Congresso de teologia desafiou estudantes a trabalhar em missões no exterior

A realização desse encontro confirma o despertamento da Igreja Adventista no Brasil para sua contribuição no campo mundial. Vale lembrar que no fim de fevereiro a sede sul-americana adventista enviou 25 famílias missionárias para o Oriente e, em setembro, o Unasp, campus Engenheiro Coelho, deve reunir, no congresso I Will Go, 1.200 universitários que desejam servir além-mar.
Enxergando que o Brasil pode se unir à Coreia do Sul, Filipinas e Nigéria como um celeiro de missionários, líderes e missiólogos foram ao Unasp com o objetivo de inspirar os alunos e dialogar com os professores sobre futuras parcerias. Gente do nível do Dr. Jon Dybdahl, um dos maiores missiólogos da denominação, e Gary Krause, diretor do departamento de Missão Global da sede mundial da igreja.
Programação
O evento contou com palestras, debates em grupo, lançamento de livro, apresentação de pesquisas da pós-graduação em Missiologia do Unasp, testemunhos em vídeo de missionários brasileiros e recrutamento de voluntários para o campo mundial. Os congressistas conheceram as três principais modalidades de envio de missionários praticadas pela Igreja Adventista: funcionários remunerados da denominação, estudantes missionários e voluntários de autossustento. Essa última categoria é mantida especialmente por ministérios de apoio, como o Adventist Frontier Missions, que foi representado no evento por Conrad Vine e John Baxter. Segundo o site da AFM (afmonline.org), o ministério atua em 19 países com 96 missionários.
Durante os dois primeiros dias, Dybdahl apresentou aulas sobre teologia da missão, porém, ele reservou para a manhã de domingo uma mensagem motivacional para os congressistas. Referindo-se ao texto de Mateus 24:14, ele disse que os cristãos precisam acreditar que o fim da história de pecado virá com a pregação do evangelho a toda criatura.

Despertamento
“Por muitos anos, a igreja mundial olhou para o Brasil como um campo missionário. Mas nos anos mais recentes isso tem mudado. A igreja no Brasil tem contribuído com ofertas para o exterior, mas também pode enviar missionários. Deus tem abençoado o Brasil com o crescimento do número de membros, igrejas plantadas, uma TV e editora fortes. Por esse país estar sendo abençoado por Deus, ele precisa abençoar o mundo”, avaliou Gary Krause, líder mundial que encontrou um espaço em sua agenda para estar dois dias com os estudantes.

Outro líder sul-americano que falou no encontro foi o pastor Herbert Boger, coordenador do projeto Missionários para o Mundo. Ele descreveu como foi o processo de seleção dos missionários que estão no Oriente. “Ter morado no exterior, domínio do inglês e não ter filhos pequenos foram alguns requisitos”, informou Boger. Ele destacou também o desprendimento do grupo e a consciência desses voluntários sobre os riscos que correm ao trabalhar em países com alta intolerância religiosa.
Existem vagas
Ao se deparar com as inúmeras necessidades do campo mundial, especialmente dos países em que a presença cristã e adventista é inexpressiva, dezenas de estudantes manifestaram interesse de trabalhar no exterior. Alguns deles se manifestaram publicamente, como o aluno de Teologia, Gustavo Henrique Silveira. Ele disse que desde a adolescência deseja servir no Oriente Médio. Hoje casado e pai de um garoto de dez anos, vê que o sonho parece mais distante de ser realizado. Porém, Gustavo foi orientado pelos palestrantes a estudar inglês, orar e se preparar com a família para alguma missão transcultural.

Irismar Gonçalves, presidente do diretório acadêmico da faculdade e um dos organizadores do evento, acredita que Deus conduziu o evento, tornando uma programação incialmente interna em algo que pode ter implicações mais abrangentes. Ele enxerga duas razões para o grande interesse dos alunos pela temática: um despertamento da igreja e a falta de vagas de trabalho no território nacional. Com a abertura de novos seminários adventistas no Brasil, os cursos têm formado mais pastores do que a denominação pode contratar. Nesse contexto, o campo missionário parece ser uma opção interessante para direcionar essa mão de obra excedente.
Parcerias
“A impressão que temos é que o mundo adventista está olhando para nós brasileiros e clamando por nossa participação”, avaliou o professor Adolfo Suárez, recentemente nomeado secretário acadêmico da Faculdade Adventista de Teologia. “Nós temos que repensar nosso papel no preparo de um perfil de estudante que daqui poucos anos pode estar servindo no campo missionário”, completou Adolfo, natural da Bolívia, mas que vive no Brasil há algumas décadas.
Adolfo disse que a realização do congresso foi uma boa oportunidade para que, a partir do evento, a coordenação do curso pense em mudanças. Segundo ele, isso pode incluir ajustes na grade curricular e no programa de estágios, a visita de missiólogos para ministrar classes intensivas, a facilitação de intercâmbio e a autorização para que alunos de teologia façam um segundo curso paralelamente ao seminário. Essa dupla formação seria uma vantagem para o ingresso em países que não permitem a entrada de ministros ou missionários. Com essas adaptações, Adolfo acredita que o Unasp poderá formar estudantes que darão uma contribuição internacional em larga escala, como de fato já tem ocorrido pontualmente.
WENDEL LIMA é editor associado da Revista Adventista
Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.