Relatório da Tesouraria

13 min de leitura

Sociedade com Deus: a missão é nossa, o dinheiro é Dele

Paul Douglas

Deus levantou a Igreja Adventista do Sétimo Dia a fim de levar ao mundo uma mensagem especial para as pessoas no tempo do fim. Apesar da fidelidade de quase 22 milhões de membros, é Deus quem provê os recursos necessários para cumprirmos a sagrada missão para a qual fomos chamados. Que privilégio é ter Deus como nosso sócio! Por meio de nossa obediência ao devolvermos a Deus o que lhe pertence, fazemos a missão divina avançar pelo poder de Seu Espírito.

Quando a Associação Geral foi organizada, em 1863, havia, segundo os registros, 125 igrejas que entregavam um dízimo total de US$ 8.000. Quase 160 anos depois, contando com as mais de 90.000 igrejas, os dados mostram aproximadamente US$ 2,7 bilhões em dízimo, US$ 1 bilhão em ofertas para as igrejas locais e US$ 81 milhões em ofertas missionárias mundiais. Esse dinheiro é de Deus e deve ser usado para a missão que Ele nos confiou.

Ellen White escreveu que “cada dólar de nossos recursos deve ser considerado como do Senhor, não como nosso, e tratado como uma preciosa dádiva de Deus a nós confiada. Não deve ser desperdiçado com caprichos desnecessários, mas usado cuidadosamente na causa de Deus, na obra de salvar homens e mulheres da ruína” (Ellen G. White, Life Sketches [Pacific Press, 1915], p. 214).

A missão diante de nós é grande, mas “à medida que nossa vontade... coopera com a vontade de Deus, torna-se onipotente. O que quer que deva ser feito em obediência ao Seu mandar pode, com Sua força, ser realizado. Todas as Suas ordens são capacitadoras” (Ellen G. White, Christ’s Object Lessons [Review and Herald, 1900, 1941], p. 333).

OFERTAS: TENDÊNCIAS GLOBAIS

O último quinquênio presenciou um crescimento modesto em termos de dízimos e ofertas totais no âmbito mundial. No mundo todo, os membros da igreja devolveram fielmente um dízimo total de aproximadamente US$ 12 bilhões, o que representa um aumento de 6% em relação ao quinquênio encerrado em 2014. A título de informação comparativa, o percentual de crescimento do dízimo mundial total no quinquênio anterior foi de 32%.

No que se refere às ofertas, um total de US$ 429 milhões foi entregue pelos membros que compreendem e apoiam com suas doações a missão global da igreja. O total mundial de ofertas missionárias experimentou um aumento de 3% em relação ao quinquênio encerrado em 2014. Entretanto, essa cifra ficou bem abaixo da taxa de crescimento total das ofertas mundiais durante o quinquênio anterior, que foi de 37%.

As ofertas missionárias mundiais vêm mostrando um constante declínio no decorrer dos anos. Hoje, no mundo adventista, para cada dólar de dízimo devolvido pelos membros da igreja, são doados em média 3,5 centavos como oferta. Na década de 1930, o pico de ofertas destinadas à missão mundial era de 60 centavos em média. Sem dúvida alguma, precisamos reavivar o espírito de apoio à missão mundial e renovar o nosso compromisso de levar o evangelho de Jesus Cristo tanto aos de perto quanto aos de longe.

O total mundial de ofertas missionárias experimentou um aumento de 3% em relação ao quinquênio encerrado em 2014. Entretanto, essa cifra ficou bem abaixo da taxa de crescimento total das ofertas mundiais durante o quinquênio anterior, que foi de 37%.

