Conheça alguns fatos pitorescos sobre a relação dos pioneiros adventistas e do Brasil com as assembleias mundiais da igreja
Elder Hosokawa
A formalização da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) foi resultado de uma reunião liderada por James White, John N. Loughborough e John Byington em Battle Creek, no dia 20 de maio de 1863. A pequena conferência teve início às 18h, com a participação dos pioneiros adventistas dos Estados Unidos. A presença estrangeira nas reuniões gerais adventistas só ocorreu em 1874, quando Albert F. Vuilleumier (1835-1923) atuou como delegado da Missão Suíça.
A periodicidade anual se manteve até 1881 (com exceção da década de 1870, que teve reuniões bianuais) e todas foram realizadas no estado do Michigan – a maioria delas em Battle Creek. Ali se originou, há 150 anos, em 3 de junho de 1872, a pioneira escola primária adventista na região de maior concentração adventista nos Estados Unidos (Floyd Greenleaf, Historia de la Educación Adventista [Casa Editora Sudamericana, 2010], p.19).
Na virada do século 19 para o século 20, Battle Creek perdeu a condição de cidade-sede privilegiada das reuniões da IASD, fato que foi influenciado, entre outros fatores, pela própria crise provocada por John H. Kellogg.
Outro fato importante é que, além de passarem a ser bienais (realizadas a cada dois anos), as assembleias começaram a registrar um número maior de delegados em razão da expansão internacional da igreja. Por exemplo, em 1889, as reuniões já somavam mais de 100 delegados; em 1922, mais 500; e, em 1954, mais de 1000 (veja mais neste infográfico).
PRIMEIROS DELEGADOS DA AMÉRICA SUL E DO BRASIL
O primeiro delegado da América do Sul foi Greenberry G. Rupert (1847–1922), que havia sido enviado à Guiana Inglesa em 1887. Ele atuou na capital, Georgetown, com o primeiro colportor adventista, George A. King (1847–1906) e participou da sessão de 1888. King foi o primeiro missionário adventista atuante no continente sul-americano. Rupert e King prepararam o caminho para que Ovid Davis estabelecesse a presença adventista entre os índios Taurepang, em 1906, quando teve início o primeiro núcleo adventista na região norte do Brasil. Hoje, esse núcleo é composto pelas igrejas do norte de Roraima, na divisa com a Venezuela e Guiana (Ubirajara de Farias Prestes Filho, “O indígena e a mensagem do segundo advento: missionários adventistas e povos indígenas na primeira metade do século XX”, tese de doutorado em História Social [Universidade de São Paulo, 2007]).
A última assembleia mundial em Battle Creek, no estado do Michigan, em 1901, testemunhou a estreia do primeiro delegado do Brasil, pastor William H. Thurston, casado com Florence, filha do pastor Frank H. Westphal. Em 1895, Westphal realizou o primeiro batismo no Brasil. Ele foi um dos delegados presentes na assembleia de Minneapolis, em 1888. O casal Thurston desembarcou em 1894 no Brasil e atuou sete anos no Rio de Janeiro. Ao apresentar seu relatório como delegado do Brasil, ele informou a existência de 265 sociedades missionárias operando no mundo e apenas 16 delas com atividade no Brasil. Relatou também a existência de 10 igrejas e 15 grupos, num total de 700 membros se reunindo aos sábados em 25 congregações. Thurston reportou ainda a existência de quatro escolas primárias paroquiais, um colégio secular em Curitiba e a Escola Missionaria de Gaspar Alto, que, na época, tinha capacidade para 40 alunos e contava com 14 matriculados. A força-tarefa missionária do Brasil era composta por quatro pastores, um obreiro licenciado, um agente de negócios, seis colportores e seis professores.
A última assembleia mundial em Battle Creek, no estado do Michigan, em 1901, testemunhou a estreia do primeiro delegado do Brasil.
Ellen G. White, que estivera ausente por nove anos, residindo na Austrália (1891-1900), pregou diversas vezes e teve contato com os 268 delegados. E tudo indica que a pioneira teve oportunidade de ouvir o relatório sobre o Brasil e ler na íntegra a impressionante história de providência divina publicada em 1894 no General Conference Bulletin diário que circulava para os delegados. Ao desembarcar no Rio de Janeiro, o casal Thurston não teve quem os recepcionasse. Sem falar uma palavra em português, apenas gesticulando, depois de horas de busca de informações, foram conduzidos à Casa dos Marinheiros. Lá, um missionário responsável pelos cultos locais indicou onde poderiam residir na cidade.
