Palavra que transforma

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A importância da Bíblia no desenvolvimento do caráter e compromisso cristão

Wellington Barbosa

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Quando ministramos estudos bíblicos, um dos primeiros textos que apresentamos aos nossos alunos é 2 Timóteo 3:16, 17: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o servo de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” Esse texto é crucial para explicar dois pontos relacionados à Bíblia: sua natureza e seu propósito. Geralmente destacamos nesses versos a inspiração das Escrituras. Nesta reflexão, porém, gostaria de analisar um pouco a utilidade delas.

Em primeiro lugar, a Bíblia é a fonte normativa de ensino da doutrina cristã. O exemplo de Jesus no caminho de Emaús ilustra bem esse conceito (Lc 24:13-35). Ao encontrar-Se com dois discípulos frustrados que saíam de Jerusalém no domingo de Páscoa, Cristo não recorreu ao testemunho pessoal para explicar as profecias referentes a Si mesmo e atestar Sua ressurreição. Antes de Se revelar à dupla, o texto diz que “começando por Moisés e todos os Profetas, [Jesus] explicou-lhes o que constava a respeito Dele em todas as Escrituras” (v. 27). O Senhor poderia ter feito com que os olhos deles se abrissem a partir de uma simples demonstração de Sua identidade; no entanto, optou por deixar a verdade revelada no texto sagrado “arder no coração” dos discípulos, levando-os a uma experiência de imersão e aprendizado fundamentada na Palavra.

Na sequência, lemos que as Escrituras são úteis para repreender aqueles que se encontram em erro. Em sua orientação a Timóteo, o apóstolo o exortou a manejar “bem a palavra da verdade” (2Tm 2:15), pois o “servo do Senhor” deve ser apto a disciplinar “com mansidão os que se opõem a ele, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem a verdade, mas também o retorno à sensatez” (v. 25, 26). Dessa maneira, em seu papel normativo, a Bíblia carrega consigo a autoridade de confrontar o pecado, expor a verdade e apresentar elementos que levem as pessoas ao caminho correto.

A BÍBLIA CARREGA CONSIGO A AUTORIDADE DE CONFRONTAR O PECADO, EXPOR A VERDADE E APRESENTAR ELEMENTOS QUE LEVEM AS PESSOAS AO CAMINHO CORRETO

As Escrituras desempenham não apenas o papel de ensinar e repreender, mas também de corrigir e restaurar, auxiliando as pessoas na reconstrução de seu relacionamento com Deus. Quando o profeta Natã, sob a ordem divina, confrontou Davi por ter cometido o pecado de adulterar com Bate-Seba e ser o mandante da morte de Urias, ele deixou claro que o rei havia desprezado “a palavra do Senhor” (2Sm 12:9). Em sua abordagem sábia e inspirada, o profeta repreendeu Davi e o levou a confessar: “Pequei contra o Senhor” (v. 13). Diante da submissão do rei, Natã replicou: “Também o Senhor perdoou o seu pecado.” Como resultado, os salmos 32 e 51 evidenciam o poder de correção e restauração que tem a Palavra de Deus!

Finalmente, as Escrituras fornecem a educação que leva a pessoa à maturidade espiritual que se evidencia por um caráter sólido e um compromisso inabalável com a igreja de Deus. Em Efésios, Paulo afirmou que o “aperfeiçoamento dos santos” visa “à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de pessoa madura, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4:12, 13). A igreja, “corpo de Cristo edificado”, é enriquecida quando seus membros se deixam ser educados pela Bíblia e motivados a agir no cumprimento da missão.

Temos diante de nós a Palavra que ensina, repreende, corrige e educa para uma vida aprovada. Contudo, se ela estiver fechada, empoeirada em uma estante ou for usada como espécie de amuleto, certamente não alcançará seu propósito. É preciso que ela seja lida, compreendida e aplicada em nossa vida. Só assim seremos realmente preparados e capacitados para toda boa obra. 

WELLINGTON BARBOSA é editor da Revista Adventista

(Editorial da Revista Adventista de fevereiro/2024)

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Última atualização em 2 de fevereiro de 2024 por Márcio Tonetti.