A imigração japonesa e o adventismo no Brasil

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Como a mensagem adventista alcançou as comunidades nipônicas do nosso país

Elder Hosokawa e Eliane Imayuki Hosokawa

Crédito da imagem: Adobe Stock

Junho é lembrado como o mês da imigração japonesa no Brasil. No dia 28 de abril de 1908, o navio Kasato Maru deixava o porto de Kobe, no Japão, com os primeiros imigrantes, rumo ao Brasil. A embarcação tinha sido construída em 1900, participara da guerra russo-japonesa em 1905 e pesava cerca de 6 mil toneladas. Foram 52 dias de viagem. Já era noite de 17 de junho quando a tripulação avistou as luzes da costa brasileira. Assim, em 18 de junho de 1908, aproximou-se do cais do porto de Santos, às 9h30, para o exame de saúde dos imigrantes e atracou perto das 17h no Cais Nº 14. No dia 19 de junho, às 7h, o líder do grupo, Ryo Mizuno, iniciou o desembarque de 793 imigrantes, grupo formado por 165 famílias e 12 imigrantes independentes que vieram trabalhar nas lavouras de café do interior paulista.

Kasato Maru, o navio que trouxe os primeiros imigrantes japoneses para o Brasil, atracado no no porto de Santos, em 1908. Foto: Wikipedia / Domínio público

De lá para cá, esse grupo cresceu bastante. Para se ter ideia, hoje o Brasil concentra a maior comunidade nipônica fora do Japão. Tendo em vista o Dia do Imigrante Japonês (18 de junho), pretendemos contar a seguir como a mensagem adventista alcançou as comunidades nipo-brasileiras.

A sondagem do governo japonês na região de Artur Nogueira

No dia 21 de junho de 1906, os trilhos da Estrada de Ferro Funilense chegaram à região da Lagoa Seca, no Sítio Novo, e uma locomotiva estreou com o típico barulho e fumaça. A Estação Artur Nogueira, da linha férrea Funilense, ficou pronta em 1907 e a notícia da recém-inaugurada obra atraiu a atenção do ministro plenipotenciário japonês, Sadazuschi Uchida, e de seu secretário, Arije Miuza, que estavam em busca de um local para a formação de núcleos de imigrantes japoneses. A visita deles à região repercutiu na imprensa daquela época, chamando atenção inclusive do periódico satírico O Malho.

O povoado acabava de ser alcançado pelos trilhos da antiga Estrada de Ferro Funilense. Belgas, alemães, russos, espanhóis e italianos foram atraídos ali por promessas de financiamento de terras. Mas, em razão do elevado preço das terras em Artur Nogueira, os primeiros imigrantes buscaram outras paragens.

Cerca de seis anos depois, em 1913, um jovem colportor chamado Willy Hein informou missionários adventistas russo-alemães que iniciavam missão em São Bernardo sobre o interesse de famílias europeias no estudo da Bíblia. Os Modro (Modrow) e Peitl estavam entre eles e foram os primeiros conversos sabatistas no eixo Campinas-Conchal. Nessa época, já existia não muito distante dali a Missão Paulista, estabelecida no ano de 1906 em Rio Claro, cidade em que imigrantes europeus já vinham substituindo a mão de obra escrava desde a segunda metade do século 19.

Nessa região, décadas mais tarde, em 1983, também surgiu o Unasp, campus Engenheiro Coelho, e em 1989 foi inaugurada a União Central-Brasileira, sede administrativa adventista para o estado de São Paulo.

O Collegio Adventista e os primeiros imigrantes japoneses

Há quase um século, em 1925, o Collegio Adventista matriculou o primeiro imigrante japonês. Tratava-se do estudante Samulo (ou Saburo) Kitajima, que foi referência para os que chegariam na década de 1930. Seu empenho na campanha da recolta de donativos na cidade de São Paulo chegou a ser noticiado na Revista Adventista. Infelizmente, ele contraiu tuberculose e faleceu em 1930.

Outro japonês, Shunji Nishimura (1910-2010), pioneiro da Jacto, conhecida empresa de implementos agrícolas, iniciou sua educação agropecuária no Brasil dentro da filosofia cristã adventista em 1934. Seguiram os rastros luminosos do jovem pioneiro outros mais: Tossaku Kanada (1912-1978), Shichiro Takatohi (1912-2005) e Kiyotaka Shirai (1920-1987), para mencionar apenas os primeiros imigrantes japoneses.

