Ética digital

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Precisamos ensinar nossos filhos a manter sua integridade no ambiente real e virtual

Wellington Barbosa

Foto: Adobe Stock

O que significa educar? A pergunta parece simples, mas foi respondida de maneiras distintas ao longo do tempo. Por exemplo, os gregos buscavam uma educação mais ampla, centrada no desenvolvimento da virtude, da ética, da filosofia e das artes, acreditando que a educação deveria formar cidadãos capacitados para a vida em sociedade. Por sua vez, os romanos focalizavam mais na formação prática para o governo e administração do império, com ênfase nas habilidades retóricas e militares.

No entanto, para os hebreus, o sentido era diferente. Embora as Escrituras não dissertem especificamente sobre o tema, os princípios que se encontram em suas páginas podem ser sistematizados em três pontos. A ação de educar deveria levar as pessoas a (1) conhecer a Deus (Dt 6:4-9); (2) cultivar um caráter íntegro (Pv 1:2-4); e (3) refletir a santidade divina (Lv 19:2). Esses princípios deveriam permear toda a vida e nortear o comportamento, independentemente da posição social.

A clássica definição de Ellen White sobre o tema parece ecoar essa estrutura tríplice: “Restaurar no ser humano a imagem de seu Autor, ­levá-lo de novo à perfeição em que fora criado, promover o desenvolvimento físico, mental e espiritual para que se pudesse perceber o propósito divino de sua criação, […] esse é o objetivo da educação, o grande objetivo da vida” (Educação [CPB, 2021], p. 9).

Seja on-line ou off-line, o Senhor é soberano sobre todas as coisas

Dessa maneira, a educação, sob o ponto de vista bíblico, está relacionada com a transformação da mente conforme a vontade divina (Rm 12:2), a fim de que homens e mulheres sejam uma expressão palpável de Deus no contexto em que vivem. Pensar dessa maneira no mundo real parece ser algo fácil. Nós educamos nossos filhos para que tenham boas maneiras, sejam dedicados na escola, envolvidos com a igreja e façam a diferença na comunidade.

Contudo, parece que nesse processo alguns de nós nos esquecemos de que também precisamos ­ensiná-los a encarar o mundo virtual com os mesmos filtros e a mesma ética do mundo real. De fato, estamos lidando com uma geração de nativos digitais que já tem dificuldade de distinguir a vida ­on-line da off-line. Embora devamos ser cuidadosos com a exposição precoce das crianças aos recursos digitais, mais cedo ou mais tarde elas terão que interagir nesse ambiente. E como farão isso? Em vez de ignorar ou proibir sua utilização, precisamos ­educá-las para que tenham cuidado e façam o melhor uso daquilo que se encontra disponível na internet.

Uma visão compartimentalizada da vida tem feito com que muitas pessoas tenham comportamentos distintos nos ambientes reais e virtuais. A privacidade e disponibilidade de acesso a elementos reprováveis têm sido a ruína de muitos que parecem se esquecer de que, seja on-line ou ­off-line, o Senhor é soberano sobre todas as coisas. Para evitar que nossos filhos cometam o mesmo erro, precisamos levá-los a fazer uma “aliança com os olhos” (Jó 31:1) para que tudo que seja verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável e de boa fama sempre ocupe seu pensamento (Fp 4:8).

WELLINGTON BARBOSA é editor da Revista Adventista

(Editorial da edição de agosto/2023 da Revista Adventista)

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Última atualização em 1 de setembro de 2023 por Márcio Tonetti.