O aniversário da Associação Geral deve nos levar a refletir a respeito de sua importância para o cumprimento da missão
Wellington Barbosa
Em 21 de maio de 2023, a Igreja Adventista celebra o 160º aniversário de estabelecimento da Associação Geral, maior órgão administrativo da denominação. A história de sua fundação é interessante, e, quando comparada ao desenvolvimento da igreja apostólica, revela notáveis similaridades. Observe:
1. Berço da decepção. Tanto o movimento cristão quanto o adventista surgiram a partir de uma expectativa frustrada. Enquanto os discípulos esperavam que Jesus Se manifestasse como Rei e restabelecesse a soberania de Israel (Lc 24:21), os adventistas mileritas aguardavam a segunda vinda de Cristo para instaurar o reino eterno, entre 1843 e 1844. Ambos os movimentos não haviam compreendido adequadamente as profecias relacionadas à primeira e segunda vinda de Jesus, respectivamente.
2. Novo entendimento. A decepção experimentada pelos primeiros discípulos foi transformada quando tiveram suas experiências com o Cristo ressurreto. Nesse sentido, o encontro de Jesus com os discípulos a caminho de Emaús foi paradigmático (Lc 24). Com o coração ardendo, eles passaram a propagar a compreensão correta a respeito do ministério do Salvador. Semelhantemente, o vislumbre que Hiram Edson teve da obra de Cristo no santuário celestial, em 23 de outubro de 1844, reorientou as esperanças de um pequeno grupo de mileritas que se aprofundou no estudo da Bíblia e no conhecimento acerca do ministério sumo-sacerdotal de Jesus.
3. Tempo de reflexão. Após a ascensão de Cristo, os discípulos se reuniram no cenáculo, onde, em oração, dedicaram tempo para ampliar a compreensão sobre as profecias e se reestruturar como núcleo apostólico (At 1:13-26). No caso dos adventistas, entre 1844 e 1848, houve o processo de estabelecimento das doutrinas distintivas e da solidificação do adventismo sabatista nas chamadas “conferências sobre o sábado”.
4. Organização gradativa. O crescimento contínuo gerou pontos de tensão e refinamento. Um problema no atendimento às viúvas dos judeus gregos levou ao estabelecimento do diaconato (At 6:1-7). A ampliação das comunidades cristãs para além das condições de atendimento direto dos apóstolos conduziu a igreja a reconhecer o ofício dos presbíteros, ou anciãos (At 11:30). Da mesma forma, os adventistas sabatistas, ao perceberem a multiplicação de crentes e a necessidade de organização congregacional, em 1851, começaram a ordenar diáconos e, em seguida, anciãos, provavelmente no mesmo ano.
5. Estrutura para a missão. Na igreja apostólica, a organização dos ofícios da congregação local não excluiu a necessidade de um conselho mais abrangente, a fim de orientar os esforços do corpo de Cristo. Isso ficou evidente no Concílio de Jerusalém (At 15), reunião de líderes representativos das igrejas locais que promoveu consenso teológico, reafirmou o papel da unidade eclesiástica e alinhou os esforços para o cumprimento da missão. Em 1863, a Igreja Adventista, em sua primeira Assembleia, estabeleceu a Associação Geral, com o propósito de fomentar identidade, unidade e missão.
As similaridades entre o desenvolvimento da igreja no primeiro século e o movimento adventista no século 19 são notáveis. Isso, evidentemente, não se aplica apenas aos aspectos positivos. As dificuldades enfrentadas no período apostólico também podem ser vistas em nossa igreja. Não somos perfeitos, mas temos uma organização que procura, à semelhança dos primeiros cristãos, lidar com as dificuldades no devido espírito e no foro correto, a fim de que, como um povo, façamos aquilo que Deus nos chamou para fazer neste tempo. Celebremos esse legado!
WELLINGTON BARBOSA é editor da Revista Adventista
(Editorial da edição de maio/2023)
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Última atualização em 17 de maio de 2023 por Márcio Tonetti.