O Collegio Adventista, no Capão Redondo, se projetou na região sul da capital paulista, onde centenas de famílias de imigrantes se estabeleceram na primeira metade do século 20 nas imediações de Itapecerica da Serra e Embu das Artes, compondo o cinturão verde da região metropolitana de São Paulo. Assim, dezenas de famílias de imigrantes japoneses buscaram a Educação Adventista para seus filhos. 

Do Japão para o Collegio Adventista

O maior destaque, sem dúvida, foi a trajetória missionária de Tossaku Kanada. Nascido em Okayama, ele se tornou membro da Rikkokai, uma organização cristã fundada por Hyodaiu Shimanuki, que deu apoio à migração de jovens estudantes japoneses para as Américas.

Kanada migrou em 1931 para o Brasil e matriculou-se no dia 11 de janeiro de 1932 no antigo Collegio Adventista, atual Unasp, campus São Paulo. Não demorou para ser batizado pelo capelão da instituição, pastor Rodolpho Belz, juntamente com outros 11 colegas. 

Graduou-se na 14ª turma da Faculdade Adventista de Teologia em 21 de setembro de 1935. Esse grupo era constituído por 17 formandos, sendo cinco mulheres e 12 rapazes. Dois dias depois da colação, com uma carta-chamado recebida duas semanas antes, Kanada estreou em Santos nas conferências do pastor Ricardo Wilfart. A equipe evangelística incluía o casal pastoral João e Alcina Margarido Linhares e duas obreiras bíblicas, Ilka Reis e Iracema Zorub.

Logo ele foi convocado para auxiliar o pastor Guilherme Ebinger, tesoureiro da antiga Associação Paulista. Ainda solteiro, foi obreiro nas conferências do bairro paulistano Pinheiros, conduzidas pelo pastor Herbert Hoffmann com a ajuda de Renato Oberg e Emanuel Zorub. Além disso, em 1936 ele coordenou uma série evangelística na Vila Matilde. Em 11 de fevereiro de 1937, casou-se com Helena Krieger na antiga capela da CPB. Tiveram três filhos: Ivone, Silas Osmar e Paulo. Recém-casados, foram enviados para Presidente Prudente, distrito que se estendia de Assis a Presidente Epitácio.

A guerra no horizonte do Brasil e a detenção do pastor Kanada

Em 1938, o pastor Kanada foi transferido para Marília, no interior paulista. Lá havia pouco mais de 20 pessoas matriculadas na Escola Sabatina, incluindo crianças. As reuniões eram realizadas numa casa de madeira. O casal tomou conta desse grupo e de outros existentes na cidade. Além do evangelismo, poucos anos depois foi organizada no distrito de Avencas a Escola Primária Adventista, formada por crianças adventistas e filhos de imigrantes japoneses. Vale lembrar que esse pioneiro japonês também se envolveu na construção da Igreja Adventista de Marília, inaugurada em 16 de março de 1940.

Inauguração da Igreja Adventista de Marília, resultado de dois anos de conferências do obreiro evangelista Tossaku Kanada. Foto: Acervo

Em 18 de janeiro de 1941, oito obreiros, incluindo Kanada, foram ordenados ao ministério, numa cerimônia que contou com a presença do historiador, educador, escritor e pastor Everett D. Dick, representando a Associação Geral. Nesse ano, Kanada aconselhou o jovem Antônio Joaquim de Sousa, da região de Lins, a não transgredir o sábado, obedecer ao sexto mandamento (“Não Matarás”) e manter-se fiel às suas convicções religiosas.

Em 22 de agosto de 1942, Getúlio Vargas respondeu à pressão da população e dos americanos, e o Brasil entrou em “estado de guerra”. Com isso, os estrangeiros, principalmente da Alemanha, Itália e Japão, tornaram-se inimigos da coalização oposta, os Aliados, incluindo o Brasil. Surgiu uma violenta reação contra os japoneses que foi conhecida como “perigo amarelo”. E a expressão “cidadãos do Eixo” começou a revelar um profundo preconceito dos brasileiros em relação aos imigrantes japoneses, alemães e italianos.

Pastor adventista em destaque no Estado Novo

Antônio, o jovem adventista que havia recebido conselhos do pastor Kanada meses antes, foi convocado em 1941 para servir no 3º Grupo de Artilharia, em Campo Grande (MS), 9ª Região Militar. Ao recusar-se a cumprir suas obrigações cotidianas no quartel aos sábados, foi preso em 8 de novembro de 1941. Paralelamente, o pastor Kanada foi investigado, denunciado e preso por supostamente ter instigado desobediência coletiva no cumprimento da lei. Ao ser julgado pelo Tribunal de Segurança Nacional, o japonês foi considerado culpado porque, como pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia, em suas prédicas, “instigara a desobediência coletiva” ao cumprimento da lei. Desse modo, Kanada foi condenado a três anos de reclusão. No dia 24 de setembro, deu entrada na Casa de Detenção, popularmente conhecida como Carandiru, localizada no bairro homônimo da capital paulista, para iniciar o cumprimento da pena.