Os poucos recursos para iniciar o trabalho de missionários de autossustento rapidamente se esgotaram com o custo de vida elevado da então capital federal. Havia cerca de 200 pessoas que falavam inglês no Rio e isso foi pouco para sustentá-los com a venda de livros em inglês. Convidado por um missionário a pregar, o pastor Thurston discorreu sobre o amor de Deus e o cuidado por Seus filhos. Porém, ele não mencionou que estavam aflitos e sem recursos. No entanto, um estrangeiro se sentiu movido a lhe emprestar uma quantia em dinheiro e, sempre que o encontrava nas ruas, repassava cinco ou dez dólares, até somar cerca de 150 dólares. A Associação Geral (também chamada de Conferência Geral) mandou dinheiro para socorrê-los e livros em alemão que podiam ser vendidos nas colônias. Assim, o casal pôde devolver toda a quantia ao desconhecido. Esse relato providencial apareceu no General Conference Bulletin, o periódico informativo das reuniões da Associação Geral. Os responsáveis por transcrever as falas para o periódico que cobria a sessão registraram muitos “améns” sonoros (“Seventh Meeting, Sunday, April 7, 3 P.M”, General Conference Bulletin, April 8, p.120,121).
Outro fato importante é que a primeira igreja organizada no Brasil, em 1896, sob a liderança de Wilhelm Belz, teve delegados de sua comunidade nas reuniões adventistas que criaram a União Missão Brasileira em 1900 e que escolheu o pastor Huldreich F. Graf com seu presidente.
REPERCUSSÃO NO BRASIL
A assembleia mundial iniciada em 15 de maio de 1913 em Washington, D.C. (EUA), reuniu 372 delegados. Entre eles estavam três pastores do Brasil: Frederick W. Spies, John Lipke e Waldemar Ehlers. O apelo por missionários para a Obra no Brasil foi tão impactante que motivou o envio de 15 jovens que embarcaram em Nova York em 6 de setembro daquele ano. A viagem marítima levou 19 dias, período em que foi organizada uma Escola Sabatina que se reuniu por dois sábados, a única Escola Sabatina flutuante no Oceano Atlântico de que se tem notícia. O grupo desembarcou em Santos, no litoral paulista, no dia 25 de setembro e iniciou o aprendizado de português no vilarejo de Santo Amaro, onde uma residência foi alugada para abrigá-los (Henry Haefft, “Missionaries on their way to Brazil”, The Advent Review and Sabbath Herald, feb. 26, 1914, p.11).
Uma reunião bienal da Missão Brasileira ocorreu na passagem do ano de 1913 para 1914. Logo depois, uma série evangelística foi realizada pelos delegados, resultando na conversão de dezenas de nacionais. Entre eles, Pantaleão Teisen, filho de imigrantes alemães que, mais tarde, venderia uma propriedade no Capão Redondo por 20 contos de réis para a IASD iniciar o Seminário Adventista. Ali, Paul e Marie Hennig, que fizeram parte do grupo dos 15 missionários voluntários, formaram o Coro Miriã, antecedente dos corais de internato e embrião do veterano Coral Carlos Gomes (Elder Hosokawa, “Da colina, rumo ao mar: Colégio Adventista Brasileiro em Santo Amaro (1915-1947)”, dissertação [Mestrado em História Social] – FFLCH, Universidade de São Paulo, 2001).
Sessão de 1936 repercute em jornal carioca
A quarta reunião mundial dos adventistas ocorrida em São Francisco, na Califórnia (EUA), elegeu, em 1936, o pastor James L. McElhany, presidente da Associação Geral, função que ele ocupou até 1950. Foi a primeira vez que uma sessão mundial teve repercussão num jornal brasileiro. O periódico A Noite, que circulou no Rio de Janeiro de 1911 a 1964, tinha tiragem diária de aproximadamente 150 mil exemplares. E a edição de 26 de agosto de 1936, uma quarta-feira, trazia um artigo do pastor Domingos Peixoto da Silva. Ele havia atuado como obreiro na Missão Rio-Minas Gerais, parte do território da União Este Brasileira, e pastoreado várias igrejas fluminenses. O pastor Peixoto desenvolveu boas relações com alguns políticos e funcionários do governo Vargas. Conterrâneo de Getúlio, fez contatos que abriram as portas da Igreja Adventista para três encontros com o presidente em 1932, 1937 e 1950. O pastor Domingos tinha sido um dos delegados brasileiros na assembleia mundial da igreja em São Francisco. E, tendo trânsito na imprensa carioca, teve seu artigo publicado no jornal A Noite, ocupando quase dois terços da página, com duas fotografias, uma dele e outra de Kata Ragoso, nativo das ilhas Salomão que, por seu eloquente testemunho, ganhou repercussão.
