A resposta definitiva que ecoa pelos séculos
Wellington Barbosa

Após deixarem o mar da Galileia, Jesus e os discípulos percorreram cerca de 40 km até chegarem à Cesareia de Filipe, ao norte de Israel. A região é marcada por algumas características. Nela, encontram-se o monte Hermom, um dos ribeiros que formam o rio Jordão e uma gruta que era dedicada à adoração de Pã, divindade cultuada na mitologia grega. Esse detalhe, a propósito, nos ajuda a criar um quadro mais vívido do local: tratava-se de um território pagão, onde as pessoas estavam muito distantes das tradições religiosas dos judeus.
Foi nesse contexto que Cristo teve um diálogo crucial com Seus discípulos, em que revelou a essência de quem Ele era. A pergunta inicial foi: “Quem os outros dizem que é o Filho do Homem?” (Mt 16:13). Ignorando as críticas dos fariseus e saduceus (cf. 10:25; Jo 8:48), as respostas se limitaram a expressar apenas as opiniões positivas. “Uns dizem que é João Batista” (Mt 16:14), disseram, em referência ao profeta que confrontou judeus e romanos com sua vida simples e pregação contundente, cuja ressurreição chegou a ser conjecturada por Herodes (14:1, 2). “Outros dizem que é Elias” (16:14), também falaram, relembrando o profeta que foi levado ao Céu e reafirmando a expectativa da profecia de Malaquias 4:5, de que sua vinda estaria ligada à iminência do Dia do Senhor. “Outros dizem que é Jeremias ou um dos profetas” (Mt 16:14), disseram ainda, refletindo uma crença judaica de que Jeremias e Isaías apareceriam novamente antes do fim.
Diante de tantas distorções contemporâneas relacionadas à vida, morte e ao ministério de Jesus, é importante reafirmar o centro da mensagem evangélica
Apesar das respostas indicarem uma certa apreciação popular em relação a Jesus, nenhuma delas foi precisa. Então Cristo restringiu o espectro da opinião pública: “E vocês, quem dizem que Eu sou?” (v. 15). Essa pergunta tem ecoado ao longo dos séculos, suscitando diferentes respostas no contexto religioso. Teologias e ideologias têm elaborado um “Jesus” para chamar de seu. Mestre sábio, filósofo moralista, espírito elevado, líder carismático, profeta visionário, pregador revolucionário e messias político são algumas maneiras de descrevê-Lo.
Contudo, a resposta inspirada de Pedro foi simples e direta: “O senhor é o Cristo, o Filho do Deus vivo” (v. 16). A confissão indicava a certeza dos Doze de que Jesus era o Messias prometido, Deus conosco. Não havia espaço para conjecturas humanas ou construções sociais. “A ideia de que Jesus era apenas um grande e bom homem, talvez o melhor homem que já tinha existido, mas nada mais, é tão absurda quanto incrível. Ele afirmava ser o Filho de Deus e esperava que Seus seguidores compartilhassem essa crença. Ou Ele era, ou não era. E, se não fosse, Jesus teria cometido a maior farsa e fraude. […] Ou Jesus de Nazaré era o Cristo, o Filho do Deus vivo, ou era um impostor” (Comentário Bíblico Adventista [CPB, 2023], v. 5, p. 452).
Diante de tantas distorções contemporâneas relacionadas à vida, morte e ao ministério de Jesus, é importante reafirmar o centro da mensagem evangélica. O mundo encontra-se em trevas tanto quanto se encontrava Cesareia de Filipe há 2 mil anos. Que nosso testemunho fiel e coerente de quem Ele realmente é ajude as pessoas a reconhecerem Cristo em nós, “a esperança da glória” (Cl 1:27).
WELLINGTON BARBOSA é editor da Revista Adventista
(Editorial da edição de abril/2025)
Última atualização em 2 de abril de 2025 por Márcio Tonetti.