Há um trabalho a ser feito para além dos limites de nossa seara local, e em relação a isso temos a luz dos conselhos inspirados da mensageira do Senhor: “Mostrar um espírito liberal e abnegado em prol do sucesso das missões estrangeiras é o caminho certo para avançar no trabalho missionário local, pois a prosperidade da obra local depende em grande medida, sob a ação de Deus, da influência mútua do trabalho evangelístico feito nos países distantes” (Ellen G. White, Gospel Workers [Review and Herald, 1915], p. 465).3 Esse conselho indica claramente que, quanto mais apoiarmos a missão realizada fora de nossa região, tanto mais bem-sucedida será nossa missão local.

Os dízimos e ofertas mundiais são contabilizados e geridos pelas Divisões e pelos respectivos campos missionários. Tradicionalmente, as tendências verificadas nas doações da Divisão Norte-Americana (NAD, sigla em inglês) são comparadas com as de outras Divisões e campos missionários em seu conjunto. Ao longo do quinquênio, a média de dízimos da NAD representou 44% do total mundial enquanto o valor combinado das outras Divisões e campos missionários atingiu 56%. Para ofertas missionárias, as porcentagens foram 25% e 75%, respectivamente.

POSIÇÃO E DESEMPENHO FINANCEIROS (2015-2019)

O modelo de financiamento missionário adotado por nossa igreja requer o compartilhamento de recursos entre os vários níveis da organização, que vão desde a igreja local até a Associação Geral (AG), passando pela Missão/Associação e União.

Os recursos encaminhados à AG servem para financiar ações missionárias em diferentes lugares do mundo. No fim do quinquênio, o caixa da Associação Geral, incluindo o ativo líquido e os investimentos, era de US$ 344 milhões. Isso representa um aumento de 7,9% em relação ao início do período, em 2015. Os ativos totais aumentaram 5,6%, alcançando US$ 513 milhões; os passivos totais diminuíram 7,1%, caindo para US$ 51 milhões; e os ativos líquidos totais aumentaram 7,2%, chegando a US$ 462 milhões no mesmo período. No fim do quinquênio, 67,1% do patrimônio bruto e 74,4% do líquido foram mantidos em forma de dinheiro e de investimentos.

No fim do quinquênio, o caixa da Associação Geral, incluindo o ativo líquido e os investimentos, era de US$ 344 milhões.

As receitas e rendimentos totais do quinquênio alcançaram uma média anual de US$ 243 milhões, dos quais 40,2% foram provenientes do dízimo; 31,7% de ofertas; 4,7% do retorno de investimentos; 4,7% das taxas de contratação cobradas pelo Serviço de Auditoria da Associação Geral (GCAS, sigla em inglês); 5,2% de doações e bens cedidos por membros da igreja; 9,1% de recursos restritos liberados para fins específicos; e 4,4% de outras fontes.

As despesas totais do quinquênio foram de US$ 240 milhões, dos quais 32,2% correspondem a verbas das Divisões mundiais, das instituições da AG, das unidades separadas operadas por um comitê diretivo e da janela 10/40. As demais despesas do programa representaram 35,2% do total gasto, enquanto as de apoio chegaram a 13,5%. O departamento de Recursos e Serviços de Pessoal Internacional (IPRS, em inglês) e o GCAS atingiram juntos o percentual restante de 19,1%.

No fim do quinquênio, a AG contava com 90,68% da quantia recomendada como capital de giro e 104,63% do patrimônio líquido, considerando os compromissos assumidos.

O IMPACTO DO COVID-19

A pandemia de COVID-19 foi tão destrutiva quanto perturbadora. O vírus deixou um rastro de milhões de mortos e numerosas empresas fechadas. Depois disso, a vida, como bem sabemos, nunca mais será a mesma. Entretanto, os efeitos da pandemia não puseram em risco apenas a vida humana e o bem-estar econômico. Também ameaçaram nossa comunhão com os irmãos da igreja. Mais de dois anos depois, muitos edifícios da igreja permanecem fechados. Somos gratos a Deus pela bênção da tecnologia que nos mantém conectados virtualmente, porém a convivência digital não basta. Há muita coisa que o Zoom é incapaz de fazer.