Como a lei de segurança nacional proibia escrever e falar língua estrangeira, na cadeia o pastor Kanada auxiliava os que não sabiam português para escrever e traduzir cartas. Depois de ter ficado preso por cerca de um mês, chegou à sua cela Noboru Nishide (1913-2003), um comerciante da cidade de Piracicaba (SP). Nishide havia sido preso por estocar querosene em seu estabelecimento.

Na prisão, havia outros japoneses cristãos que, com a autorização do carcereiro, podiam falar japonês na parte da manhã, desde que portassem uma Bíblia em suas mãos. Nishide recebeu uma cópia do Novo Testamento, lendo-o em poucos dias. Porém, como não conseguia entender o Apocalipse, procurou um presidiário religioso, mas o companheiro de cela não conhecia muito sobre o assunto. Então, recorreu ao pastor Kanada em busca de uma explicação. Nishide ouviu as explicações. Convicto do amor de Deus, decidiu seguir a Cristo. A conversão de Nishide foi uma resposta às orações do pastor Kanada e uma confirmação de que “todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8:28).

“Curiosa questão jurídica”: título da matéria publicada pelo jornal Diário da Noite em 1944 sobre o julgamento do pastor adventista japonês

No dia 22 de janeiro de 1944, a imprensa noticiava a liberação iminente (habeas corpus) no Supremo Tribunal Federal. Como reflexo, em 29 de outubro de 1944, após idas e vindas, foi concedido habeas corpus ao pastor Kanada, impetrado pelo advogado Evandro Lins e Silva. Na década de 1940, no Estado Novo, o doutor Evandro defendeu mais de mil presos políticos gratuitamente, incluindo Kanada. Uma frase atribuída a ele foi esta: “Eu tenho o vício da defesa da liberdade. Não escolho causas para defender alguém”. Além de advogado, foi procurador-geral da República, ministro do STF e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL). Ele apelou para o STF e o ministro adventista oriental, vítima do “perigo amarelo”, foi absolvido por voto minerva do cumprimento de toda a sentença. Dezenas de reportagens publicadas em jornais do Rio de Janeiro, São Paulo e Recife repercutiram o processo da prisão, julgamento e soltura do pastor Kanada entre 1942 e 1944.

Primórdios da Igreja Adventista entre imigrantes japoneses

 No dia 6 de novembro de 1944, Kanada foi posto em Liberdade. Seu filho na fé, Nishide, também foi liberado e, posteriormente, foi convidado a ser funcionário no Colégio Adventista Brasileiro (CAB). Ali trabalhou em diversos departamentos da instituição, destacando-se nos serviços de manutenção elétrica. O casal Noboru e Toshie Nishide foi batizado em 26 de junho de 1947, ano em que o pastor Kanada trabalhou como caixa na Superbom. Nesse mesmo ano, ele foi chamado para o Instituto Teológico Adventista (hoje Instituto Petropolitano Adventista de Ensino), onde lecionou Matemática, Ciências e Religião até 1951. 

Em 1951, participou do programa de extensão do Emmanuel Missionary College (atual Universidade Andrews), e recebeu um chamado para trabalhar em Juiz de Fora (MG), onde permaneceu até 1955 e envolveu-se na construção das igrejas de Muriaé e Cataguazes.

Em 1955, foi chamado para ser pastor na igreja de Santos (SP). Posteriormente, aceitou o convite para ser professor de Bíblia no Ginásio Adventista Campineiro, atual Unasp, campus Hortolândia. Kanada aceitou o chamado e permaneceu ali por nove anos (1955-1964). No final de 1959, o pastor Kiyotaka Shirai (1920-1987) e o pastor Tossaku Kanada começaram a evangelizar os japoneses e seus descendentes. Para isso acontecer, o programa de rádio A Voz da Profecia passou a ser transmitido em japonês na cidade de São Paulo. O programa ficou no ar até o início de 1964. Em 1960, em Santo André, Kanada ministrou o casamento de Kiyoshi Hosokawa, primeiro formando nissei do curso teológico do CAB.

