Clamor por restauração

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Motivos para você atender à convocação da igreja e jejuar no dia 1º de maio

Adolfo Suárez

Foto: Adobe Stock

A crise era nacional: o decreto ordenava a morte dos judeus. Muito aflita, a rainha Ester enviou este recado a Mordecai: “Vá e reúna todos os judeus que estiverem em Susã, e jejuem por mim” (Et 4:16). Diante da crise, a rainha propôs um jejum como preparativo para a resolução do conflito. O que aconteceu? Deus poupou a vida dos judeus, transformando a angústia em paz e alegria.

SIGNIFICADO

O jejum era considerado uma prática muito importante nos tempos bíblicos. Mas o que ele significa? Um breve olhar nas palavras bíblicas é bastante esclarecedor. O substantivo hebraico tsom pode ser traduzido como “abster-se de alimento”, “abstinência”. Além disso, a expressão “afligir a alma” se refere ao jejum, mostrando que era mais um exercício espiritual do que a tentativa de punir o corpo de alguma forma. Por outro lado, o jejum também enfatizava que a vida espiritual do povo de Deus era tão importante quanto sua existência física.

No Novo Testamento, nestis significa “ter o estômago vazio”. Dessa palavra derivam nesteuo, “jejuar”, e nesteia, “jejum”. Tanto em sua forma verbal como na substantivada, essas palavras significavam “não comer”, “abster-se de comida”, “passar fome”. Assim, o estudo das palavras bíblicas e a avaliação da prática entre o povo nos mostra que jejuar geralmente significava ficar sem comida e bebida por um período.

RAZÕES PARA A PRÁTICA

Não havia um mandamento específico que orientasse o jejum dos israelitas, mas a leitura da Bíblia deixa evidente que certas ocorrências motivavam o jejum. Havia jejum em época de guerra: Israel jejuou em Betel na guerra contra os benjamitas (Jz 20:26). Por outro lado, praticava-se jejum diante da doença: o rei Davi jejuou e chorou por seu filho enquanto o menino estava doente (2Sm 12:16). Observa-se também que havia jejum em períodos de luto: homens valentes de Jabes-Gileade jejuaram durante sete dias por Saul (1Sm 31:13). Na época de Esdras, os filhos de Israel jejuaram como um ato de penitência (Ne 9:1).

Outro motivo para o jejum era o perigo iminente: o rei Josafá proclamou jejum em todo o reino de Judá quando se viu ameaçado pelos filhos de Moabe e Amom (2Cr 20:3). Diante de uma jornada provavelmente perigosa, Esdras proclamou um jejum (Ed 8:21). Também jejuava-se em tempos de aflição: preocupado com a situação de Daniel, o rei Dario passou a noite em jejum (Dn 6:18).

É necessário destacar que a prática do jejum era acompanhada por algumas atitudes muito importantes: orações e súplicas (Dn 9:3), confissão de pecados (1Sm 7:6; Ne 9:1, 2), humilhação (Dt 9:18) e leitura das Sagradas Escrituras (Jr 36:5, 6).

Finalmente, é bom lembrar que três tipos de jejum são geralmente reconhecidos ao longo da história do cristianismo: parcial, em que a dieta é limitada, embora alguns alimentos sejam permitidos; normal, em que não há ingestão de alimentos por um período de tempo prescrito, mas pode haver ingestão de líquidos; e ­absoluto, em que há uma abstinência total de alimentos e líquidos.

UM CONVITE ESPECIAL

Considerando a importância do assunto e a seriedade dos tempos em que vivemos, no dia 1º de maio deste ano ocorrerá um evento especial em todo o território da Divisão Sul-Americana: o Jejum Restauração. Durante 10 horas estaremos jejuando, orando, lendo as Escrituras e clamando por 10 motivos especiais: a restauração dos enfermos, das famílias enlutadas, da solidariedade, dos casamentos, do culto da família, das forças para os profissionais de saúde, da confiança em Deus, do compromisso espiritual, do estudo da Bíblia e dos que se afastaram de Jesus.

Todos os adventistas estão convidados. Por isso, prepare-se e participe, seja de um jejum parcial, normal ou absoluto. Vivemos tempos de crise, e o jejum pode preparar nosso coração para a resolução de conflitos, o recebimento de bênçãos ou a humilde aceitação da vontade de Deus em nossa vida.

ADOLFO SUÁREZ, pastor e doutor em Ciências da Religião, é reitor do Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia, com sede em Brasília (DF)

(Artigo publicado originalmente na edição de abril de 2021 da Revista Adventista)

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Última atualização em 28 de abril de 2021 por Márcio Tonetti.