As operações financeiras da AG não foram imunes aos efeitos da pandemia de Covid-19. Em fervorosa oração, os líderes da igreja pediram ao Senhor sabedoria para tomar decisões urgentes e necessárias em resposta a uma importante crise financeira. A decisão tomada e registrada por escrito foi a de manter a viabilidade financeira e sobreviver à crise sem afetar a essência da missão, adaptando nossas operações a fim de poder alcançar esses objetivos.

POSIÇÃO E DESEMPENHO FINANCEIROS

Agora, dois anos depois de iniciado o novo quinquênio, podemos louvar a Deus pela recuperação em nossa situação financeira posterior à desaceleração experimentada em 2020. Isso nos permite respirar um pouco, pensar melhor e implementar ações mais estratégicas a fim de empregar com maior eficácia os recursos divinos destinados à missão. Não podemos continuar administrando a igreja com a “mentalidade de sempre”.

No fim de 2021, o saldo de recursos financeiros e de investimentos era de US$ 414 milhões, significando um aumento de 20,3% a contar de 2019. Os recursos totais aumentaram 15,9%, chegando a US$ 594 milhões, o passivo total aumentou 23,1%, passando a US$ 62 milhões, e o patrimônio líquido total cresceu 15,1%, atingindo US$ 532 milhões para o mesmo período. No fim de 2021, 69,6% dos ativos totais e 77,8% do patrimônio líquido foram mantidos em forma de dinheiro em caixa e de investimentos.

Depois de comparar os dados de 2019 com os de 2021, vemos o retrato das bênçãos de Deus, que nos inspira a continuar sendo fiéis mordomos dos recursos que Ele provê para nossa missão.

O total de receitas e rendimentos em 2021 foi de US$ 270 milhões, dos quais 33,6% vieram dos dízimos, 26,8% das ofertas, 3,2% do retorno de investimentos, 4,4% das taxas de contratação cobradas pelo GCAS; 14,5% das doações e bens cedidos por membros da igreja; 9% de recursos restritos liberados para fins específicos; e 8,5% de outras fontes.

Em 2021, as despesas totais foram de US$ 215 milhões, dos quais 32,4% correspondem a verbas das Divisões mundiais, das instituições da AG, das unidades separadas operadas por um comitê e da janela 10/40. As demais despesas do programa representaram 34,8% dos gastos totais, enquanto as de apoio chegaram a 13,3%. Juntos, o IPRS e o GCAS representam os 19,5% restantes. Essas porcentagens são consistentes com a média dos demais anos do quinquênio.

No fim de 2021, a AG contava com 97,61% da quantia recomendada como capital de giro e 112,61% em forma de patrimônio líquido, considerando os compromissos assumidos. Essas duas porcentagens foram superiores às de 2019.

FINANCIAMENTO DAS DIVISÕES E INSTITUIÇÕES

Todos os anos, a AG provê verbas regulares e especiais para subvencionar o trabalho das Divisões, campos missionários existentes em seus respectivos territórios, instituições e atividades realizadas na janela 10/40. O montante das verbas distribuídas permaneceu relativamente estável durante todo o quinquênio. As verbas alocadas em 2021 são consistentes com os valores praticados em todos os anos do quinquênio. Da verba de US$ 67,6 milhões referente a 2021, 55% foram destinados às Divisões e campos missionários; 40,9% às instituições da AG e 4,1% às atividades subvencionadas realizadas na janela 10/40.

FINANCIAMENTO DA MISSÃO GLOBAL

O programa Missão Global, administrado pelo escritório da Adventist Mission, é nossa iniciativa oficial destinada a envolver todas as entidades da igreja no estabelecimento de novos grupos e congregações em áreas geográficas sem presença adventista e entre grupos culturais não alcançados. As ofertas missionárias e as doações direcionadas são as principais fontes de financiamento desse programa. Durante o quinquênio, 5.467 projetos foram financiados, somando um total de US$ 50,7 milhões investidos, o que representa uma média de 1.600 pioneiros por ano aceitando o desafio de desbravar novos territórios para alcançar novos grupos sociais e culturais. Esses recursos procedem de fundos da AG (41%), das Divisões (17,6%), das Uniões (15%), dos campos locais (20,1%) e de outras fontes (6,3%).