O pastor Tossaku Kanada (em pé, à dir.) traduzindo visitante japonês (à esq.), em 1969. O pastor Yuji Eida é o que está sentado. Foto: Acervo CNMA CW / UNASP EC

Em 9 de março de 1964, o pastor Tossaku Kanada viajou ao Japão para ingressar em cursos que ensinavam a evangelizar os japoneses. Em dezembro do mesmo ano, ele retornou ao Brasil e, em fevereiro de 1965, organizou o primeiro grupo japonês do Brasil, que se reunia aos sábados no salão de jovens da Igreja Central Paulistana e era frequentado por 16 membros. Com o passar dos anos, as restrições de uso da língua japonesa foram extintas, possibilitando a impressão de panfletos em japonês. Desse modo, séries de estudos bíblicos também foram traduzidas para esse idioma.

Como resultado desse trabalho, uma igreja com 60 membros foi organizada no fim dos anos 1960. Sua consolidação se deu nos anos 1970 com o apoio de Seiji Onoda, Fumiaki Kuramoto, Masako Fujikane Lam, Ikeda Kanai, bem como da família Takatsu, entre outras. Tossaku Kanada trabalhou com a comunidade adventista japonesa até se aposentar, em 1974, sendo substituído pelos pastores Kiyoshi Hosokawa e Kiwao Mori. Ele deixou um legado de mais de duas décadas na IASD Central Japonesa.

Congresso de jovens das igrejas japonesas de São Paulo e Assunção, no Paraguai, realizado em 1974 pelo pastor Yuji Eida e Kiyoshi Hosokawa. Foto: Acervo Kiyoshi Hosokawa

Outros dois pastores japoneses, Kojiro Matsunami e Yozaburo Bando, atuaram em campos brasileiros. Já Moisés Antônio da Silva, o amigo dos japoneses, convertido no início dos anos 1970, posteriormente se tornou pastor, tendo atuado por 11 anos na região de Shizuoka, no Japão.

Kanada sofria da doença de Parkinson, que o enfraqueceu ao longo dos anos. Faleceu em 4 de fevereiro de 1978, no Hospital Adventista de São Paulo, e foi sepultado no dia seguinte no Cemitério de Congonhas, na região sul da capital paulista.

O pastor Kanada prestou importante contribuição à Igreja Adventista do Sétimo Dia no Brasil. Ele serviu em três estados da região sudeste brasileira, e foi um professor e pastor pioneiro no evangelismo do interior paulista. Deu início ao programa evangelístico voltado à comunidade nipo-brasileira, que resultou na fundação da primeira igreja adventista japonesa no Brasil. Deixou um grande legado de serviço, comprometimento e dedicação.

Pesquisa acadêmica sobre Tossaku Kanada

Em 2014, um grupo de formandos do curso de História do Unasp, campus Engenheiro Coelho, teve acesso ao processo reunido pelo DOPS (1942-1973) em São Paulo contra Kanada. Os documentos tinham sido descobertos e cedidos pelo historiador Ubirajara de Farias Prestes Filho. Nos anos 1940, esse caso repercutiu na mídia e fortaleceu a ideia da criação do Departamento de Deveres Cívicos e Relações Públicas, inicialmente empreendido pelo pastor Domingos Peixoto da Silva.

Outra pesquisa desenvolvida em 2019 por Júlia Torres, estudante de Direito no mesmo campus, também se concentrou no processo envolvendo o pastor Tossaku Kanada.

No dia 26 de novembro de 2020, após quatro sessões do STF, em que foram julgados os processos de Geismário Santos e Margarete Furquim, o doutor Luigi Braga, advogado da Divisão Sul-Americana (DSA), citou na sessão final o pastor Kanada, rememorando esse caso pioneiro envolvendo a questão da liberdade religiosa no contexto da Segunda Guerra Mundial.

 Geismário, aprovado em primeiro lugar em concurso público, foi impedido de assumir a vaga por ter feito a prova de aptidão física no domingo em vez de prestar o exame no sábado. Margarete, professora com mais de 90 faltas na sexta-feira à noite, foi exonerada do cargo durante o estágio probatório por considerarem as faltas injustificadas. Porém, a decisão do STF foi favorável à causa de ambos, estabelecendo importantes jurisprudências.

Legado para o adventismo no Brasil e no Japão

Tossaku Kanada, Shichiro Takatohi e nossos avós paternos Sueo e Tsutae Hosokawa deixaram Tokyo e rumaram para São Paulo. Os dois primeiros estudaram no CAB. Sueo e a esposa, que era parteira, imigraram em 24 de junho de 1926 e, no mesmo ano, fizeram parte dos pioneiros da Fazenda Aliança, da Rikkokai, em Pereira Barreto, em 1926.

