A linguagem das lágrimas

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Uma prece pelos que choram em meio à pandemia

Marcos De Benedicto

Foto: Adobe Stock

Criador dos Céus e da Terra, Rei das estrelas e dos átomos, Senhor do macro e do micro, Tu que habitas a eternidade e cujo nome é Santo, bendito sejas do nascer ao pôr do sol, de eternidade a eternidade, do norte ao sul, do oriente ao ocidente, das profundezas às alturas, dos buracos negros às galáxias iluminadas!

Do Teu trono no templo do Céu, rodeado por milhões de anjos, lança Teu olhar sobre este pequeno planeta dominado por agentes nanométricos do mal.

Inclina os ouvidos e ouve as respirações ofegantes de pacientes com saturação mínima e hipóxia silenciosa em busca do ar precioso.

Nestes tempos terríveis, em que pessoas se vão sem um ritual de despedida, relembra os mais de 3 milhões de vítimas do vírus e escreve o nome dos santos em Teu memorial.

Num cenário de distopia, cura o povo, sara a Terra, renova a criação.

Nesta época de conspiração e negacionismo, livra-nos da inversão da realidade e dos discursos da estupidez.

Na disrupção evidenciando que não temos controle sobre nada, ajuda-nos a perceber nossa transitoriedade.

Sê nossa esperança em meio ao desespero, nossa paz em meio à inquietação, nossa certeza em meio à incerteza.

Guia os pesquisadores e abençoa os que arriscam a vida para vencer a doença.

Dirige os governantes para que tenham visão, sabedoria, senso de justiça e um pouco de humanidade.

Além dos que não têm teto, abrigo e amor, lembra-Te dos que não podem trabalhar em casa e precisam enfrentar coletivos lotados.

Transforma nossas doações e ações em pão de trigo para os desnutridos e em oferta do Pão da Vida aos famintos.

Cessa a praga para mostrar Tua glória, se esse for o Teu propósito, porque Tu vês o invisível, realizas o impossível e mudas o irreversível.

Cicatriza as escoriações e usa o lenço do futuro para enxugar as lágrimas do presente.

Ensina-nos a dizer “o Senhor o deu, o Senhor o levou; louvado seja o nome do Senhor” e “passa de mim este cálice, mas não seja feito o que eu quero, e sim o que Tu queres”.

Faze da catástrofe triunfo e da maldição bênção, porque Tu podes construir cosmos no caos, fazer crescer flores no deserto, tirar vida da morte.

Derrama sobre nós o Teu Espírito, a ­Bênção acima de todas as bênçãos, para levar vida aos que só têm por companhia a morte.

Guia-nos em segurança pelo território não mapeado do futuro, usando o GPS da profecia.

Em todas as circunstâncias, que encontremos refúgio na Rocha eterna, ao abrigo da Tua mão!

Talvez esta prece imperfeita seja torta aos Teus olhos, mas combina as letras e cria o enredo que Te parecer agradável. Que ela suba a Ti no incenso do Sacrifício, no voo de anjos, no gemido do Espírito!

Criador do Universo, Senhor das nações, Soberano dos povos, que Tua justiça prevaleça e Teu reino seja definitivamente estabelecido.

Que esta oração tenha um efeito borboleta, desperte conexões e ajude a combater o mal!

No Nome acima de todos os nomes, o A e o Z, o Primeiro e o Último, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o Indescritível, o Incomparável, o Inquestionável, o Superlativo, o conquistador da Morte e o Doador da vida, oramos. Amém!

MARCOS DE BENEDICTO é editor da Revista Adventista

(Editorial da edição de maio de 2021)

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Última atualização em 30 de abril de 2021 por Márcio Tonetti.