Legado de fé

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O exemplo de John Andrews deve nos inspirar a fazer da missão um estilo de vida

Wellington Barbosa

Foto: Diogo Cavalcanti

Na história adventista, uma das personalidades que se destacam é a de John Andrews (1829-1883). Seu sobrenome tem sido usado para denominar salas de reuniões, clubes de Desbravadores, escolas básicas, a universidade mais representativa da igreja, uma Bíblia de estudo e, recentemente, um comentário bíblico.

Apesar dessa popularidade, é possível que muitos membros de nossa igreja desconheçam a trajetória de Andrews e sua importância para o adventismo. Nascido em Poland, uma pequena cidade do estado norte-americano do Maine, ele era proveniente de uma família de agricultores. Embora tivesse origem simples, isso não foi obstáculo para que se interessasse pelos estudos. Ainda na adolescência, o rapaz se tornou capaz de dominar conhecimentos em latim, inglês e álgebra, além de conseguir ler em vários idiomas. Promissor, familiares vislumbravam um futuro brilhante para ele nas searas do direito e da política, mas algo o levou a trilhar um caminho diferente.

Aos 12 anos, John Andrews aceitou a mensagem milerita. A crença na vinda iminente de Jesus fez com que ele abandonasse aspirações temporais para se voltar à expectativa da vida eterna. O grande desapontamento, em outubro de 1844, não conseguiu demovê-lo da ideia de servir ao Senhor. No ano seguinte, ele aceitou a vigência do sábado. Aos 20 anos, uniu-se aos adventistas sabatistas e, em 1850, iniciou seu ministério como membro do comitê editorial da principal publicação do movimento.

O legado de John Andrews para a Igreja Adventista do Sétimo Dia não pode ser subestimado e jamais deveria ser esquecido

Nas três décadas seguintes, Andrews desempenhou funções como escritor, editor, evangelista, teólogo, administrador e missionário. Sua mente perspicaz, disposição incansável e suas contribuições em diferentes áreas levaram Ellen White a considerá-lo “o homem mais capaz de nossas fileiras”. Quando os adventistas decidiram ampliar oficialmente seu alcance para além dos Estados Unidos, o nome dele caiu como uma luva, e ele se tornou o primeiro missionário enviado oficialmente ao campo internacional, em 1874.

Viúvo, acompanhado por dois filhos adolescentes, seguiu rumo à Suíça onde, com dificuldade, ajudou a lançar as sementes do adventismo na Europa. Os sacrifícios no campo missionário envolveram a perda de sua amada filha, Mary, a incompreensão de alguns líderes que não entendiam as dificuldades para se pregar a tríplice mensagem angélica no Velho Continente e os problemas de saúde, que acabaram ceifando a vida de Andrews, em 1883.

O legado de John Andrews para a Igreja Adventista do Sétimo Dia não pode ser subestimado e jamais deveria ser esquecido. Sua humildade, excelência e dedicação em favor da causa do evangelho devem inspirar todos aqueles que almejam ver Cristo voltando nesta geração. Ao celebrarmos os 150 anos de seu envio para os campos de além-mar, convém mais uma vez recordar o conselho apostólico: “Lembrem-se dos seus líderes, os quais pregaram a Palavra de Deus a vocês; e, considerando atentamente o fim da vida deles, imitem a fé que tiveram” (Hb 13:7). 

WELLINGTON BARBOSA é editor da Revista Adventista

(Editorial da edição de outubro/2024)

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Última atualização em 4 de outubro de 2024 por Márcio Tonetti.