Sueo Hosokawa, ao centro, com os dois filhos pequenos, Kiyoshi e Miyuki. A esposa, Tsutae, é a que segura um bebê à esquerda. A foto foi feita em 1935 na Colônia Aliança, em Pereira Barreto (SP). Foto: Acervo: Sueo Hosokawa

Duas décadas depois, o jovem imigrante japonês Kiyotaka Shirai foi desafiado a colportar e conseguiu convencer Sueo e Tsutae, no interior paulista, a enviar para o colégio adventista o filho primogênito, Miyuki. O rapaz, bem como Kaneshigu e Sumiko Morimoto, foram batizados em 20 de novembro de 1947 pelo pastor Siegfried Kümpel.

Miyuki permaneceu apenas um ano na instituição e retornou para cuidar do pai, Sueo, que tinha adoecido. Assim, sua bolsa de estudos foi transferida para o irmão dela, Kiyoshi Hosokawa, batizado no Colégio Adventista Brasileiro em 19 de novembro de 1949.

O jovem Kiyoshi foi mentoreado por Kanada e Nishide, seus pais na fé, e, depois de sua conversão, completou mais de vinte férias de colportagem, o que o auxiliou nos estudos, da educação básica à graduação em Teologia. Casou-se com a sergipana Hilda, apresentada a ele numa dessas férias de colportagem, em 28 de julho de 1960, em cerimônia oficiada pelo pastor Tossaku Kanada. Pastorearam inúmeros distritos no estado de São Paulo, incluindo o de Registro, Araras, Franca, Lucélia, Adamantina, Lorena, São Paulo (IASD Japonesa), Itararé, Itapeva, Apiaí e Capão Bonito.

O casal teve quatro filhos. E assim a história, pela bondade e misericórdia do Senhor, chega até nós: Egli, Eleni, Elder e Eliane. Egli, a primogênita, é graduada em Nutrição, reside em Riverside, nas imediações de Loma Linda (EUA), e foi voluntária em vários projetos da igreja na Georgia. Eleni, mestre em Pedagogia, trabalha na União Centro-Oeste Brasileira (Ucob) e presta serviço à Divisão Sul-Americana na construção dos Referenciais para a Educação infantil. Elder atuou na Rede Adventista de Educação em São Paulo, é docente do Unasp e escreve sobre a História do adventismo. Por sua vez, Eliane lecionou na rede adventista educacional por quase 30 anos e tem contribuído na área didática da CPB nas últimas duas décadas. Casada com Guenji Imayuki, ambos estão com a família em missão no Japão há oito anos. Pastoreiam a igreja Internacional de Tokyo, a Internacional de Yokohama, a Kikugawa Filipino Church e atendem demandas do departamento de Evangelismo para estrangeiros na União Japonesa.

Kiyoshi, com 93 anos, e Hilda, 85 anos, residem em Águas Claras, no Distrito Federal, com a segunda filha.

Eis a história que nos une por laços de sangue e pela fé ao querido pastor Kanada e sua esposa, Helena, com quem tivemos o privilégio de conviver quando frequentávamos a Igreja Central Japonesa no fim dos anos 1990. Em outras oportunidades, os Hosokawa e os Kanada se encontraram, como nas visitas que o filho, professor Silas, fazia aos pais, na casa deles, perto da IASD Central Japonesa. Também fomos professores de Silmara e Mauricio, netos do pastor Kanada, em cursos de graduação.

Histórias se cruzam, experiências são rememoradas, valores inspiram, legados permanecem. Agradecemos a contribuição de todos esses pioneiros à nossa história.

SAIBA +

Tossaku Kanada (1912–1978)

https://encyclopedia.adventist.org/article?id=8GJS&lang=pt

Shichiro Takatohi (1912–2005)

https://encyclopedia.adventist.org/article?id=CGQ3

Kiyotaka Shirai (1920–1987)

https://encyclopedia.adventist.org/article?id=BGOV

Artigo “A Conversão de Imigrantes Japoneses no Brasil à Igreja Adventista do Sétimo Dia”: https://www.pucsp.br/rever/rv3_2008/i_hosokawa.htm

Trabalho de Conclusão de Curso: “Getúlio Vargas, Política e o adventismo (1926 – 1950)”: https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=794301

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Última atualização em 23 de junho de 2023 por Márcio Tonetti.