Fortalecendo a igreja para alcançar um mundo em crise
Stanley Arco
Na igreja apostólica não havia membros nem congregações independentes e autossuficientes. Todos pertenciam ao “corpo de Cristo”. Na Bíblia, existem exemplos que sugerem uma estrutura eclesiástica organizada.
Concílio de Jerusalém (At 15:1-31): Uma liderança representativa tomou uma decisão que foi seguida por todas as demais igrejas.
Corpo de Cristo (Ef 4:11-13): Deus deu dons aos membros do corpo de Cristo para edificar e aperfeiçoar Sua igreja.
Estrutura (1Tm 3:1-13; Tt 1:5-9): Foram fornecidas instruções detalhadas para a seleção e o papel de anciãos, diáconos e líderes das igrejas locais.
Autoridade (Hb 13:17): Os crentes foram exortados e encorajados a obedecer a seus líderes e a se submeter à sua autoridade espiritual.
Ofertas (1Co 16:1-4): Paulo promoveu um sistema no qual as igrejas de uma região enviavam ofertas para congregações de outra região.
Esses exemplos, entre outros, demonstram um sistema organizado de administração eclesiástica. Quando falamos sobre o perigo do congregacionalismo, não estamos diminuindo o valor da igreja local, pois somos uma igreja representativa que valoriza as congregações locais, as quais devem estar vivas e integradas a um sistema organizacional. O potencial da congregação é ampliado pela ação conjunta, e uma denominação representativa como a Igreja Adventista pode direcionar recursos financeiros e humanos para áreas carentes ao redor do mundo. Por outro lado, se nos concentrarmos apenas nas necessidades locais, corremos o risco de esquecer nossa missão global, e tal independência pode criar um ambiente propício para o surgimento de divisões e heresias.
Portanto, é essencial promover a comunicação, a colaboração e a consistência entre o ensino e a prática para evitar o congregacionalismo. Algumas ações se destacam nesse propósito:
1. Administrar a igreja em conformidade com a Bíblia, o Espírito de Profecia, o Manual da Igreja e seus votos e regulamentos.
2. Praticar as crenças adventistas em vez de crenças ou práticas particulares.
3. Permitir a supervisão, avaliação e a responsabilização.
4. Colaborar de maneira coordenada em projetos estratégicos.
5. Gerir os recursos considerando o corpo da igreja, por exemplo, não utilizando o dízimo em projetos locais, como construção ou outros para os quais não haja respaldo bíblico.
Ellen White ilustrou esse pensamento no livro Obreiros Evangélicos ([CPB, 2014], p. 487, 488), explicando os movimentos independentes como sendo representados pelo trabalho de cavalos fortes. Quando um avança, outro puxa para trás, ou um avança enquanto o outro fica imóvel. Não podemos aceitar o jugo de Cristo e puxar cada um para seu lado. Devemos puxar junto com Ele. Alguns utilizam toda a força que Deus lhes deu, mas ainda não compreenderam que não devem fazê-lo sozinhos. Não podemos nos isolar. Devemos puxar todos juntos e em harmonia.
Não basta correr com todas as forças em qualquer direção. Uma igreja é viva e saudável quando une todas as suas forças na mesma direção. Devemos nos lembrar de que se “agirmos de comum acordo, avançando como um só homem, sob a direção de um único Poder, para a realização de um só objetivo” abalaremos o mundo (Conselhos Para a Igreja [CPB, 2010], p. 71).
STANLEY ARCO é presidente da Igreja Adventista para a América do Sul
(Texto publicado na seção Bússola da Revista Adventista de outubro/2023)
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Última atualização em 5 de outubro de 2023 por Márcio Tonetti.