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Um convite para deixar de lado o que é bom e buscar algo ainda melhor

Erton Köhler

Foto: Adobe Stock

Para muitas pessoas, a palavra “jejum” lembra apenas dieta, estética, greve de fome ou algum tipo de protesto. Mas o verdadeiro jejum é anterior ao surgimento da greve de fome, na Irlanda do século 8, e aos estudos sobre o seu efeito no corpo humano. Sua origem é espiritual e apresenta um convite para nos concentrarmos mais intensamente nas coisas de Deus, fazendo da comunhão algo mais importante do que a própria comida.

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Sem dúvida, os efeitos do jejum para a saúde são reais e têm sido avaliados em muitas pesquisas recentes. Além da perda de peso, ele pode ajudar a diminuir processos inflamatórios, reduzir a pressão arterial, melhorar as taxas de açúcar e gordura no sangue, prevenir diabetes e controlar variações de humor (sempre acompanhado por um profissional de saúde).

A greve de fome tem marcado importantes capítulos da história. Mahatma Gandhi foi o líder político mais famoso a fazer uso desse recurso. Barry Horne fez a greve de fome mais extensa para defender uma causa social (direitos dos animais), ficando 68 dias sem comer. O caso mais complexo, porém, foi o da ativista indiana Irom Sharmila, que passou 16 anos sem ingerir alimento, sendo nutrida à força por uma sonda.

O jejum bíblico vai além das dietas ou protestos. Segundo Ellen White, ele “rende a Deus mente, coração e vontade” (Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 189). É uma busca tão profunda pelo Senhor a ponto de deixar outras coisas em segundo lugar, inclusive a comida. “O jejum nos faz recordar que conseguimos sobreviver sem a maioria das coisas por um tempo, mas não sem Deus” (S. Joseph Kidder e Kristy L. Hodson, Revista Adventista, fevereiro de 2017, p. 15).

Chegou a hora de restaurar a prática do jejum e a experiência de consagração entre o povo de Deus

As histórias de jejum se multiplicam na Bíblia. Começam com Moisés ao receber as novas tábuas da lei (Êx 34:28) e se tornam coletivas quando os israelitas vivem um momento de humilhação e derrota (Jz 20:26). Quando o Senhor foi o centro, o jejum promoveu reavivamento, arrependimento, proteção, cura e compromisso espiritual. Porém, quando os interesses foram outros, ele se transformou em apostasia, falsidade e idolatria (Is 58). Depois de ter Sua própria experiência de jejum, Jesus lembrou que “o ser humano não viverá só de pão, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4:4). Para que isso aconteça nos últimos dias, o profeta Joel ainda recomenda: “proclamem um santo jejum, convoquem uma reunião solene” (Jl 2:15).

Nossa igreja começou valorizando esses movimentos de consagração. Entre 1850 e 1900 foram convocados 42 jejuns especiais. Chegou a hora de restaurar essa experiência na vida do povo de Deus. Ainda mais agora, que vemos os eventos finais diante de nossos olhos, a pandemia trazendo muito sofrimento, o inimigo se tornando mais ousado e o mundo esperando pelo evangelho do reino. De agora até o fim, o povo de Deus deve “pôr de parte dias de jejum e oração”, afirmou Ellen White (Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 188,189).

No dia 1º de maio, cada adventista na América do Sul está sendo convidado para um sábado de jejum e oração. Você pode seguir as diferentes opções bíblicas e experimentar um jejum total, sem alimento e sem água; um jejum normal, sem alimento, mas com uso de água; ou um jejum parcial, em que apenas alguns alimentos são excluídos da dieta. O importante é participar deste movimento de restauração e fazer uma entrega mais completa ao Senhor.

ERTON KÖHLER, presidente da Divisão Sul-Americana de 2006 a 2021, é o novo secretário executivo da sede mundial da Igreja Adventista, em Silver Spring (EUA)

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