Em 1936, uma assembleia mundial da Igreja Adventista repercutiu pela primeira vez num jornal secular brasileiro.
O texto dizia: “[...] Estiveram presentes mais de 15.000 pessoas, representando 353 países e 573 línguas e dialetos importantes... Entre os muitos representantes dos diversos países e ilhas com suas indumentárias características, houve um que atraiu sobremaneira a atenção pública de São Francisco, chefe dos ex-canibais das Ilhas Salomão. A curiosidade pública foi despertada devido à sua vasta cabeleira, sua saia em vez de calça, pés descalços e o inseparável ‘tacape’ que servira para tirar a vida de 40 pessoas. Na entrevista que mantive com o chefe Kata Ragoso, ele contou o seguinte: ‘Antes dos missionários adventistas chegarem à minha ilha, Marovo Lagoon, não sabíamos o que era amor, paz e limpeza. O lutar e o matar os nossos semelhantes era a coisa mais comum para o meu povo’ [...].”
O relato longo e impressivo descreve os tempos de barbárie e conversão em detalhes. A soma de 80 mil dólares da tradicional oferta missionária recolhida foi informada. A matéria antecipou, em seis anos, a informação da construção de um hospital adventista no Rio de Janeiro e em de São Paulo, ambos iniciados em 1942, com recursos da recolta e ofertas missionárias mundiais. Também foi citada a obra avançada entre os índios carajás, em Goiás (Domingos Peixoto, “De Volta do Congresso Adventista”, A Noite, 26 agosto de 1936, p. 2).
A conversão de Kata Ragoso foi resultado dos esforços missionários do pastor Griffths F. Jones (1864-1940) e de sua esposa, Marion. A história, ainda não disponível em livro em português, foi contada por Eileen E. Lantry (LANTRY, Eileen E. Lantry. King of the cannibals: the story of Kata Ragoso [Pacific Press, 1988]). Sabe-se que, entre 2 e 8 de agosto de 1942, dois colegas de Kata Ragoso, Biuku Gasa e Eroni Kumana, estudantes adventistas da Missão Adventista das Ilhas Salomão, conduziram uma operação corajosa de salvamento dos tripulantes norte-americanos de uma lancha torpedeada por soldados japoneses no auge da Segunda Guerra Mundial no Oceano Pacífico. Esses ilhéus salvaram a vida de John, um oficial desconhecido que se tornaria presidente dos EUA: John F. Kennedy (Iain Martin, In Harm's Way: JFK, World War II, and the Heroic Rescue of PT 109 [Scholastic Press, 2018]). No dia 30 de janeiro de 1950, o mesmo jornal, A Noite, noticiou a presença no Brasil do veterano presidente mundial da IASD, pastor James. L. McElhany, que foi entrevistado no Hospital Adventista Silvestre.
Governo JK anuncia em Cleveland, 1958, medalha ao casal Halliwell
Por sua vez, a assembleia de 1958, realizada em Cleveland, no estado norte-americano de Ohio, teve um sabor de saudosismo e boas lembranças para os delegados que representaram o Brasil. Fizeram parte desse grupo Luiz Waldvogel, editor da Revista Adventista e aluno da turma de 1922 do Seminário Adventista. O pastor Reuben R. Figuhr, que havia sido presidente da Divisão Sul-Americana (1951-1950), foi reeleito presidente mundial da IASD e o pastor Walter E. Murray foi nomeado vice-presidente da Associação Geral. O casal Walter e Golda Murray trabalhou no Seminário Adventista e lecionaram para a turma de 1922. Seu filho, Milton Murray, que se tornou o maior arrecadador de recursos e donativos para a IASD, nasceu em 6 de abril de 1922 no Capão Redondo, São Paulo. Sua mãe fundou a primeira escola infantil adventista no Estado de São Paulo que serviu como Escola Modelar do Departamento Normal do Seminário Adventista, hoje a escola básica do Unasp, campus São Paulo.
Nessa mesma reunião mundial, um telegrama redigido pelo embaixador brasileiro, doutor Amaral Peixoto, em nome de Juscelino Kubitschek, foi lido diante de 16 mil congressistas, conferindo ao veterano casal missionário Jessie e Leo B. Halliwell a medalha brasileira da Ordem do Cruzeiro do Sul. Criada em 1822, essa condecoração foi outorgada a personalidades estrangeiras que se destacaram pelos serviços prestados ao Brasil. Os Halliwell trabalharam 27 anos na região amazônica e atenderam cerca de 250 mil ribeirinhos, sendo uma das mais importantes referências adventistas em obras sobre missões cristãs no século 20.
