Como a igreja escolhe seus líderes

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Entenda as eleições para cargos que são definidos nas assembleias mundiais da denominação   

Márcio Basso Gomes

Ponto de encontro da família global adventista, as assembleias gerais da igreja definem os rumos da denominação. E isso passa pela escolha de seus líderes. Mas como ocorrem as nomeações numa assembleia? Entenda o processo.

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Votação eletrônica

Número de delegados (infográfico)

Primeiro, as chamadas Divisões (sedes continentais) escolhem seus delegados (representantes). Neste ano, o total de pessoas com poder de voto é de 2.713 – 177 a mais do que na última edição, em San Antonio, no Texas (EUA), em 2015 – sendo 272 da Divisão Sul-Americana. Vale lembrar que a quantidade deles é determinada pelo número de entidades e membros que possui cada União (sedes administrativas estaduais ou, em alguns casos, nacionais). Dentre os delegados da assembleia mundial são escolhidos os membros da Comissão de Nomeações global. Há um cuidado especial para que, nessa comissão, haja representatividade equilibrada dos delegados do mundo todo. Assim, cada delegação de Divisão se reúne e escolhe nomes referentes a 10% dos seus delegados para compor essa comissão.

Um diferencial desta assembleia é a participação de delegados de forma virtual. Serão cerca de 500 participantes, graças à primeira estrutura híbrida e a uma sessão especial da Associação Geral que, em janeiro de 2022, aprovou uma emenda constitucional que garantiu a participação on-line de oficiais, devido às restrições da pandemia.

Para entender a escolha dos delegados é preciso compreender a estrutura da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Cada igreja pertence a um distrito, que pertence a uma Missão ou Associação, que, por sua vez, faz parte de uma União, que presta contas a uma das 13 Divisões mundiais, as quais compõem a Associação Geral.

É importante dizer que há dois tipos de delegados: os regulares, escolhidos pelas Missões, Associações e Uniões, e os gerais, provenientes da Associação Geral, suas Divisões e instituições. E, independentemente do status e da forma de participação (presencial ou on-line), todos os delegados têm direito a voto, conforme é informado no folheto Delegate Information Brochure 2022 (p. 12).

A Constituição e os Estatutos descrevem diretrizes específicas sobre quantos delegados podem participar da assembleia em cada nível da estrutura global da igreja. Neste ano, mais de 1,6 mil serão delegados regulares, enquanto cerca de mil serão delegados gerais. Desses, alguns foram selecionados com base em números definidos, enquanto outros foram escolhidos como proporção dos fiéis em escala global. Sem contar os 345 que fazem parte do Comitê Executivo da Associação Geral e são delegados automaticamente. O processo de seleção de delegados começa até dois anos antes de cada sessão. Como a 61ª assembleia estava prevista inicialmente para 2020, os líderes haviam sido indicados até 31 de dezembro de 2018.

Para garantir que as escolhas sejam transparentes, a Constituição da igreja deve ser obedecida. Ela determina que “as administrações das Divisões devem consultar as Uniões para garantir que toda a delegação da Divisão seja composta de adventistas do sétimo dia em situação regular, pelo menos 50 por cento dos quais sejam leigos, pastores, professores e funcionários não administrativos, de ambos os sexos, e representando uma gama de faixas etárias e nacionalidades. A maioria dos 50 por cento acima devem ser leigos”.

É a equipe da Secretaria Executiva que verifica a precisão dessas informações. Ao receber as indicações de nomes, ela se certifica se cada uma atende aos requisitos.

Escolhidos os delegados, é formado um Comitê de Nomeação no primeiro dia da assembleia da Associação Geral. Então, os delegados se separam em suas próprias Divisões (chamadas caucuses), onde cada um escolhe uma proporção de sua delegação para se juntar ao Comitê de Nomeação. Nos Estados Unidos, caucus é nome do sistema que elege delegados para votações.

E enquanto cada divisão seleciona 10% de seus delegados regulares, a Associação Geral escolhe 8% de seus delegados em geral (empregados pela sede mundial ou suas instituições) para formar o Comitê de Nomeações. Neste ano, com base nos cálculos descritos na constituição e estatutos da igreja, haverá 268 pessoas no Comitê de Nomeação. Para fazer parte desse comitê é necessário ser delegado credenciado e não servir em uma função elegível. Ou seja, presidentes, secretários, tesoureiros, auditores e líderes de departamento da sede mundial e das Divisões não podem participar do Comitê de Nomeações.

Devido à importância e magnitude de sua tarefa, o Comitê de Nomeações opera independentemente dos demais delegados. Seus membros trabalham até tarde, têm comida própria, quarto próprio. Devido à natureza híbrida desta edição, haverá monitores na sala do Comitê de Nomeações que transmitirão o que acontece no plenário.

Após todo esse processo, a Comissão de Nomeações indica os nomes, sendo o primeiro o de presidente da igreja. Eleito, o líder dos 21 milhões de adventistas espalhados por mais de duzentos países faz recomendações sobre outros líderes ao Comitê de Nomeação para o restante do processo. Depois de definido o presidente, são escolhidos então o secretário-executivo e o tesoureiro da sede mundial e, em seguida, os demais cargos (departamentais).

Quando o comitê indicar um nome, um oficial notificará o candidato. Se um líder em exercício não for reeleito, eles o notificarão primeiro, antes de notificar a pessoa que o substituirá. Uma vez notificado o candidato, os dirigentes irão ao salão principal e interromperão o que está sendo discutido para anunciar a indicação. Isso também é chamado de “relatório”. É raro os delegados rejeitarem um relatório, mas se um delegado tiver dúvidas, ele será convidado a compartilhá-las com o Comitê de Nomeações como convidado.

Com relação à condução de Deus em todo o processo, antes da reunião do Comitê de Nomeações, os membros oram, pedindo a Deus que lidere as decisões. Além disso, nos últimos quatro meses, os organizadores da 61ª assembleia se reuniram com o Comitê Executivo da Associação Geral e oraram juntos, pedindo especificamente o batismo do Espírito Santo. Houve ainda 40 Dias de Oração prévios à sessão, iniciados no dia 3 de maio e com término em 11 de junho, último dia da reunião. [Com informações de Hensley Moorooven, vice-secretário da Associação Geral]

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