O desafio de proteger nossa família na era da conexão virtual
Wellington Barbosa

Há poucos dias, conversava com amigos a respeito da velocidade das transformações tecnológicas que nos cercam. Enquanto jantávamos, recordávamos de situações que são inimagináveis para as crianças da atualidade. Vivemos a época em que, para se ter um telefone fixo, era necessário investir uma grande soma de dinheiro; em que o meio mais acessível de fazer ligações era usando um orelhão (alimentado por fichas); e em que ter um videogame Atari simbolizava algum status perante os colegas de escola. Esperávamos semanas por uma carta, alugávamos filmes em fitas VHS e nos divertíamos com brincadeiras simples, mas carregadas de significado.
Naquele tempo, a vida transcorria majoritariamente por meio de contatos presenciais: nas brincadeiras com os irmãos e amigos na rua, nos almoços barulhentos de domingo, nas visitas às casas dos vizinhos e nos cultos realizados em pequenas igrejas de bairro. A convivência era mais próxima, o tempo parecia passar devagar, e as relações humanas tinham um papel central na formação do nosso caráter e dos nossos valores.
A transição para um mundo conectado trouxe muitas vantagens: ganhamos tempo nas operações cotidianas, ampliamos o acesso ao conhecimento, estreitamos a distância na comunicação e aumentamos a efetividade em uma série de processos produtivos. Contudo, os benefícios também trouxeram novos desafios: a superficialidade nas interações, a dependência crescente da tecnologia, a dificuldade de encontrar momentos de pausa em meio a tanta informação e os riscos de transitar pelas alamedas digitais.
Aliás, esses riscos são crescentes e atingem crianças, jovens e adultos. No caso das crianças, eles muitas vezes se manifestam de forma sutil, como o excesso de tempo diante das telas, a exposição precoce a conteúdos inadequados – como violência e material sexual explícito – e o desenvolvimento de vícios digitais.
Somos responsáveis por promover um estilo de vida que leve em consideração o bem-estar integral do ser humano, inclusive em sua vivência digital
Em relação aos jovens, os perigos estão mais associados à pressão social e à construção da identidade no ambiente digital. A busca por validação nas redes sociais, a exposição ao cyberbullying e o envolvimento em situações de risco – como encontros com desconhecidos – têm se tornado cada vez mais frequentes e preocupantes.
Por fim, quanto aos adultos, o ambiente digital apresenta desafios relacionados à facilidade com que dados pessoais são coletados e expostos, ao risco de golpes financeiros, à dependência de dispositivos eletrônicos para atividades cotidianas e à dificuldade de equilibrar o uso da tecnologia com o tempo de qualidade dedicado à família e aos amigos.
Como adventistas, somos responsáveis por promover um estilo de vida que leve em consideração o bem-estar integral do ser humano, inclusive em sua vivência digital. Por isso, não podemos ignorar as ameaças que cercam nossas famílias e têm comprometido a qualidade de vida de nossa sociedade. Neste contexto, o objetivo da campanha anual Quebrando o Silêncio, uma iniciativa internacional promovida pela Divisão Sul-Americana, é a segurança no ambiente digital. Em apoio a esse projeto, apresentamos nesta edição da Revista Adventista reflexões que visam ampliar o conhecimento sobre o tema e promover o engajamento dos membros da igreja na campanha.
Nesta edição, também nos despedimos do pastor Eduardo Teixeira, que foi editor associado da RA por três anos. Ele assumirá novos desafios na equipe editorial da CPB e continuará contribuindo eventualmente para nossa revista. Agradecemos ao pastor Eduardo por seu dedicado trabalho e desejamos sucesso em sua nova jornada.
WELLINGTON BARBOSA é editor da Revista Adventista
(Editorial da edição de julho/2025)
Última atualização em 29 de julho de 2025 por Márcio Tonetti.