Santo remédio

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O sábado é um refúgio para a saúde mental em tempos desafiadores

Wellington Barbosa

Foto: Adobe Stock

Desde 2015, o mês de setembro no Brasil ganhou um tom amarelado, a fim de destacar a importância da saúde mental e das estratégias de prevenção ao suicídio. Infelizmente, estamos vivendo um período de ascensão desse problema, conforme indica o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023. Com dados consolidados de 2022, o documento demonstra que, em comparação ao ano anterior, o índice de suicídios cresceu 11,8%, totalizando 16.262 registros (link.cpb.com.br/354ff1). 

Entre as principais causas que levam as pessoas a atentar contra a própria vida estão a depressão, a ansiedade, a solidão, o esgotamento, os traumas emocionais e os problemas de relacionamento. Como parte da sociedade, os membros da igreja não estão imunes a esses fatores. Por isso, é importante que tratemos o assunto na perspectiva adequada e salientando os recursos divinos que estão disponíveis para o desenvolvimento do bem-estar integral. Nesse sentido, uma das principais crenças distintivas do adventismo assume um significado especial: o sábado.

Tão importante quanto conhecer a teologia que envolve o sétimo dia é compreender suas implicações em diferentes aspectos da vida, incluindo seu papel no favorecimento da saúde mental.
Assim, destaca-se, em primeiro lugar, a ideia de descanso físico, emocional e espiritual que está associada à sua observância. Em um mundo que valoriza a velocidade, a conexão contínua e a produtividade, o sábado é um marco semanal que nos lembra de que não somos máquinas e precisamos descansar, inclusive na vida on-line. Aliás, pesquisas indicam com clareza a relação entre o uso excessivo de tecnologias e o aumento da prevalência de doenças mentais (ver, por exemplo, Salete Rios, Movidos a Internet [CPB, 2022], p. 103-134).

O sábado é um santuário no tempo, um oásis no meio do deserto que nos permite ter um encontro especial com a fonte de vida, paz, saúde e significado

Mais do que pensar no que não fazer no sétimo dia, precisamos salientar o que fazer. O sábado deve ser um dia de valorização dos relacionamentos vertical e horizontal. Na primeira dimensão, somos convidados a aprofundar nossa comunhão com Deus por meio da oração, leitura da Bíblia, reflexão, frequência à igreja e do engajamento na missão. Além disso, esse dia especial é um chamado para que as pessoas, ao se aproximarem de Deus, aproximem-se umas das outras em casa, na igreja e na comunidade. Relacionamentos saudáveis são fundamentais para a proteção da integridade emocional. Famílias unidas, amizades verdadeiras, senso de pertencimento e envolvimento em causas honrosas são remédios gratuitos e poderosos que muitas vezes são negligenciados em meio à confusão da rotina. É curioso observar que especialistas em saúde mental, sem vinculação religiosa, sugerem que as pessoas adotem práticas semelhantes como a meditação, a leitura de bons livros, a exploração da natureza e a participação em atividades sociais e projetos voluntários, a fim de se fortalecerem emocionalmente.

Diante dos desafios de uma sociedade cada vez mais frágil, não podemos nos esquecer de que o sábado é um santuário no tempo, um oásis no meio do deserto que nos permite ter um encontro especial com a Fonte de vida, paz, saúde e significado. Desfrutemos desse presente que o Pai Celestial deixou para nós!

WELLINGTON BARBOSA é editor da Revista Adventista

(Editorial da Revista Adventista de setembro/2023)

Última atualização em 1 de setembro de 2023 por Márcio Tonetti.