Encontro inédito do Ministério de Universitários lança as bases do trabalho que promete transformar estudantes em missionários
A universidade secular é um dos ambientes mais hostis à fé cristã. Por isso, pais religiosos temem que os filhos enfrentem uma crise espiritual na faculdade. Essa preocupação é válida e compartilhada pela sede mundial da igreja, que deu um passo concreto a fim de que o ministério para universitários (AMiCUS, antiga sigla em inglês) funcione de forma mais efetiva.Reunidos em Silver Spring, Maryland (EUA), 50 delegados do mundo todo participaram de um encontro inédito e pioneiro. Eles discutiram sobre métodos de mentorear melhor o total de 1,5 milhão de universitários adventistas que não estudam nas instituições da igreja. Divididos em grupos de trabalho, líderes e voluntários conversaram sobre o papel da igreja local no ministério universitário, adaptações na estrutura administrativa e a elaboração de um manual. As recomendações do grupo devem ser divulgadas em breve.
NOVA VISÃO
Iniciativas pessoais e institucionais nessa área já existem há anos. Desde 1989, por exemplo, a igreja publica em quatro línguas, incluindo o português, a revista Diálogo Universitário (dialogue.adventist.org). No Brasil, por sua vez, agremiações realizam encontros anuais sobre criacionismo, arqueologia e comportamento. E algumas chegam a organizar projetos sociais. Porém, a ênfase agora é outra. Em vez de apenas “proteger” os estudantes, a ideia é capacitá-los para que sejam missionários no campus.
Para esse desafio, o pastor sul-coreano Jiwan Moon foi escolhido em abril de 2014 como o primeiro líder do Ministério para Campi Públicos (PCM, nova sigla em inglês). Ele tem a tarefa de estabelecer essa nova visão e formar líderes regionais ao redor do mundo que trabalhem com discipulado e formação de missionários. O pastor Moon já demonstrou habilidade no pastoreio de universitários no Canadá, onde obteve uma taxa de 95% de retenção entre a juventude.
Só nos Estados Unidos são 22 milhões de universitários, enquanto o Brasil tem 7,3 milhões
No evento, o pastor Ted Wilson, presidente mundial da igreja, disse que as universidades são um dos campos missionários mais esquecidos do mundo. Só nos Estados Unidos são 22 milhões de universitários, enquanto o Brasil tem 7,3 milhões. O líder mundial estimulou o grupo a se inspirar na experiência dos apóstolos: “Jesus subiu. O Espírito Santo desceu. Os discípulos saíram e viraram o mundo de cabeça para baixo.”
Jiwan, que tem doutorado em Ministério pela Universidade Andrews, acredita que o fator determinante seja a postura do estudante no campus: influenciar ou ser influenciado. Para ele, a maioria dos jovens que perdem a fé quando estão na universidade é imatura espiritualmente. “Muitos não tiveram a oportunidade de experimentar o estágio reflexivo da fé, no qual o cristão se pergunta sobre a razão de sua prática religiosa”, pontua.
Dois delegados representaram a América do Sul no encontro: o pastor Areli Barbosa, líder de jovens no território sul-americano, e o sociólogo Thadeu Silva, que viu com entusiasmo essa ênfase na missão. “Em alguns lugares isso tem funcionado bem, como em Papua-Nova Guiné, Romênia, Espanha e Estados Unidos”, exemplifica. Thadeu, que desde 2003 tem viajado pelo Brasil participando de encontros universitários, acredita que a igreja precisa ser mais assertiva ao trabalhar com esse grupo. Segundo o pastor Areli, não haverá mudança na estrutura da igreja, mas aprimoramento no atendimento aos universitários.
WENDEL LIMA é editor associado da Revista Adventista (com colaboração de Andrew McChesney, da Adventist Review)
Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.