A realização de comissões de igreja por videoconferência pode facilitar a comunicação, tornar processos mais ágeis e economizar tempo e recursos para a Obra do Senhor
Wellington Barbosa
A pandemia do novo Coronavírus impactou profundamente o modo de ser e vivenciar a igreja, obrigando-nos a encontrar alternativas para manter o senso de comunidade e missão denominacional. Uma das adaptações necessárias está relacionada ao modo como as reuniões passaram a ser feitas. Diante da impossibilidade ou limitação para agrupar os participantes, as diferentes instâncias da Igreja Adventista, desde as congregações locais até a sede mundial, adotaram de vez o uso de plataformas de videoconferência. Se antes essa tecnologia demandava a aquisição de aparelhos e sistemas por um custo elevado, atualmente basta que as pessoas tenham um smartphone, boa conexão de internet e o aplicativo instalado para participar do encontro. Essa praticidade permitiu que os membros e a liderança da igreja se mantivessem ligados uns aos outros e atentos às variadas necessidades do momento desafiador.
Aos poucos, classes de Escola Sabatina, pequenos grupos e grupos de oração buscaram caminhos para tornar suas atividades agradáveis e efetivas. Serviços de culto foram organizados de tal maneira que se mantivesse o senso de adoração comunitária, mesmo em um mundo virtual. No âmbito administrativo, a igreja também considerou a necessidade de estabelecer princípios básicos para a realização de comissões deliberativas virtuais de suas entidades.
Nos Regulamentos Eclesiásticos-Administrativos da Divisão Sul-Americana, orientações referentes às comissões diretivas de suas instituições e Uniões incluíram a permissão da legislação local para reuniões por videoconferência, o prazo de convocação mínimo de 24 horas e a possibilidade de todos os participantes ouvirem uns aos outros ao mesmo tempo. Esses princípios, exceto o prazo mínimo de convocação, foram recentemente incorporados ao Manual da Igreja pelos delegados da Assembleia da Associação Geral. Assim, as congregações locais também poderão reunir a sua comissão para deliberações on-line.
Certamente a inclusão desse dispositivo traz vantagens para a administração da igreja local. Ele permite aos participantes economizar tempo de deslocamento e mais facilidade para o agendamento da reunião. Esse benefício é bastante significativo no contexto das grandes cidades, em que muitas vezes a rotina de trabalho, o fluxo do trânsito e a distância entre o lar dos membros e a igreja são especialmente desafiadores. Além disso, a apresentação de informações pode ser mais objetiva, uma vez que interrupções podem ser melhor administradas. Eventualmente, algum fator interno ou externo à comissão pode distrair o grupo e prejudicar a dinâmica da reunião, e quem está acostumado a conduzir esses momentos sabe que, às vezes, é difícil retomar o rumo das discussões!
Contudo, apesar desses benefícios, é preciso considerar também as desvantagens desse recurso. Reuniões virtuais não permitem que se tenha uma percepção mais detalhada das reações dos participantes. Assim, uma parte importante da comunicação, seus aspectos não verbais, fica comprometida, e algum mal entendido pode ocorrer por falta de compreensão entre as pessoas. Outro ponto é a dificuldade em manter a atenção dos participantes por muito tempo. Para alguns, a tentação de fechar a câmera e fazer qualquer outra coisa no momento das deliberações é grande. Considerando a importância dos temas tratados em uma comissão de igreja, isso pode comprometer a assertividade das decisões tomadas.
Diante de vantagens e desvantagens, para que as comissões virtuais sejam efetivas, é preciso considerar ao menos dois fatores. Em primeiro lugar, a complexidade dos temas da reunião. Alguns assuntos geram pouca ou nenhuma argumentação, algo que favorece sua realização em formato virtual. Por outro lado, seria prudente que questões teológicas, disciplinares ou estratégicas fossem tratadas em uma comissão presencial. Em segundo lugar, o tempo planejado para a reunião. Se a agenda da comissão tem poucos itens de baixa complexidade, pode ser feita on-line. Caso tenha muitos itens ou algum item de complexidade média ou alta, o ideal é se reunir presencialmente.
Sem dúvida, o uso sábio dessa ferramenta de gestão resultará em comunicação mais eficiente, agilidade nos processos decisórios e economia de tempo e de recursos para a Obra do Senhor. No período em que vivemos, esses elementos são importantíssimos para o cumprimento de nossa missão peculiar.
WELLINGTON BARBOSA é editor da revista Ministério