Missão no campus

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Encontro inédito do Ministério de Universitários lança as bases do trabalho que promete transformar estudantes em missionários

Representantes do mundo todo discutiram como engajar na missão 1,5 milhão de universitários adventistas. Foto: Nick Kross
Representantes do mundo todo discutiram como engajar na missão 1,5 milhão de universitários adventistas. Foto: Nick Kross
A universidade secular é um dos ambientes mais hostis à fé cristã. Por isso, pais religiosos temem que os filhos enfrentem uma crise espiritual na faculdade. Essa preocupação é válida e compartilhada pela sede mundial da igreja, que deu um passo concreto a fim de que o ministério para universitários (AMiCUS, antiga sigla em inglês) funcione de forma mais efetiva.

Reunidos em Silver Spring, Maryland (EUA), 50 delegados do mundo todo participaram de um encontro inédito e pioneiro. Eles discutiram sobre métodos de mentorear melhor o total de 1,5 milhão de universitários adventistas que não estudam nas instituições da igreja. Divididos em grupos de trabalho, líderes e voluntários conversaram sobre o papel da igreja local no ministério universitário, adaptações na estrutura administrativa e a elaboração de um manual. As recomendações do grupo devem ser divulgadas em breve.

NOVA VISÃO

Iniciativas pessoais e institucionais nessa área já existem há anos. Desde 1989, por exemplo, a igreja publica em quatro línguas, incluindo o português, a revista Diálogo Universitário (dialogue.adventist.org). No Brasil, por sua vez, agremiações realizam encontros anuais sobre criacionismo, arqueologia e comportamento. E algumas chegam a organizar projetos sociais. Porém, a ênfase agora é outra. Em vez de apenas “proteger” os estudantes, a ideia é capacitá-los para que sejam missionários no campus.

Para esse desafio, o pastor sul-coreano Jiwan Moon foi escolhido em abril de 2014 como o primeiro líder do Ministério para Campi Públicos (PCM, nova sigla em inglês). Ele tem a tarefa de estabelecer essa nova visão e formar líderes regionais ao redor do mundo que trabalhem com discipulado e formação de missionários. O pastor Moon já demonstrou habilidade no pastoreio de universitários no Canadá, onde obteve uma taxa de 95% de retenção entre a juventude.

Só nos Estados Unidos são 22 milhões de universitários, enquanto o Brasil tem 7,3 milhões

No evento, o pastor Ted Wilson, presidente mundial da igreja, disse que as universidades são um dos campos missionários mais esquecidos do mundo. Só nos Estados Unidos são 22 milhões de universitários, enquanto o Brasil tem 7,3 milhões. O líder mundial estimulou o grupo a se inspirar na experiência dos apóstolos: “Jesus subiu. O Espírito Santo desceu. Os discípulos saíram e viraram o mundo de cabeça para baixo.”

Jiwan, que tem doutorado em Ministério pela Universidade Andrews, acredita que o fator determinante seja a postura do estudante no campus: influenciar ou ser influenciado. Para ele, a maioria dos jovens que perdem a fé quando estão na universidade é imatura espiritualmente. “Muitos não tiveram a oportunidade de experimentar o estágio reflexivo da fé, no qual o cristão se pergunta sobre a razão de sua prática religiosa”, pontua.

Dois delegados representaram a América do Sul no encontro: o pastor Areli Barbosa, líder de jovens no território sul-americano, e o sociólogo Thadeu Silva, que viu com entusiasmo essa ênfase na missão. “Em alguns lugares isso tem funcionado bem, como em Papua-Nova Guiné, Romênia, Espanha e Estados Unidos”, exemplifica. Thadeu, que desde 2003 tem viajado pelo Brasil participando de encontros universitários, acredita que a igreja precisa ser mais assertiva ao trabalhar com esse grupo. Segundo o pastor Areli, não haverá mudança na estrutura da igreja, mas aprimoramento no atendimento aos universitários.

WENDEL LIMA é editor associado da Revista Adventista (com colaboração de Andrew McChesney, da Adventist Review)

Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.