastante relevantes em defesa da credibilidade do relato bíblico. Entre esses estudiosos, encontra-se Guilherme Stein Jr., primeiro membro adventista batizado no Brasil.

Devemos olhar para o passado com gratidão, para o presente com responsabilidade e para o futuro com fidelidade

Aliás, o pioneirismo de Guilherme vai além de seu batismo. Ele também foi o primeiro professor e dirigente de uma escola com filosofia adventista, o primeiro editor da Sociedade Internacional de Tratados – embrião da Casa Publicadora Brasileira (CPB) – e um dos primeiros defensores do criacionismo no país.

Em seu compromisso com a missão e com o crescimento intelectual, Guilherme compreendeu que a protologia, área da teologia que estuda as origens, e a escatologia estão intimamente relacionadas. Não por acaso, suas obras refletem essa conexão. Ele escreveu sobre o sábado, a origem comum das línguas e religiões e as profecias cumpridas ao longo da história.

À medida que o tempo avança, torna-se essencial resgatar as contribuições daqueles que “gastaram e se deixaram gastar” (2Co 12:15) para que a mensagem adventista se solidificasse, tanto em suas origens nos Estados Unidos, quanto em seus primórdios no Brasil. Infelizmente, observa-se um acentuado declínio em nossa consciência histórica, o que justifica o esforço de apresentar, de forma contínua, às novas gerações de adventistas, personalidades, fatos e argumentos que contribuíram para que chegássemos até aqui e que, se forem esquecidos, poderão nos conduzir por caminhos que se desviam do alvo que deve impulsionar nossa fé.

Portanto, devemos olhar para o passado com gratidão, para o presente com responsabilidade e para o futuro com fidelidade, reafirmando nossa identidade e assumindo, com renovado vigor, o compromisso de viver e transmitir as verdades bíblicas que nos foram confiadas. 

WELLINGTON BARBOSA é editor da Revista Adventista

(Editorial da edição de maio de 2025)

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Última atualização em 21 de maio de 2025 por Márcio Tonetti.