FINANCIAMENTO DO PROGRAMA DO IPRS

Dentro da AG, o IPRS é o departamento de recursos humanos que atende os missionários adventistas ao redor do mundo desde o momento em que são comissionados até o retorno deles a seu país de origem. Funciona como um elo entre a sede mundial da igreja e as Divisões que contratam missionários para o serviço internacional (ISEs, sigla em inglês).

Até dezembro de 2021, 367 famílias de 66 nações serviram em 82 países. As Divisões que comissionavam o maior número de missionários internacionais eram a Norte-Americana, a Sul-Americana e a do Pacífico Sul-Asiático.

Até dezembro de 2021, 367 famílias do ISE, procedentes de 66 nações, serviram em 82 países. As Divisões que comissionavam o maior número de missionários internacionais eram a Norte-Americana, a Sul-Americana e a do Pacífico Sul-Asiático. A maior alocação orçamentária da Associação Geral — 16,5%, que corresponde a uma média anual de US$ 27,2 milhões —destina-se ao programa missionário administrado pelo IPRS.

O CAMINHO A SEGUIR

A igreja não está imune às mudanças econômicas à sua volta nem à turbulência criada por todas essas circunstâncias que enfrentamos ao participar da Grande Comissão. Do ponto de vista financeiro, há pelo menos cinco desafios que, como uma igreja, continuaremos enfrentando, a saber:

  • Equilibrar crescimento e estabilidade;
  • Assegurar suficiente capital de giro e liquidez;
  • Avançar para níveis mais altos de autonomia;
  • Administrar as incertezas causadas por conflitos geopolíticos, instabilidade nas moedas e modificações na legislação;
  • Entender as mudanças de paradigma trazidas por situações de crise, novas tecnologias e diferenças de mentalidade entre as gerações.

Apesar dos desafios atuais e potenciais em face do futuro, temos a garantia de que Deus está conosco. Os tempos de turbulência econômica não devem perturbar nossas mentes, porque nós estabelecemos uma sociedade com Deus, cujos propósitos “não conhecem nem a pressa, nem o atraso” (Ellen G. White, The Desire of Ages [Pacific Press, 1898, 1940], p. 32). Nesse nosso sagrado esforço, o fracasso não existe! Veja o que diz Ellen White: “Os obreiros de Cristo nunca devem pensar, e muito menos falar, em fracassar em seu trabalho. O Senhor Jesus é nossa eficiência em todas as coisas; Seu espírito deve ser nossa inspiração; e, ao nos colocarmos em Suas mãos para sermos canais da luz, nossos meios de fazer o bem nunca se esgotarão. Podemos recorrer à Sua plenitude e receber Dele graça ilimitada” (Ellen G. White, Gospel Workers, p. 19).

NÃO POR NOSSA FORÇA

A missão diante de nós é clara: Devemos pregar o evangelho do reino a todo o mundo em testemunho de todas as nações e então virá o fim (Mt 24:14). Tudo o que somos e fazemos deve estar alinhado com esse alto e santo chamado. Em nossa sociedade com Deus, temos a nossa missão, e o dinheiro Dele. Portanto, nosso dever é ser mordomos fiéis tanto da missão quanto do dinheiro a nós confiados. Com Deus não temos nada a temer — nem mesmo o próprio fracasso. Jesus está voltando! Vamos nos envolver e terminar essa obra — não por nossa força nem por nosso poder, “mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4:6).

Publicado originalmente em inglês no Boletim Geral da Assembleia da Associação Geral, divulgado pela Adventist Review

Tradução: Júlio Leal

Deixe uma resposta