O QUE VI NA ASSEMBLEIA
A partir de 1905, São Francisco, Califórnia e Washington D.C. foram as cidades que mais sediaram as assembleias mundiais da igreja. Vale destacar que, ao longo de quase 160 anos de organização adventista, apenas três sessões ocorreram fora dos Estados Unidos: a de Viena, na Áustria (1975), a de Utrecht, na Holanda (1995), e a de Toronto, no Canadá (2000). Quem escreve essas linhas esteve entre os milhares de adventistas fora do Jaarbeurs, o centro de convenções holandês de Utrecht com capacidade para 25 mil pessoas que superlotou no último dia das reuniões (o sábado do desfile das bandeiras). Quase fiquei de fora por causa do esgotamento da capacidade do auditório, mas consegui fazer parte do grupo que presenciou o maior contingente adventista da Europa. Milhares de romenos ocuparam o local do desfile das delegações adventistas dos cinco continentes.
A reunião de 1995 privilegiou o Velho Continente, onde a liberdade religiosa recém-conquistada no Leste Europeu criou oportunidades para os membros adventistas isolados por décadas durante a Guerra Fria sentirem a emoção do pertencimento a uma igreja mundial. Lembro-me da emoção coletiva de ouvir Wayne H. Hooper reger para uma multidão de adventistas cantando em dezenas de idiomas o hino “Oh! Que Esperança!”, originalmente intitulado We Have This Hope, que foi criado como tema da assembleia da Associação Geral de 1962, em São Francisco, na Califórnia (EUA). A música foi usada novamente como tema para as sessões da Conferência Geral de 1966, 1975, 1995 e 2000 e foi traduzida para vários idiomas.
A ÚLTIMA ASSEMBLEIA DE ELLEN WHITE
Em 1909, aos 82 anos, Ellen G. White compareceu pela última vez a uma Assembleia da Associação Geral. Foi em Washington, D.C., nos dias 13 de maio a 6 de junho. Ela fez 11 apresentações ao longo dos quase 25 dias de duração do evento. Pregou pela última vez num domingo à tarde e tratou do tema “Participantes da natureza divina”. O Boletim da Associação Geral informou o seguinte sobre o conteúdo da mensagem da profetisa: “[A] Irmã White leu 2 Pedro capítulo 1 e 1Pedro capítulos 1 e 4. Esses textos claramente estabelecem os privilégios do cristão. Uma relação estreita com Deus, avanço contínuo no caminho da verdade e da santidade, crescimento constante na graça, um desejo cada vez maior e esforço para salvar almas, essas são algumas das características de um crente vitorioso”. O articulista do boletim acrescentou o seguinte sobre Ellen G. White: “Com lábios trêmulos e voz embargada com profunda emoção, assegurou aos ministros e demais obreiros que Deus os amava e que Jesus Se deleita em fazer intercessão em seu nome. Muitos ficaram profundamente comovidos. Chamou a atenção para o fato de que, em uma reunião como esta, anjos poderosos estavam pairando sobre eles, e que esses anjos acompanhariam até os confins da Terra os obreiros fiéis que vieram a milhares e milhares de quilômetros para Washington para se unirem com seus irmãos no aconselhamento em prol da causa de Deus. Exortou para que todos os obreiros avançassem com a força do Poderoso de Israel. Ela declarou que, embora não tivesse o privilégio de conhecer os delegados do exterior, seus irmãos, numa Conferência como aquela, oraria por eles, e se prepararia para encontrá-los todos no reino da glória”. A mensagem de despedida de Ellen animou todos com um poderoso apelo pela reconsagração e comprometimento com a obra missionária (Arthur White, Ellen White: Mulher de Visão [Casa Publicadora Brasileira, 2015], p. 502, 503).
William A. Spicer, que testemunhou a cena, descreve que a oradora deixou o púlpito e sentou-se. Porém, ela mudou de ideia e voltou ao púlpito na sequência. Ellen, em seguida, pegou sua Bíblia e, segurando-a com as mãos estendidas, admoestou: “Irmãos e irmãs, recomendo-lhes este Livro”. Assim, no seu último apelo numa assembleia mundial adventista, Ellen exaltou a Palavra de Deus (Terrie Dopp Aamodt, ed., Ellen G. White: American Prophet [Oxford University Press, 2014], p. 149).
