Casamento incomum

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A igreja precisa estar viva para o encontro com o Noivo

Wellington Barbosa

Crédito da imagem: Adobe Firefly

Há algum tempo, li uma notícia que chamou minha atenção. Chadil Deffy, um jovem tailandês, casou-se com sua namorada, Anne Kamsook, em uma cerimônia incomum: num velório. Para tornar a história ainda mais insólita, a pessoa que estava sendo velada era a própria noiva. O que motivou a atitude do noivo: Amor? Culpa? Loucura?

Após 10 anos de namoro, Anne sofreu um acidente automobilístico e, infelizmente, faleceu. Com a consciência pesada e o desejo de cumprir a promessa de que estariam juntos para sempre, Chadil resolveu se casar com ela na última oportunidade em que poderia lhe dar uma aliança. A notícia se espalhou pela Tailândia, e um canal de televisão resolveu transmitir a cerimônia, que também pôde ser acompanhada pelo Facebook, atraindo a audiência de aproximadamente 50 mil pessoas.

É estranho pensar em uma situação como essa acontecendo em nosso país. Não faz sentido estabelecer o pacto matrimonial com um morto! Talvez, alguém possa se apegar à crença equivocada da existência da alma imortal e até considerar a possibilidade; mas, mesmo assim, a realização de um casamento como esse seria uma situação atípica.

Apesar de parecer uma ideia absurda, na prática, alguns cristãos desejam que algo parecido aconteça em uma dimensão escatológica. Falam sobre a vinda do Noivo, anseiam a presença Dele e a celebração das bodas, mas não consideram o fato de que falta vitalidade à noiva. A mensagem à Laodiceia em Apocalipse 3:14-22 apresenta um retrato desfavorável da igreja no tempo do fim.

É LOUCURA ESPERAR QUE CRISTO VENHA À TERRA ANTES QUE SUA IGREJA SEJA PLENAMENTE VIVIFICADA PELO ESPÍRITO SANTO

Em uma descrição na qual prevalece a soberba, a avareza e a autossuficiência, a avaliação divina ressalta que a realidade é totalmente contrária: “Você não sabe que é infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu” (v. 17). O conselho, porém, da “Testemunha Fiel e Verdadeira”, é que a igreja adquira “ouro refinado pelo fogo”, “vestes brancas” e “colírio para ungir os olhos” (v. 18). Precisamos da fé provada na aflição, da justiça de Cristo e da presença do Espírito Santo em nossa vida. Não podemos nos iludir com um corpo adornado, vestido como noiva, que carece do Fôlego que lhe concede vida.

Em 1902, Ellen White fez uma afirmação que parece ecoar nossa realidade: “Cristo, em Sua capacidade mediadora, dá aos Seus servos a presença do Espírito Santo. Por que, então, a igreja é fraca e sem espírito? Certamente, um posto de serviço foi atribuído a cada membro. […] Todos devem estar dispostos a ser ou a fazer qualquer coisa nessa guerra. O único desejo de todo crente deve ser cooperar com Cristo na grande obra de salvar pessoas. Todos devem ter em vista a salvação daqueles que estão prestes a perecer” (Manuscrito 62).

Enquanto não entendermos que uma vida de comunhão com Cristo é marcada pelo poder do Santo Espírito, pela manifestação de Seu fruto, pelo compromisso com a Palavra de Deus e o envolvimento na missão, seremos iludidos com a falsa sensação de aprovação.

Não faz sentido participar de um casamento no qual a noiva esteja morta. Da mesma forma, é loucura esperar que Cristo venha à Terra antes que Sua igreja seja plenamente vivificada pelo Espírito. É tempo de reavivamento! 

WELLINGTON BARBOSA é editor da Revista Adventista

(Editorial da Revista Adventista de junho/2024)

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Última atualização em 14 de junho de 2024 por Márcio Tonetti.