Educadora e tradutora

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Na data em que lembramos os 125 anos de nascimento da primeira professora do que hoje é o Unasp, campus São Paulo, conheça um pouco mais de sua trajetória

Equipe do Centro de Pesquisas Ellen G. White do Unasp

Foto: acervo do Centro de Pesquisas Ellen G. White do Unasp

Há exatos 125 anos nascia na capital paulista Albertina Rodrigues da Silva Simon (1896-1984). Era a filha mais velha de João Rodrigues da Silva e Maria do Rosário Silva, portugueses que vieram para o Brasil em 1894. Ela teve três irmãs e um irmão.

Albertina foi uma leitora ávida desde a infância. Sua vida escolar teve início aos seis anos de idade em uma escola pública de São Paulo. Aos nove anos, foi matriculada no Externato de São José, uma escola católica, onde estudou por quase seis anos (1906-1911). Em 1912, foi aprovada para cursar o Magistério na Escola Caetano de Campos, em São Paulo, onde se graduou em 23 de novembro de 1916. Ela cresceu sob a influência de uma família católica e, por esse motivo, no período em que estudava no Externato de São José, considerou a possibilidade de se tornar freira. Mas acabou preferindo a sala de aula em vez do convento.

Contato com o adventismo

Albertina conheceu a mensagem adventista em 1915, quando frequentou uma série de reuniões evangelísticas conduzidas por John Lipke em uma tenda montada perto de sua casa. Seu maior receio era que algo contrário às suas crenças fosse dito nas reuniões. Antes de assistir à primeira palestra, orou: “Meu Pai que está nos Céus! O Senhor sabe que sou sua filha! Se não for da Sua vontade que eu frequente essas reuniões, faça-me não gostar delas, e não voltarei mais!” No entanto, ela se tornou uma espectadora assídua e não perdeu nenhuma palestra. Depois de receber estudos ministrados pela obreira bíblica Dona Corina, e de ter várias conversas com o pastor Lipke, Albertina entendeu verdades bíblicas que não podia negar. Então, ela começou a frequentar a igreja local.

Nesse ponto, como acreditava que o sábado era o dia correto para ser observado, de acordo com a Bíblia, não podia mais trabalhar como professora da rede pública. Pediu conselho à Sra. Corina, que consultou outras pessoas, e a igreja lhe ofereceu a oportunidade de trabalhar na Casa Publicadora Brasileira. Iniciou no serviço denominacional em 27 de dezembro de 1916, como tradutora do inglês para o português e revisora. Um mês depois, em 27 de janeiro de 1917, foi batizada pelo Pastor Suesmann na Casa Publicadora Brasileira, em Santo André, São Paulo.

Na sala de aula   

Uma das turmas da professora Albertina no Colégio Adventista Brasileiro (CAB) na década de 1940. Foto: acervo do Centro de Pesquisas Ellen G. White do Unasp

Em 1918, um decreto promulgado pelo governo brasileiro determinou que nenhuma escola do país poderia funcionar sem um professor nativo para lecionar Português, Geografia e História Brasileira. Por essa razão, Albertina foi chamada para trabalhar no Seminário Adventista (hoje Unasp, campus São Paulo), onde também lecionou Matemática e Educação Física. Em 15 de janeiro de 1920, ela se casou com o obreiro bíblico Henrique Simon (1884-1974), que conheceu nas conferências bíblicas realizadas pelo pastor Lipke. O casal teve cinco filhos: Eunice (1920-2006), Lóide (1923-2015), Enéias (1932-), Tércio (1937-), e Noé, que faleceu com poucos anos de vida.

Antes de morar em Santo André, onde deu aulas particulares aos alunos da Escola Adventista local (1924-1925), ela e o esposo residiram em Porto Alegre (RS). Lá Albertina trabalhou como professora da Escola Adventista da capital gaúcha de 1920 a 1922.

No fim de 1925, ela aceitou o convite para voltar a lecionar no Colégio Adventista Brasileiro. Para ficar mais próxima ao esposo, que estava trabalhando como pastor na cidade de Itararé, no interior paulista, a família voltou para Santo André em 1929, onde deu aulas particulares e traduziu textos para a Casa Publicadora Brasileira. Em 1931, foi convidada para trabalhar no Colégio Adventista Brasileiro novamente. Retornou à instituição em 1932, onde permaneceu como professora de Português e Latim até o fim de 1957, ano de sua aposentadoria.

De 1963 a 1965, ela continuou a dar aulas de reforço de latim no Colégio Adventista Brasileiro. Também compilou excertos de autores brasileiros para livros paradidáticos do ensino fundamental. Por muitos anos, foi membro e secretária da Igreja Adventista do Jardim Alvorada, em São Paulo. Albertina faleceu em 6 de setembro de 1984, aos 88 anos, e foi sepultada no Cemitério da Paz, na capital paulista.

Como professora do Seminário Adventista por 35 anos, a educadora pioneira contribuiu para a formação da primeira geração de pastores que lideraram a IASD no Brasil. Ao longo da vida, Albertina Rodrigues da Silva Simon também se empenhou em ajudar a quem tivesse necessidade.

Fontes

“Albertina Rodrigues Simon”. Revista Adventista, ed. outubro de 1984.

“Henrique Simon”. Revista Adventista, ed. setembro de 1974.

Pasta “Simon, Albertina”. Acervo do Centro Nacional da Memória Adventista/Centro de Pesquisas Ellen G. White: UNASP-EC, Engenheiro Coelho, SP.

Lessa, Rubens S. “Ser Mãe: Missão Sagrada”. Revista Adventista, ed. maio de 1977.

Lopes, Paulo. “Albertina Rodrigues Simon”. Monografia, 1985.

Schofield, C. E. “Relatório da quinta sessão da Conferência União Brasileira.” Revista Adventista, ed. agosto de 1920.

Simon, Albertina. Uma Vida a Serviço de Deus. 1ª ed. Santo Amaro, SP: Editora Universitária Adventista, 1991.

Simon, Albertina Rodrigues. “Dedicação à Juventude”. Revista Mensal, ed. maio de 1921.

“Simon, Henrique (1884-1974).” Centro Nacional da Memória Adventista (Online). Vianna, Saulo B. “Albertina Rodrigues Simon.” Monografia, 1985.

(Este texto biográfico foi adaptado do verbete da Enciclopédia virtual adventista)

Última atualização em 24 de junho de 2021 por Márcio Tonetti.