AS ASSEMBLEIAS MUNDIAIS E AS PANDEMIAS
Cem anos atrás, a pandemia da gripe espanhola por pouco não atingiu a sessão da Conferência Geral iniciada em 29 de março de 1918. Os primeiros casos de influenza, como também ficou conhecida, haviam surgido exatamente naquele mês em Fort Riley, Kansas, nos Estados Unidos, e depois se alastrado entre as tropas norte-americanas que participavam das últimas batalhas da Primeira Guerra Mundial. Sete meses depois, a pandemia se tornou destaque nos periódicos adventistas dos Estados Unidos e do mundo. Uma bienal da Missão Brasileira, em menor escala, ocorrida em maio de 1920, no Seminário Adventista, foi contagiada por delegados gripados e, por alguns dias, colocou as aulas em recesso. Após o fim das reuniões deliberativas, mais de 400 participantes foram acometidos pela doença. Mas, felizmente, não houve baixas entre os congressistas.
Mais de um século depois, a realização do evento mais importante da Igreja Adventista do Sétimo Dia no formato híbrido lembra o que aconteceu em Tokio, no Japão, durante os Jogos Olímpicos de 2021. Sem público em arquibancadas, as competições foram transmitidas para o mundo.
A decisão de adiamento da 61ª Assembleia da Associação Geral, agendada inicialmente para junho de 2020, já teve precedentes que estenderam os mandatos dos oficiais da Associação Geral e das Divisões. Na Primeira Guerra Mundial, na Depressão de 1929 e na Segunda Guerra Mundial, as reuniões foram adiadas (veja mais aqui). A igreja adotou a decisão responsável e cautelosa e adiou a reunião administrativa mais importante da denominação que aconteceria nos dias 25 de junho a 4 de julho de 2020 em Indianápolis, no estado de Indiana (EUA), por conta da pandemia do coronavírus. A Comissão Diretiva da sede mundial adventista, reunida no dia 19 de março de 2020, postergou a reunião mundial para os dias 20 a 25 de maio de 2021. Mas, devido ao prolongamento da crise sanitária, o evento quinquenal foi reagendado para os dias 6 a 11 de junho de 2022. No Concílio Anual de outubro de 2021, membros do Comitê Executivo da IASD encaminharam para votação a proposta de uma emenda constitucional que previa a participação virtual dos delegados nas assembleias mundiais e o voto a distância. O voto histórico foi tomado por unanimidade no dia 18 de janeiro de 2022.
Sem dúvida, cada assembleia mundial foi marcada por resoluções com grande impacto na expansão do adventismo. A interação dos delegados com a diversidade cultural e com relatos de grande impacto fortalece o senso de missão para a pregação do evangelho a toda tribo, língua e povo e oferece um vislumbre da união do povo de Deus na eternidade.
SAIBA +
CURIOSIDADES
A assembleia mundial de San Antonio, no Texas (EUA), somou representantes de mais de 190 países, o dobro de nações representadas nos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, na Rússia, em 2014. Atuaram 115 tradutores em três turnos para interpretar a programação em dez idiomas. Cerca de 40,5 milhões de dólares foi a estimativa da movimentação da economia local. O consumo diário de alimentos foi de 550 kg de arroz, 3 mil maçãs, 4 mil bananas, 8,6 mil cookies, entre outros alimentos vegetarianos. Na ocasião, foi lançada a primeira tradução da Bíblia para o russo moderno, após 23 anos de esforço editorial. Cerca de 80 profissionais da comunicação cobriram a reunião por meios impressos, sites, mídias sociais, rádio e TV (Diogo Cavalcanti, “Em busca de consenso”, Revista Adventista, ed. agosto de 2015, p. 20). Saiba mais aqui.
Fontes:
Luiz Waldvogel, Revista Adventista, ed. set. de 1958, p. 4.
Richard Schwarz e Floyd Greenleaf. Portadores de Luz: História da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Engenheiro Coelho, SP: UNASPRESS, 2016, p.485.
Thomas W. Steen. “O Seminário Adventista”. Revista Mensal. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira. Agosto de 1920, p. 13-14.
NOVAES, Allan. The End Has (Not Yet) Come: the 1918 Spanish Flu and the COVID-19 Pandemic in a Brazilian Seventh-day Adventist Bulletin. Studies in World Christianity, v. 27, n.1, p. 26-47, 2021.
Thomas W. Steen. “O Seminário Adventista”. Revista Mensal. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira. Agosto de 1920, p. 13-14.
ELDER HOSOKAWA é historiador e atua como professor do Unasp, campus Engenheiro Coelho (SP)